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'No topo': Diretor da CBF vê marca da Seleção prestigiada e detalha impacto da Era Ancelotti

Fábio Seixas é o Diretor de Comunicação da confederação na gestão de Samir Xaud; confira entrevista ao Lance!

Dia 31/10/2025
09:30
Fábio Seixas, Diretor de Comunicação da CBF
imagem cameraFábio Seixas assumiu o cargo de Diretor de Comunicação da CBF em maio de 2025. (Foto: @rafaelribeirorio / CBF)

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Pouco mais de cinco meses após assumir a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud tem apresentado mudanças em diversos setores que envolvem o trabalho da entidade e que impactam, diretamente ou indiretamente, a Seleção Brasileira. Entre os anúncio de alterações no calendário de clubes, criação de comissões de arbitragem e fair play financeiro, o gestor também fez trocas em cargos de liderança em pastas da confederação. Entre elas, a chegada de Fábio Seixas para a diretoria de comunicação da CBF.

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O jornalista, que está desde maio na função de liderar a equipe de comunicação, foi um dos participantes do Sports Summit Brasil, que acontece em São Paulo, e falou sobre o trabalho desenvolvido pela entidade nas parcerias comerciais que envolvem o setor de marketing da confederação. O executivo também concedeu entrevista ao Lance!, que você confere na íntegra abaixo.

Seixas destacou em sua participação no painel e no bate-papo com a reportagem sobre a mudança de postura da CBF no que diz respeito ao seu posicionamento diante do público e do que é produzido de conteúdo pela entidade a nível das competições que gere e da própria Seleção Brasileira. Dita como uma marca mais "aberta", como classificou o diretor de comunicação, a CBF tem passado a investir em conteúdos autênticos e com foco na internacionalização da marca, um dos temas citados na entrevista.

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Fábio Seixas também falou sobre a relação e os aprendizados do setor de comunicação com o treinador Carlo Ancelotti, os números de alcance e engajamento dos canais da CBF e Seleção e como o executivo enxerga o atual momento do futebol de clubes no país, que tenta resistir aos constantes atritos em temas como arbitragem e controle financeiro, e dos impactos diante de uma possível (ainda distante) criação de uma liga. Confira após a imagem a entrevista.

Fábio Seixas, Diretor de Comunicação da CBF
Fábio Seixas, Diretor de Comunicação da CBF, chegou após a eleição de Samir Xaud para presidente da entidade. (Foto: @rafaelribeirorio / CBF)

Lance!: Dentre as mudanças propostas e aplicadas pela nova gestão no setor de comunicação, você citou a necessidade de ser mais autêntico. Como esses projetos, como a ideia de mostrar cada vez mais os bastidores da CBF e da Seleção, tem impactado numericamente e qual a importância de ser mais autêntico?

Fábio Seixas: A autenticidade é uma das chaves, né? Acho que hoje o público cobra essa autenticidade. Temos vários exemplos no mercado digital de players e canais que se fizeram grandes não porque tinham um amplo direito [de transmissão] ou porque tinham um grande programa, mas porque eles eram autênticos. Acho que o público, hoje, quer ver isso, ver a vida real, mesmo que às vezes a vida real não seja a mais linda. E na CBF, desde que essa gestão assumiu e isso faz menos de seis meses, um dos primeiros comandos foi de tornar a CBF mais aberta, de mostrar o que é feito no dia a dia, de buscar ouvir o que as pessoas têm a dizer para melhorar. A gente saiu daquele institucional frio para mostrar um pouco de emoção do futebol.

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A gente tem feito muito conteúdo de bastidor, por exemplo, com as Seleções Brasileiras, todas elas. E esse é um tipo de conteúdo que vem respondendo bem, que o público vem seguindo. Dos cinco conteúdos mais vistos no YouTube da CBF nos últimos três meses, três foram conteúdos de bastidores. O público que gosta de se sentir um pouco mais próximo. Acho que existia essa demanda represada e que a gente agora está entregando para quem é fã do futebol.

Lance!: Você tem números que exemplificam esse crescimento no Instagram ao longo desses seis meses de gestão?

