Gestão Esportiva na Prática: nosso futebol segue entre Big Bangs e deuses imutáveis
Três teorias, três perfis. E a pergunta que não cala: qual cosmos estamos ajudando a criar?

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A origem do Universo sempre intrigou a humanidade. As três teorias mais aceitas pela comunidade científica mundial, inclusive defendidas por pensadores como o físico e cosmólogo brasileiro Marcelo Gleiser, buscam dar sentido a essa pergunta. Para alguns, tudo começou com o Big Bang, uma grande explosão que deu início ao tempo e ao espaço. Outros defendem a visão de um Universo eterno, sustentado pela ideia de um Deus onipotente e onipresente. Já a terceira teoria, que ganhou forças no início do século passado reforçada por conceitos como a mecânica quântica e a teoria das cordas, enxerga o cosmos como rítmico e mutável. Quem sabe até multiversos.
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Gosto de usar essas teorias, nos clubes e cidades em que trabalho, como metáforas vivas dos perfis profissionais e realidades que encontro no futebol. Assim os defino:
O Big Bang dos egos
O profissional Big Bang é aquele que acredita que antes dele não havia nada. O clube, o departamento ou a função só passaram a existir com a sua chegada. Sua narrativa é de ruptura, de apagar o que foi feito e começar do zero.
Os deuses imutáveis
O profissional que pensa ser Deus, e alguns têm certeza disso, encara o futebol como algo imutável. Para ele, “está tudo pronto”, nada precisa ser reinventado, porque ele próprio já inventou aquilo que dará resultados. Repete fórmulas, rejeita novidades e confia mais na autoridade do que na transformação.
O moderno transformador
O profissional moderno enxerga o futebol como organismo vivo, em constante mutação. Não se coloca como centro do universo, mas como agente ativo, capaz de abrir caminhos e contribuir para a evolução coletiva.
O espelho do ecossistema
Mas não são apenas os profissionais dos clubes que precisam se enxergar nesse espelho. A imprensa, que pede renovação, ainda recorre a velhos clichês após vitórias e derrotas. As federações carregam modelos antigos que precisam enxergar as oportunidades de inovar e criar novas receitas. Muitos atletas ainda confundem talento com profissionalismo e esquecem a essência coletiva do jogo. As torcidas, que pedem clubes modernos, não sustentam a paciência do processo. Programas de sócio-torcedor seguem aquém do potencial, enquanto a violência nos estádios mina qualquer tentativa de evolução.
Pode parecer utopia, mas Flamengo e Palmeiras já provaram que é possível.
Qual futuro do futebol?
E no fim, a minha provocação:
Que tipo de profissional você é nesse mundo? Que tipo de profissional pretende ser? E, coletivamente, que tipo de futebol queremos construir no Brasil?

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