Calor extremo ameaça a Copa de 2026 e força Fifa a mudar protocolo no Mundial
Todos os jogos terão pausa para a hidratação no Mundial

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A Copa do Mundo de 2026 pode se tornar um marco na história dos eventos esportivos se medidas de adaptação climática não forem adotadas. É o que alerta o relatório publicado pelas organizações Football for the Future, Common Goal e Jupiter Intelligence, intitulado Pitches in Peril ("gramados em risco", em tradução literal), que aponta que 10 das 16 cidades-sede estão em risco muito alto de enfrentar condições de calor extremo, com ameaça direta à saúde de jogadores, torcedores e trabalhadores durante o Mundial.
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O relatório mostra que 14 dos 16 estádios ultrapassaram em 2025 os limites considerados seguros para competições, com registros de ondas de calor, chuvas intensas e riscos de enchentes. Segundo os autores, fenômenos como altas temperaturas, incêndios florestais e até furacões podem afetar o andamento da competição entre junho e julho de 2026.
Os dados evidenciam como o aumento das temperaturas, o risco de inundações e a escassez de água já afetam as condições de jogo ao redor do planeta. — O futebol está em risco, do topo ao amador — afirma o relatório.
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Durante o Mundial de Clubes de 2025, considerado um ensaio para a Copa, o impacto foi evidente. Somente o Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, contava com cobertura e climatização. Em 2026, além dele, outros quatro estádios terão estruturas que ajudam a reduzir a exposição ao calor: o BC Place, em Vancouver (Canadá), o AT&T Stadium, em Dallas, o NRG Stadium, em Houston, e o SoFi Stadium, em Los Angeles. Ainda assim, a maioria das partidas ocorrerá em locais abertos e vulneráveis às variações climáticas.
De acordo com o estudo, cidades como Atlanta, Dallas, Houston, Kansas City, Miami e Monterrey registraram temperaturas acima do limite seguro da Temperatura de Bulbo Úmido (WBGT) por mais de dois meses consecutivos em 2025. A WBGT é o índice internacional que combina calor, umidade, radiação solar e vento.
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A FIFPRO, sindicato global dos jogadores, alerta que uma WBGT acima de 28 °C já exige medidas preventivas, e, ultrapassando 32 °C, partidas e treinos devem ser adiados. Temperaturas acima desse nível podem provocar estresse térmico, exaustão, desmaios e até colapso do sistema nervoso, com riscos fatais.
Os dados revelam que 13 das 16 cidades-sede ultrapassam anualmente o limite de 32 °C WBGT, o parâmetro da Fifa para pausas obrigatórias por calor. Em dez delas, há ao menos um dia por verão com uma WBGT de 35 °C, índice que especialistas classificam como o limite de adaptação do corpo humano ao calor extremo. Entre os casos mais preocupantes, Dallas apresenta em média 31 dias nessas condições, enquanto Houston enfrenta 51.
As condições extremas obrigaram a Fifa a alterar protocolos. Em resposta às críticas e alertas, a Fifa confirmou que implementará um novo protocolo obrigatório na Copa de 2026: interrupções automáticas a cada 22 minutos de jogo para que os jogadores possam se reidratar, independentemente da temperatura ou se o estádio for coberto. A entidade afirma que a medida é destinada a "priorizar a saúde e segurança dos atletas" diante da crescente ameaça climática.
A Copa do Mundo de 2026 será a primeira da história a contar com 48 seleções. Para facilitar em questões logísticas, as seleções participantes serão distribuídas em três grandes regiões — Costa Oeste, Central e Costa Leste —, com cada equipe jogando toda a primeira fase em uma única área geográfica, para reduzir deslocamentos e emissões. A fase de grupos, com 72 partidas, ocorrerá entre 11 e 27 de junho, em todas as sedes. O mata-mata começa em 28 de junho e vai até 3 de julho, com jogos em 14 cidades. As oitavas de final serão disputadas entre 4 e 7 de julho em oito estádios diferentes, e a fase final — quartas, semifinais e decisão — será realizada exclusivamente nos Estados Unidos.
— Traduzir a ciência climática para a linguagem do esporte é essencial para proteger suas bases e garantir sua sobrevivência nas próximas décadas — conclui o documento.

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