Fábio Seixas: Em julho mudamos o "@"da CBF, que era "@cbf_futebol", e passamos para "@brasil". O foco foi na internacionalização, foi atingir novos públicos, tornar mais fácil para o público do mundo inteiro encontrar a gente. A gente, nesses seis meses de lá para cá, tivemos um número de visualizações de 1,3 bilhão, que é um número bastante forte. A gente teve um crescimento de quase 2,5 milhões de seguidores desde então. Então, acho que foi a junção. Obviamente, isso não foi só a mudança do "@", mas foi também a mudança da visão do conteúdo que a gente está produzindo e vem dando resultado.

Lance!: Como você avalia a marca da CBF e da Seleção Brasileira no exterior e como você vê o mercado avaliando o país internacionalmente? Dá para ser competitivo com o futebol europeu no futebol de seleções? Mesmo com a disparidade do futebol de clubes...

Fábio Seixas: Não só dá como a gente compete. A Seleção Brasileira está lá no topo. A gente vê pelas buscas que temos, pelos acessos que a gente recebe do mundo todo, o número de acessos dos outros países. Dois dos que mais acessam a gente são a Índia e Bangladesh fora do Brasil. A gente também tem uma enorme penetração na Europa e nos Estados Unidos. Então, em termos de comunicação, de tamanho de marca, de nome e de potencial de falar com o público no mundo, a CBF, o "@brasil", está disputando no topo. Isso já é uma realidade.

Lance!: O trabalho da comunicação também envolve lidar com as maiores estrelas do Brasil no futebol mundial. Vocês não têm interferência naquilo que os jogadores publicam nas redes sociais, mas quais são os maiores desafios de gerir essa relação com grandes jogadores e ter o equilíbrio entre gerar engajamento mas, ao mesmo tempo, não expor demais?

Fábio Seixas: A gente não tem ingerência nenhuma sobre as redes pessoais dos jogadores. Os jogadores têm a liberdade ali de produzir. Sabemos que os jogadores hoje não postam nada sozinhos, todos eles têm suas equipes, têm suas assessorias, então a gente faz um monitoramento à distância do que eles colocam e é claro que no período de convocação, no período que os jogadores estão com a Seleção Brasileira, a gente tem as nossas regras que limitam postagem de bastidores, postagens que possam de alguma forma comprometer o trabalho com a Seleção Brasileira. Não só os jogadores, mas todo mundo que está envolvido durante o trabalho da Seleção tem como foco total a Seleção Brasileira. Ali as regras são rígidas. No momento em que eles estão nos seus clubes, com suas famílias, aí a liberdade é total. Mas eu acho que evoluiu muito a maturidade dos jogadores em relação às redes sociais, hoje em dia o nível é bastante alto.

Lance!: Além da mudança de perfil da comunicação e da forma como vocês estão se posicionando no mercado, houve também uma grande mudança no futebol, que foi a chegada de Ancelotti. Houve alguma participação do setor de comunicação no processo de acerto com ele e, agora que ele está aqui, o que vocês tem aprendido com ele e o que tem apresentado para o treinador?

Fábio Seixas: Bom, o que seduziu o Ancelotti para vir treinar a Seleção Brasileira foi a própria Seleção Brasileira. Não tenho a menor dúvida, foi o sonho dele. Ele já falou várias vezes, que é o sonho dele de trabalhar numa Copa do Mundo e trabalhar numa Copa do Mundo treinando a seleção mais vitoriosa. E quando você junta o técnico mais campeão da história com a seleção mais vitoriosa de todos os tempos, o resultado só pode ser um "boom" de interesse, de procura.

No nosso dia a dia ali, impactou muito o número de pedidos e entrevistas que a gente recebe do mundo todo. Nessa última semana a RAI, a TV italiana, esteve e sede da CBF entrevistando o Ancelotti. Outros veículos estrangeiros já entrevistaram o Ancelotti, porque essa junção é muito sedutora, é muito importante para o mundo do futebol. Para a gente da comunicação é muito prazeroso ter um cara do tamanho do Ancelotti trabalhando com a gente, porque ele já passou por tudo no futebol. E está passando por uma experiência nova agora. Temos um pouco a mostrar para ele sobre o trabalho de seleção, mas ele ensina muito para a gente sobre se lidar com a imprensa, muitas vezes de uma maneira tranquila, com um bom humor. Ele é um cara super bem-humorado, um cara carismático, que acho que já conquistou muita gente pelo jeito dele de ser. Então está sendo um aprendizado, acho que mais nosso com ele, apesar dele também aprender um pouquinho desse jeito brasileiro e do trabalho com a seleção nacional.

