Seleção Brasileira volta a jogar em Cuiabá pela primeira vez após o penta; ex-atleta lembra jogo com ‘clima de decisão’

Há 21 anos, cidade que recebe Brasil e Venezuela teve 'vestibular' de Felipão antes da Copa do Mundo

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Estádio José Fragelli: palco da partida mais recente do Brasil em Cuiabá (Foto: Secopa-MT)

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O confronto da Seleção Brasileira com a Venezuela, nesta quinta-feira (12), às 21h30, na Arena Pantanal, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo 2026, trará um sabor de reencontro. Depois de 21 anos, a equipe canarinha voltará a mandar uma partida em Cuiabá. Anteriormente, a cidade foi crucial na caminhada rumo ao pentacampeonato mundial.

Em 7 de março de 2002, o Brasil ia a campo no Estádio José Fragelli apenas com jogadores em atividade no futebol nacional. O objetivo de Luiz Felipe Scolari era utilizar o confronto com a Islândia para definir os últimos nomes que estariam em sua lista para a Copa do Mundo. Presente na convocação, Washington, então atacante da Ponte Preta, relembrou ao Lance! a ansiedade que movimentava o grupo.

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Washington (rezando ao comemorar o gol) jogava na Ponte Preta ao ser convocado para o jogo (Foto: Reprodução / EPTV)

- A gente estava na briga, sabendo que eram as últimas oportunidades. Ficava uma apreensão muito grande - afirmou.

O "Coração Valente" ainda contou uma mudança de planos que Felipão teve em relação a quem iniciaria a partida.

- Eu fui titular no coletivo, mas o Felipão mudou, e o França acabou se tornando o titular. Eu tinha feito um gol num amistoso contra a Bolívia em Goiânia (vitória por 6 a 0). Tinha esperança, mas, assim como todo mundo, ficava muito apreensivo - disse.

Scolari levou a campo uma formação que tinha o goleiro Marcos, o trio de zaga Anderson Polga, Cris e Juan, além dos laterais Beletti e Paulo César. O meio contava com Gilberto Silva, Kleberson e o promissor Kaká, então campeão do Rio-São Paulo. O ataque trazia a dupla França e Edílson.

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Washington recordou que as oportunidades para o setor ofensivo tinham ficado um pouco mais escassas àquela altura da preparação para a Copa.

- Sabíamos que uma das vagas era do Luizão. Ele tinha feito os gols da classificação da Seleção contra a Venezuela (dois no 3 a 0 sobre a "Vinotinto"). Ele tinha aproveitado - e ressaltou:

- A impressão era que a gente valorizava mais a convocação. Era um sonho estar escolhido entre os melhores - completou.

Assim que a bola rolou, o Brasil rapidamente abriu o placar em oportunismo de Anderson Polga. Depois, conseguiu o segundo em finalização de Kleberson. A jogada foi um alento em meio a vaias da torcida.

Diante das queixas das arquibancadas, Felipão mudou a formação de 3-5-2 para 4-3-3. Houve também uma leva de trocas no intervalo. A mais drástica foi a entrada de Alex para a saída de Cris. Ainda entraram o lateral Kléber e os atacantes Marques e Washington, substituinto respectivamente Beletti, Kleberson e França.

Em seis minutos, Kaká e Gilberto Silva marcaram. Edílson fez o quinto gol brasileiro.

Washington também ficou bem próximo de estufar a rede.

- Recebi um cruzamento mas, na hora da conclusão, bateu na trave. Era uma grande chance, passou muito perto. Bateu uma frustração e tanto... - recordou-se o "Coração Valente".

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Logo depois, Vampeta entrou em campo no lugar de Gilberto Silva. A Seleção Brasileira ainda conseguiu chegar a mais um gol.

Anderson Polga, em noite inspirada, fez o sexto da equipe. Mesmo assim, os comandados de Scolari foram alvo de vaias e, posteriormente, de aplausos irônicos diante do gol que Steisson marcou para a Islândia.

Romário foi ídolo no Vasco. Ao todo, balançou a rede adversária 324 vezes pelo Cruz Maltino e nele marcou seu milésimo gol
Romário: ausência do camisa 11 rendeu vaias para a Seleção (Foto: Enrique Marcarian)

Havia muita "bronca" das arquibancadas com as decisões que Luiz Felipe Scolari vinha tomando em relação à Seleção.

- A questão maior era o fato de quererem o Romário convocado. Havia um clamor maior da torcida, da imprensa... A pressão vinha em cima da gente. Naquele momento, sabíamos que o Romário não iria, o Felipão nos disse isso. E tentávamos ter a nossa chance, mostrar nossa força com a camisa da Seleção - destacou Washington, acrescentando:

- Estávamos todos naquele sonho. O Brasil tinha grandes atacantes na época e era o desejo de cada um estar na Copa do Mundo. Por isso aquele jogo no José Fragelli foi tão marcante - explicou.

O ex-jogador recordou-se da qualidade que via também entre seus colegas.

- Do meu lado no banco de reservas, estava o Alex, um grande meia. A gente batia papo, ficava se perguntando: "poxa, será que vamos estar lá na Copa?" Ah, a gente fica feliz por tudo que viveu, por esse sonho e por estar com a Seleção em um momento emblemático - disse.

DE CUIABÁ PARA A COPA DO MUNDO

Kleberson (15) e Gilberto Silva (8) na final contra a Alemanha: passo decisivo em Cuiabá (Foto: CBF)

A goleada do Brasil sobre a Islândia em Cuiabá foi fundamental para dois jogadores ganharem vagas. Com boas atuações, Gilberto Silva, do Atlético-MG, e Kleberson, do Athletico-PR, carimbaram seus passaportes para a Copa do Mundo de 2002.

Devido ao corte de Emerson, Gilberto Silva se consolidou como titular e se firmou como o histórico camisa 8 da campanha do pentacampeonato mundial. Kleberson, por sua vez, começou o Mundial como reserva de Juninho Paulista. Porém, em bom momento, foi ganhando espaço até se tornar titular da vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra em diante.

EM NOVO MOMENTO, TANTO O ESTÁDIO E A SELEÇÃO

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José Fragelli deu lugar à Arena Pantanal (Foto: Divulgação/Cuiabá EC)

O Estádio José Fragelli foi demolido em 2010, para dar início a um novo momento. Foi erguida a Arena Pantanal, palco da Copa do Mundo de 2014, dos jogos do Cuiabá e, nesta quinta-feira (12), local no qual Brasil e Venezuela se enfrentarão.

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Washington fala sobre as recordações que cercam a cidade.

- De qualquer forma, fica na história, né?! São lembranças que a gente não vai esquecer nunca. Sabemos que é um novo momento do futebol e ter feito parte deste estádio também foi importante, ainda mais vivendo o sonho da Seleção - disse o ex-atacante.

O "Coração Valente" opinou sobre a atual Seleção.

- Agora é uma retomada. Fernando Diniz está colocando seu jeito de jogar em campo. Estou vendo uma grande chance, com a qualidade de jogo que ele tem, e os jogadores estão aceitando muito as ideias dele - afirmou.

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