Especialistas analisam polêmicas e defendem VAR ‘experiente’ após São Paulo x Palmeiras
Clássico terminou com a vitória do Verdão por 3 a 2

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Quatro dias após o término do clássico, o duelo entre São Paulo e Palmeiras continua alimentando discussões. Em meio à pressão do São Paulo, a CBF divulgou os áudios referentes às decisões mais controversas da partida.
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Após polêmica, CBF divulga áudios do VAR de São Paulo x Palmeiras
A jogada que gerou maior repercussão bna partida vencida por 3 a 2 pelo Verdão envolveu Allan, do Palmeiras, que derrubou Tapia dentro da área. O árbitro Ramon Abatti Abel manteve sua decisão de campo desde o primeiro momento, respaldado por Ilbert Estevam da Silva, encarregado do VAR. Ambos acabaram afastados para reciclagem, conforme recomendação da Comissão Nacional de Arbitragem, que reconheceu falha na análise.
— O contato pessoal é a essência do jogo de futebol. Cabe ao árbitro ter o discernimento se houve prejuízo para o jogador ou time adversário. Ele [Allan] escorregou, mas ao escorregar, causou um prejuízo para o São Paulo — analisou o ex-árbitro Renato Marsiglia.
Nesse lance, Allan escorregou e atingiu Tapia enquanto o placar registrava 2 a 0 para o São Paulo, no começo da etapa final.
— A regra fala em prudência. Imprudência é quando atinge o jogador adversário sem precaução. Tudo bem escorregar e atingir o jogador sem querer. Mas se atingiu de forma imprudente, é falta — explicou Renata Ruel, comentarista de arbitragem dos canais ESPN.
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Outro aspecto comentado foi a menor experiência do VAR, Ilbert Estevam da Silva, comparado ao árbitro principal Ramon Abatti Abel.
— O ideal é ter um árbitro de vídeo capaz de fazer a leitura do jogo. Tem de chamar o árbitro de campo e quando ele chegar, todos têm de ficar em silêncio. Aqui no Brasil a gente tem muita ‘resenha’, conversa. Tem de ter silêncio para o árbitro decidir. A responsabilidade é do árbitro de campo — afirmou Marsiglia.
Renata Ruel concorda e complementa.
— É preciso ter profissionais com experiência semelhante na carreira. Ramon Abatti Abel é um árbitro Fifa. Não pode ter no VAR um profissional que não está no mesmo patamar do que ele.
Mesmo depois da liberação dos áudios e da confirmação da comissão sobre o erro cometido, não há mais nenhuma medida que o São Paulo possa tomar.
— As decisões da equipe de arbitragem, dentro do gramado ou do VAR, são irrecorríveis. Elas são terminativas, não cabendo revisão pela Justiça Desportiva ou pela Justiça Comum. Mesmo que estejam equivocadas do ponto de vista de quem as contesta, a competição precisa da paz que a imutabilidade da marcação do árbitro traz, pois, se não fosse assim, todos os jogos poderiam ser contestados de maneira persistente e ininterrupta, em virtude de atitudes do próprio clube ou de seus torcedores — afirmou Higor Maffei Bellini, advogado especialista em direito esportivo.
O artigo 58-B, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva estabelece a regra para casos desse tipo: “As decisões disciplinares tomadas pela equipe de arbitragem durante a disputa de partidas, provas ou equivalentes são definitivas, não sendo passíveis de modificação pelos órgãos judicantes da Justiça Desportiva.
Parágrafo Único. Em caso de infrações graves que tenham escapado à atenção da equipe de arbitragem, ou em caso de notório equívoco na aplicação das decisões disciplinares, os órgãos judicantes poderão, excepcionalmente, apenar infrações ocorridas na disputa de partidas, provas ou equivalentes.”
— Outro ponto que deve ser considerado nessa situação é que não há, nas conversas divulgadas entre o VAR e o árbitro de campo, qualquer indício de desconhecimento das regras — o que poderia dar margem a uma remota discussão, mas não é o caso. Uma simples divergência de interpretação não justifica a anulação de partida ou a punição ao árbitro, que pode errar como qualquer ser humano, sem que isso possa ser interpretado como qualquer outra coisa além de um erro humano — erro que nem mesmo o VAR é capaz de impedir, já que também é operado por pessoas — completou Higor Maffei Bellini.

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