Lance!: A imprensa brasileira tem um jeito único de lidar com o futebol, às vezes mais passional do que outros lugares. Ele estranhou um pouco isso, chegou a externalizar para vocês? O que ele compartilhou após os primeiros contatos com a imprensa brasileira?

Fábio Seixas: Ele é um italiano, a Itália também é muito passional em relação ao futebol e trabalhou em outros mercados que são muito passionais. Acaba de vir da Espanha, então nesse sentido acho que ele não estranhou nada, muito pelo contrário. O livro dele, chamado "Liderança Tranquila", exprime bem o que é o Ancelotti como líder. Ele é um líder tranquilo. A gente está agora num momento relativamente de tranquilidade, mas ele já passou por muitos momentos turbulentos e acho que ele traz toda essa experiência para, mesmo quando vem alguma pergunta mais complicada numa entrevista coletiva, ele responder com tranquilidade e com verdade. Essa é a melhor maneira de você responder numa entrevista coletiva. Ele já tem casca o suficiente para encarar não só a imprensa brasileira como a imprensa de qualquer lugar do mundo.

Lance!: Hoje o futebol brasileiro de clubes vive uma separação entre Libra e LFU e as diferentes negociações de direitos de transmissão. Do ponto de vista de produção de conteúdo de vocês através das redes sociais, já que vocês coordenam as páginas relacionadas ao Brasileirão, não só da Série A, e de outros campeonatos, implica algo para a CBF ter esses diferentes players de transmissão?

Fábio Seixas: Nossa missão é comunicar. A gente mostra o que está acontecendo em campo com todos os 40 times de Série A e Série B, com os times de Série C, com a Série D... todos da mesma forma. Com liga ou sem liga, o que a gente faz é reportar, divulgar, mostrar as curiosidades, mostrar os grandes lances e mostrar a grandeza do futebol brasileiro, independentemente se tem liga ou não. Esse é o tipo de assunto que não altera em nada o trabalho da comunicação.

Lance!: Ou seja, mesmo no horizonte onde exista um campeonato organizado por uma liga unificada, a CBF também continuará com a parceira de divulgação do torneio, independente de deter os direitos?

Fábio Seixas: A CBF é a grande guardiã do futebol brasileiro e faz parte da missão da CBF divulgar o futebol brasileiro. Então, qualquer que seja o cenário, não vejo nenhuma mudança nesse nosso papel, nessa nossa missão de mostrar o futebol brasileiro.

Lance!: Atualmente existem duas comissões que foram criadas pela atual gestão da CBF para mudanças a médio prazo no futebol brasileiro, a de arbitragem e a de fair play financeiro. Qual é a importância da transparência do setor da comunicação nesse processo para o público que consome o futebol? São temas polêmicos e muito cobrados pelo torcedor.

Fábio Seixas: A transparência é um pilar fundamental dessa gestão. A gente entende que vamos errar em vários momentos, todo mundo erra, toda empresa erra, toda entidade erra. Mas o fundamental é mostrar o que está sendo feito, mostrar o trabalho que está sendo feito, mostrar o esforço que está acontecendo. Então, todos esses pontos importantes que a CBF tocou nos últimos meses, sempre fizemos questão de dar total visibilidade para a imprensa, para o público e para o torcedor através dos canais oficiais da CBF. Chamamos a imprensa, mostramos à imprensa, colocamos o presidente para falar, os principais executivos da CBF para falar... porque o público, ao longo do tempo, entende que essa é uma gestão transparente, essa é uma gestão que está trabalhando para fazer as coisas ficarem melhores e isso a gente só mostra abrindo e mostrando. Esse é um pilar fundamental do nosso trabalho e a gente vai continuar assim porque a gente não vê outra forma de trabalhar.

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