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Gestão Esportiva na Prática: a certidão de nascimento não vence jogos

No sprint da Copa, misturar veteranos e jovens pode ser o caminho para retomarmos a hegemonia do futebol mundial

Santos de Neymar retorna ao Brasileirão (Foto: Raul Baretta/ Santos FC)
imagem cameraNeymar completou cinco jogos de 100 minutos consecutivos (Foto: Raul Baretta/ Santos FC)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 06/08/2025
06:30

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Carlo Ancelotti assumiu as rédeas da Seleção canarinho e nos chama a encarar a realidade: a Copa do Mundo é uma maratona em formato de sprint, um torneio de pouco mais de um mês que exige decisões rápidas e certeiras, mas que chega sustentado em uma construção de anos. Nesse contexto, não faz sentido medir nossos craques somente pela quilometragem acumulada em seus clubes. Neymar, por exemplo, completou na última segunda-feira (4), com dois gols e ótima participação, cinco jogos de 100 minutos consecutivos. 

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Conhecedor do seu corpo, apesar de rompantes de nervosismo excessivo que precisam ser controlados, ele aprendeu a dosar os 100 minutos de jogo com naturalidade e continua sendo, de longe, o jogador mais decisivo do país. Temos o péssimo vício no Brasil de exigir performances de início de carreira em jogadores que precisam se reinventar justamente para prolongar essa carreira.

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A minha pergunta é clara e direta: por que abrir mão do nosso principal talento em nome de um preconceito com a data de nascimento?

Visitando o passado, encontrei ricos e interessantes contrastes. Em 2002, deixar Romário de fora foi uma decisão difícil que deu certo; havia Ronaldo e Rivaldo prontos para carregar o time. Em 2014, contudo, não convocamos Kaká, Ronaldinho e Robinho porque julgávamos que já não tinham fôlego. O saldo foi amargo. Não podemos cair no mesmo erro de simplificar a análise ao fator idade. O mundo do esporte está derrubando esse tabu: LeBron James domina a NBA próximo dos 40 anos, Lionel Messi levantou uma Copa aos 35 e Thiago Silva, aposentado da Seleção, segue comandando a defesa do Fluminense em alto nível. Mais do que preencher espaços, veteranos mostram aos jovens como pensar o jogo, como lidar com a pressão e como cultivar a competitividade diária.

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Casemiro e Neymar são referências

Nós temos uma geração talentosa batendo à porta: Vinícius Júnior, Rodrygo, Martinelli, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá estão prontos para dar um salto, mas não podem assumir um protagonismo que o próprio Neymar precisou assumir aos 22 anos. Eles precisam de referências como Casemiro e Neymar ao seu lado.  Gente que já viveu a experiência de decidir Copas. Um treinador experiente e independente como Ancelotti pode equilibrar essa mistura – manter quem ainda entrega e, ao mesmo tempo, abrir espaço para a renovação. O curto calendário do Mundial exige que cada jogador esteja no seu auge mental e físico naquele momento exato.

A provocação que deixo é simples: queremos reconquistar a hegemonia do futebol mundial? Faz duas décadas que não erguemos o troféu mais importante do principal esporte nacional. Não podemos desperdiçar mais um ciclo obedecendo a paradigmas antiquados. Que tal olharmos para a Seleção como um projeto comum, em que juventude e experiência se somam? Teremos coragem de apoiar Neymar e Casemiro mesmo com 34 anos se estiverem voando, ou vamos entregá-los de bandeja aos críticos? Ganhar a Copa passa por quebrar nossas próprias barreiras. É hora de pensar com ousadia e coração – porque o tempo da irreverência sem responsabilidade já ficou para trás.

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Neymar vibra após Santos marcar sobre o Juventude (Foto: Marcello Zambrana/AGIF)
Neymar vibra após gol contra o Juventude (Foto: Marcello Zambrana/AGIF)

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Felipe Ximenes escreve sua coluna no Lance! todas as quartas-feiras. Confira outras postagens do colunista:

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