Os pilares do sucesso do Bahia, adversário do Atlético-MG na Copa do Brasil Feminina
Projeto tricolor é um dos destaques da temporada

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As oitavas de final da Copa do Brasil Feminina começam nesta terça-feira (16), com Bahia e Atlético-MG entrando em campo às 18h30. Ambos os times estão em ascensão no cenário nacional, mas as Mulheres de Aço largam na frente no favoritismo no confronto. O projeto foi a sensação do Brasileirão Feminino pela campanha sólida até o mata-mata e por fazer história no nordeste.
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Com pilares consolidados e processos bem estabelecidos, o Tricolor caminha para se tornar um expoente do futebol feminino nacional, algo que já é realidade no contexto regional. O treinador Felipe Freitas contou os bastidores do desenvolvimento da modalidade e o desejo de maior troca entre clubes nordestinos.
Depois da transformação em SAF, o Bahia se organizou e rapidamente alcançou bons resultados. Do outro lado, mesmo com os fortes investimentos no time masculino, o feminino passou por dificuldades que ocasionaram a queda para a segunda divisão em 2024. Agora, em estágios distintos de crescimento, os projetos duelam pela vaga nas quartas de final.
Consolidação do Bahia no Brasil
Felipe Freitas chegou ao Bahia em agosto de 2024 com a missão de preparar a equipe para a disputa do Brasileirão Feminino A1 em 2025. Para isso, ele, sua comissão e o departamento traçaram um planejamento que começava pela proposta de “solidificar o futebol do Bahia no cenário internacional”.
A partir dai, montaram um elenco equilibrado para a estreia em abril. O início foi difícil e apresentou adversidades, mas o treinador revelou que usou esses momentos para fortalecer a equipe nas rodadas seguintes num processo que definiu como "retroalimentação". Ele relembrou especialmente o impacto do jogo contra o Flamengo, em que o Bahia saiu perdendo e buscou o empate.
— Quando a gente toma um 3 a 0 e eu volto no vestiário com elas e falo: ‘esse não é o nosso jogo, vamos perder jogando o nosso futebol. Nós podemos nos fechar aqui, 3x0, aceitar que a derrota e pensar no próximo jogo, ou vamos para cima, vamos jogar a nossa bola.’ — iniciou — E elas concordaram, faço quatro substituições e as coisas fluem. A gente busca um 3x3, e talvez com mais 10, 15 minutos, pudéssemos até virar.

Essa mentalidade se fez presente ao longo do ano, por isso ele entende que a boa campanha do Bahia não foi surpreendente, pelo contrário: foi algo previsto por ele no início da temporada, em conversa com a diretoria. No retorno à elite, as Mulheres de Aço terminaram em sétimo e conquistaram a vaga inédita para o mata-mata, caindo para o Corinthians, campeão, em dois jogos disputados.
No entanto, na primeira fase o cenário foi diferente e o Tricolor foi derrotado por 5 a 1 pelas Brabas. Apesar de dolorosa, a derrota deixou mais ensinamentos que cicatrizes. O treinador valorizou o desempenho do time nas quartas de final, exaltando a coragem de suas comandadas ao encarar os times mais fortes do Brasileirão.
— Eu só quis mostrar para essas mulheres que aqui representam o futebol feminino, quão grandes elas são, porque isso foi uma construção do dia a dia. Vamos dar o recado para o mercado, foi assim no Campeonato Baiano, foi assim na Ladies Cup e será também na Copa do Brasil. Vamos dar o recado de quem é o Bahia, e hoje o Bahia é uma realidade — declarou o treinador.
Bahia quer ser referência e puxar os times do nordeste
Primeiro time nordestino à chegar no mata-mata do Brasileirão Feminino, o Bahia se estabeleceu como referência na região. Isso vai de encontro com o que pensa o treinador Felipe Freitas, que vê no futebol uma ferramenta de revolução social. Olhando para o clube, ele enxerga o crescimento como um processo orgânico. Do histórico recente, cita Corinthians e Santos como casos de sucesso, além do Cruzeiro, outro projeto em ascensão.
— Toda evolução tem um processo. Algum martírio, alguém que inicie e sofra por conta disso, aí e tem a evolução de fora para dentro. Então, ele é completamente orgânico. Eu acho que o Bahia é um clube que está dentro disso. E vejo alguns clubes recentemente fazendo isso. Vivenciei a mudança do Cruzeiro de Associação para SAF, e isso foi muito sensacional. Então, vi como um futebol organizado e bem pensado vai culminar em resultados muito melhores. Não é à toa que hoje o Cruzeiro feminino é um dos clubes que também tem brigado pelo topo. E na época eu fui também o primeiro treinador a levá-lo às quartas de final. É um processo muito claro.
Foi seguindo esses exemplos que o Bahia organizou seus processos e desenvolveu sua estrutura para crescer no futebol feminino. Olhando para o futuro e para o presente, Felipe espera que o clube também sirva como guia para os demais times em desenvolvimento no nordeste, lamentando ainda a pouca troca entre treinadores.
— Vejo que há trocas e há conversas, mas confesso que gostaria que fosse muito maior aqui no nordeste e no norte. Eu e a Regiane, antiga treinadora de Sport, falávamos muito sobre isso, em nos reunir mais. Recentemente, até conversei em duas ou três oportunidades com o treinador do nosso rival, o Vitória, para entender um pouco a respeito de possibilidades de jogos-treino, entre outras coisas. Acho que poderia acontecer com maior frequência, é algo necessário e que podíamos alimentar.
Sobre isso, elogiou a iniciativa da CBF de convidar representantes dos times da Série A1 para um encontro na Granja Comary durante o período de treinamentos da Seleção Feminina em fevereiro de 2025. Ainda, convocou a entidade, federações e estados a estimularem essa troca.
Além do Bahia, há outros clubes nordestinos vivos na Copa do Brasil Feminina. Também na terça-feira (16), o Sport entra em campo contra o Realidade Jovem, às 15h, na Ilha do Retiro. Na quarta (17), é a vez o Atlético Piauiense, campeão da Série A3, encarar o Red Bull Bragantino, às 17h. Por fim, o Vitória enfrenta a Feroviária na quinta (18), às 16h, na Fonte Luminosa.
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