Como o Itabirito, SAF do interior de MG, aposta no futebol feminino para chegar à elite nacional
Clube alcançou o acesso à Série A2 nesta temporada

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O Itabirito mal chegou ao cenário do futebol mineiro, mas já decidiu onde quer estar: entre os projetos mais organizados do país no futebol feminino. Com apenas três anos de vida, o clube que nasceu como SAF colocou o feminino no planejamento antes mesmo de precisar fazê-lo.
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A cidade fica a cerca de 60 km da capital mineira e tem população de 55 mil habitantes, segundo o último Censo, e já entrou na rota da modalidade. Em 2025, conquistou o acesso à segunda divisão nacional e caiu para o Cruzeiro nas semifinais do Mineiro Feminino, conquistando, assim, o título de bicampeão do interior.
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O projeto
O olhar para o futebol feminino não veio por imposição, nem por pressão externa. Veio por convicção. Segundo o gerente de futebol feminino, Breno Mendes, o CEO da SAF, Maycon Pereira, acompanha tudo de perto, participa dos processos e trata a modalidade como parte estratégica do futuro do clube. Ele afirma que o investimento existe mesmo sem qualquer obrigatoriedade e que o objetivo sempre foi competir em alto nível desde o início.
— Queremos que as atletas enxerguem o Itabirito como um lugar de crescimento. Não basta montar um time, é preciso criar um ambiente profissional, com metodologia, acompanhamento físico e planejamento a longo prazo — explica Breno.
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A construção do departamento começou em 2024, ano em que o Itabirito também conquistou o acesso à elite do Campeonato Mineiro no masculino. O feminino seguiu a mesma mentalidade. A equipe arrancou no estadual, encarou adversários de Série A1 e, mesmo com elenco jovem e orçamento reduzido, mostrou competitividade.
Em pouco tempo, a entrega das atletas e da comissão permitiu enfrentar equipes mais estruturadas. O desempenho resultou em vaga inédita na Série A3 logo na primeira temporada de atividade e, neste ano, o acesso à Série A2.
— Queremos que as atletas enxerguem o Itabirito como um lugar de crescimento. Não basta montar um time, é preciso criar um ambiente profissional, com metodologia, acompanhamento físico e planejamento a longo prazo — diz ele.
Uma das marcas do projeto é a estrutura oferecida às jogadoras. Suplementação profissional, departamento de fisiologia e uso constante de GPS de monitoramento físico estão no cotidiano. Para uma equipe recém-criada e que disputa uma divisão inferior nacional, trata-se de um padrão acima da média.
O ambiente também é construído com cuidado. O clube trabalha com grupo enxuto, aposta em atletas jovens e prioriza quem tem margem de evolução. Breno cita Bruna Vitória, destaque no Mineiro, como exemplo do perfil desejado: uma jogadora com força física, potencial técnico e ambição por crescimento.

E a base? Os planos do Itabirito
A base ainda é um capítulo em construção. O Itabirito decidiu que não quer montar categorias apenas para cumprir tabela, inflar números ou gerar vitrine artificial, mas sim algo que virá com o tempo.
Para Breno, não faz sentido ter base "para foto" ou reproduzir modelos que só existem no papel. Ele afirma que, no Itabirito, a formação precisa ser útil, planejada e capaz de revelar atletas que realmente subam para o profissional.
— Nosso objetivo é formar uma base forte, desenvolver talentos e, no médio prazo, brigar por acesso nas competições nacionais. O sonho é grande, mas está sendo construído com responsabilidade e muito pé no chão — conta o dirigente.
Reforços para a Série A2
O clube também se movimenta no mercado com estratégia. Em julho, acertou com o experiente treinador Hoffmann Túlio, ex-Fluminense.
Atualmente, todas as atletas do elenco adulto possuem contrato profissional, além de plano de saúde e odontológico. Isso dá segurança às jogadoras e ao mesmo tempo resguarda o clube em eventual negociação.
A busca por reforços é constante, com análise de vídeos, acompanhamento de campeonatos menores e indicações de profissionais que trabalham com base e interior. Breno diz que o clube não vai competir financeiramente com clubes como Corinthians, Flamengo ou Palmeiras, mas acredita que pode encontrar talentos onde esses clubes não estão olhando. Essa é a filosofia que guia a diretoria.
Torcida e vínculo com a cidade
O Itabirito também começa a organizar sua identidade fora de campo. A equipe criou o perfil oficial do feminino nas redes sociais, algo que não existia até este ano, e lançou a Gata do Mato, mascote exclusiva de um time feminino. A personagem já participa de visitas a hospitais, escolas e ações sociais na cidade, fortalecendo a presença do clube no território enquanto a Arena Telê Santana, com cerca de 4 mil lugares, não é inaugurada.
O relacionamento com a cidade virou papel central do feminino, já que o masculino não atua mais em Itabirito por exigências de estrutura para competições. Quando o feminino joga, a cidade abraça. A equipe sente a repercussão nas ruas, nas buzinas e no reconhecimento em restaurantes e comércios. Breno destaca que esse vínculo criou um sentido de pertencimento que o clube não tinha.

Futuro
No planejamento para 2026, o passo é ousado: lutar pelo acesso à Série A1. O objetivo é elevar o nível da categoria no estado, que já conta com América, Atlético e Cruzeiro em competições nacionais. O clube também comemorou recentemente o acerto com um fornecedor de material esportivo exclusivo, sem custo, que pretende lançar uma linha especial para o feminino. Para Breno, esse acordo representa um avanço simbólico e prático, pois mostra como o departamento passou a ser visto com seriedade por empresas e parceiros.
Mesmo jovem, o Itabirito tenta construir um projeto sólido, sem saltos irresponsáveis. A busca é por evolução constante, ambiente qualificado, identidade própria e ambição controlada. Breno resume a postura do clube dizendo que nada é feito no improviso.
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