Os europeus estão se importando com o Mundial de Clubes?
Entenda o que se passa na Espanha e na Inglaterra

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O novo formato do Mundial de Clubes trouxe à tona discussões antigas sobre o peso da competição para clubes europeus. Se no Brasil o torneio é visto como uma das principais ambições de torcedores e clubes, a perspectiva do outro lado do Atlântico ainda parece dividida. Para entender melhor essa diferença de percepção, o Lance! ouviu os correspondentes da "Espn" Gustavo Hofman, que cobre o futebol espanhol, e João Castelo Branco, que atua no futebol inglês. Ambos acompanham de perto o ambiente nos dois países durante o Mundial de Clubes da Fifa.
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De um lado está a Espanha, representada por um Real Madrid que trata a competição com seriedade e pelo Atlético de Madrid, já eliminado e cobrado por torcedores e imprensa pela saída precoce. Do outro, a Inglaterra, com Manchester City e Chelsea envolvidos na disputa, mas sem grande entusiasmo dos torcedores. O contraste de reações e repercussões evidencia a forma como o torneio é encarado por diferentes culturas do futebol europeu.
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— O Real Madrid entra em qualquer torneio para ser campeão, e a cobrança é sempre essa. Sempre vai haver. Então o empate com o Al-Hilal gerou críticas na Espanha. A vitória contra o Pachuca, pela forma como aconteceu, gerou elogios — relatou Gustavo Hofman, destacando o quanto o Mundial está sendo levado a sério pelos blancos.
O correspondente explica que a cobertura da imprensa espanhola, especialmente em Madrid, tem sido intensa. Todos os principais jornalistas que fazem o dia a dia do clube estão presentes na Arábia Saudita, acompanhando de perto os passos da equipe comandada por Xabi Alonso. O foco está tanto no desempenho em campo quanto nas decisões do treinador.
— A imprensa e a torcida do Real Madrid estão dando atenção ao Mundial, sim. Porque o Real Madrid se interessa por qualquer torneio. Além do mais, é o primeiro torneio do Xabi Alonso. Então há uma atenção natural para entender o que será esse novo Real Madrid — acrescentou Hofman.
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Por outro lado, o ambiente na Inglaterra é bem diferente. Segundo João Castelo Branco, a torcida inglesa como um todo não demonstra interesse real pelo torneio, o que inclui também os torcedores do Liverpool, que sequer estão participando da edição atual.
— Os ingleses não se importam tanto. Não dão tanto valor para essa competição. Então não é que os torcedores estão com raiva do Liverpool. Mas o fato de o Liverpool não estar tira um pouco da credibilidade do torneio para eles — explicou Castelo Branco.
Essa ausência do principal time inglês da atualidade, campeão nacional, aliado à presença de um Chelsea que não vive grande fase na Premier League, levantou questionamentos. A forma de classificação dos europeus ao torneio também é alvo de críticas.
— Está o Chelsea, que está muito abaixo na Premier League há alguns anos. Ganhou a Champions, mas já faz tempo. Então a maneira como é escolhida a vaga só aumenta esse questionamento dos ingleses sobre a Fifa — apontou o jornalista.
Mesmo com pouca empolgação da torcida, a imprensa britânica tem dado mais atenção ao Mundial do que em edições anteriores. Segundo Castelo Branco, parte disso se deve ao período do ano em que o torneio ocorre, sem outros grandes campeonatos em andamento na Inglaterra. Além disso, há um forte investimento da Fifa e da Dazn em promover o torneio.
— Eu vejo esse Mundial de uma forma muito diferente aqui na Inglaterra em relação aos outros. Recebe muito mais atenção. Está sendo transmitido, com análises, cobertura ampla. Isso tudo é financiado em parte por patrocínio da Dazn e da Fifa — relatou.
Apesar disso, a derrota do Chelsea para o Flamengo, por exemplo, não gerou grande impacto entre os torcedores do clube londrino. De acordo com o jornalista, muitos nem estavam assistindo ao jogo. Há uma percepção de que o torneio serve mais como uma espécie de preparação para a temporada seguinte.
— Eles estavam vendo quase como uma competição de pré-temporada. Uma oportunidade para o Maresca trabalhar o time. Não como uma obrigação de vencer. Muitos nem assistiram. Eu mesmo fui criticado por mostrar essa reação fria — contou Castelo Branco.
Esse contraste com a Espanha é visível também na forma como a imprensa cobre os clubes. Para Hofman, em Barcelona, por exemplo, a repercussão do Mundial é quase nula, já que o clube catalão não está na competição. Mas em Madrid, o cenário é outro.
— A cobertura do Real Madrid é total. Todos os principais jornalistas que fazem o dia a dia do clube estão aqui. Tem muita atenção, preocupação, críticas. E o Real Madrid quer ganhar. Sempre quer ganhar — destacou Hofman.
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Outro ponto de contraste foi a eliminação do Atlético de Madrid, que terminou a primeira fase com seis pontos, mesma pontuação de campeões continentais. A declaração de Diego Simeone minimizando a queda gerou polêmica, sendo muito criticada pela imprensa espanhola. Ainda assim, Hofman observa que a torcida mantém respeito quase inabalável pelo treinador.
— O Simeone é quase intocável para a torcida do Atlético. As críticas vêm mais da imprensa. Hoje tudo gira ao redor dele no clube. É o maior nome da história do Atlético de Madrid — analisou o correspondente.
Enquanto isso, na Inglaterra, o Chelsea pode ser eliminado sem maiores consequências. Segundo Castelo Branco, não haverá "chiadeira" da torcida, o que reforça o distanciamento emocional dos ingleses em relação ao torneio.
O novo Mundial, com mais clubes e formato renovado, parece ter aumentado a visibilidade e gerado maior cobertura jornalística. Mas, ao menos por enquanto, o engajamento emocional dos torcedores europeus ainda está distante do fervor observado no Brasil. A competição segue buscando seu espaço no calendário e no coração dos europeus.
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