Professor de português de Ancelotti revela bastidores da convivência com o italiano
Contato entre os dois aconteceu após Brasil x Paraguai, em São Paulo

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A preparação de Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira não se limita ao campo. Nos bastidores, o técnico italiano dedica parte de sua rotina ao aprendizado do português, buscando aprimorar a comunicação com jogadores, comissão técnica e imprensa. O responsável por essa adaptação linguística é Roberto Piantino, professor de idiomas com experiência no esporte e que passou a trabalhar diretamente com o treinador após o jogo entre Brasil e Paraguai, em Itaquera.
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— Um aluno sensacional, uma pessoa melhor ainda. Ele é um dos cinco maiores treinadores da história. E a humildade e o respeito pela seleção e pelo povo brasileiro em querer aprender o idioma é algo extraordinário — contou ao Lance! Roberto Piantino.
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Desde então, o convívio entre técnico e professor revelou um perfil fiel à imagem pública de Ancelotti: calmo, gentil e receptivo ao aprendizado. Segundo Piantino, o italiano demonstra grande disciplina, seja em videoconferências ou nas aulas presenciais. Durante as aulas, o futebol está sempre presente. As conversas frequentemente abordam aspectos táticos e análises de partidas.
— O que eu montei pra ele foi algo muito específico, voltado pra parte do futebol, pro linguajar do futebol. Linguagem do futebol, linguagem tática. Instruções como sair jogando de trás, bola longa, pressão, instruções de beira de campo, essas palavras-chave. Embora a maioria dos jogadores com quem ele tem contato falem outras línguas, espanhol, italiano, inglês. Eu não cheguei a perguntar em qual língua ele se comunica com os jogadores — afirmou.
Piantino detalhou como é a rotina de aprendizado do italiano desde que Ancelotti assumiu a Seleção. Mesmo assim, o progresso é evidente. O professor destaca a capacidade de concentração e disciplina do treinador, que mantém alto nível de comprometimento, mesmo com a agenda cheia de viagens e compromissos. A convivência diária com brasileiros também tem acelerado a evolução.
— Tivemos uma intensidade de aulas bem maior no período de julho e agosto, que foi a primeira convocação que ele fez em agosto, para os jogos de setembro contra Chile e Bolívia. Depois disso a vida dele ficou mais corrida, muitas viagens, muito tempo aqui no Brasil na CBF, assistindo jogos, viajando, acompanhado de jogadores. As aulas geralmente acontecem quando ele tá em casa no Canadá, que é quando ele está mais tranquilo e mais disposto. Nós chegamos inclusive a fazer aulas em fins de semana, sábado, sexta, às vezes vários dias consecutivos. Dependia sempre da agenda e da disponibilidade dele. Eu acabava fazendo adaptações dos meus horários.

Fluente em italiano, espanhol, francês, alemão e inglês, Ancelotti se surpreendeu com algumas particularidades do português. Entre os principais desafios técnicos, está a adaptação ao uso do pretérito simples, diferente do "passado próximo" comum em italiano.
— Uma palavra específica foi "caneleira". A maioria dos equipamentos ele entendia, mas quando chegou em "caneleira" ele perguntou o que era. Eu traduzi pro italiano. Achou bem diferente. A principal dificuldade é o uso dos verbos no passado. Em italiano se usa muito o passado próximo com auxiliar. Em português usamos mais o pretérito simples. Ele tende a usar a estrutura do italiano. Por exemplo, "jogou". Em italiano se usa "ha giocato". Ele tende a usar esse modelo.
Além de Ancelotti, Piantino também atua com outros nomes do esporte, como o lateral Arthur, do Bayer Leverkusen, e o técnico Mário Jorge, do sub-20 do Internacional.
Agora a expectativa é que as aulas sejam retomadas no começo de 2026, tão logo Ancelotti volte ao trabalho após o fim da atual temporada.
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