Ex-opositor da CBF e franco demais: saiba quem é Noveletto, dirigente que ficou em voga no ‘caso Neymar’

A semana conturbada em torno do "caso Neymar" rendeu um desdobramento polêmico na cúpula da CBF. Mandatário da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e um dos vices da entidade máxima do futebol brasileiro, Francisco Noveletto ficou em evidência por uma entrevista exibida no SBT, na qual mencionou um "vídeo novo" envolvendo o atacante e até dava um palpite sobre o futuro do camisa 10 na Copa América (antes de ele ser cortado por lesão):

- Aposto que ele não virá e que ele pedirá licença. Ele não tem condições psicológicas para enfrentar uma Copa América e um batalhão de jornalistas... 

Há 15 anos à frente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e marcado por não ter papas na língua, Noveletto é categórico ao dizer que a frase foi retirada de um trecho de uma entrevista de uma hora e garante que jamais quis interferir na decisão de Neymar: 

- Aquela tinha sido uma entrevista sobre a trajetória da minha vida! No meio, é que falamos sobre a CBF. A gente veio de uma semana difícil, com coletiva do Tite pesada, todo aquele tumulto... Mas o pedido de licença tinha de partir do Neymar! Eu só estava me colocando no lugar dele, pensando no assunto - declarou, ao LANCE!. 

O dirigente falou que pensou no lado humano ao opinar sobre o camisa 10:

- Eu fiquei sabendo a história do novo vídeo e pensei: "a mídia não vai dar folga". Como vai ficar a cabeça dele? Eu só falei minha opinião, mas em nenhum momento quis manifestar nada em nome da CBF, pedindo para que o Neymar deixasse a Seleção. Agora, esta emissora quis se promover em cima do Noveletto.

SEU PERÍODO NA FGF

Presidente da FGF desde 2004, Noveletto destacou-se por modernizar a entidade. Segundo o L! apurou, a Federação tem uma equipe bastante enxuta, com pouco menos de 20 funcionários.

Aos seus olhos, o longo período à frente da FGF é fruto de muito trabalho:

- Está no meu sangue. Gestão com transparência e credibilidade.

Embora seja torcedor do Internacional, Noveletto não esconde seu desejo de ajudar equipes de menor investimento (criando, inclusive, a Copa da Federação):

- Grêmio e Internacional já têm seus recursos próprios. Mas, como disse o ex-governador daqui do Rio Grande do Sul, (José Ivo) Sartori, nosso estado está quebrado. Com isto, através de negócios, parcerias, vamos ajudando os clubes de menor investimento. 

Porém, a Copa RS é a "menina dos olhos" do dirigente. Noveletto exalta competição, voltada para revelar jogadores da categoria sub-20:

- Além de acertarmos contrato de transmissão com a Globo, nós temos clubes de todo país e equipes como River Plate, Boca Juniors, Independiente... 

No fim deste ano, Francisco Noveletto passará o bastão para Luciano Hocsman, que foi seu vice-presidente. 

DE OPOSITOR DE DEL NERO A AMIGO DE CABOCLO: NOVELETTO NA CBF

O dirigente também reviu conceitos em relação à maneira como encarava a CBF. Com sua peculiar franqueza, Noveletto não esconde a mudança de conceitos. Alguns anos atrás, ele foi candidato de oposição a Del Nero.

- Aos poucos, as coisas vêm sendo esclarecidas. Antes, a CBF estava com muita coisa esquisita, que as pessoas sabem... - disse para, em seguida, destacar o trabalho de Rogério Caboclo:

- É outra coisa. Mesmo antes de ser presidente da CBF, já mostrava ser um executivo como poucos. Embora seja tímido, é bastante visionário. Mas, claro, em cinco meses não vai fazer milagres.

Atualmente, ele se prepara para trabalhar nas categorias de base da Seleção Brasileira.

FRANQUEZA... ATÉ DEMAIS!

A franqueza excessiva já fez com que Noveletto ganhasse evidência por frases bastante inusitadas. Questionado pelo "Zero Hora" se gostaria de ser presidente do Internacional, o dirigente falou: 

- Tenho medo do Inter virar um Barcelona.
 
O vice-presidente da CBF reconhece que tem suas "tiradas":

- Eu falei "de sacanagem". Mas quero cumprir o papel que cair na minha mão. Nunca me preocupei realmente com o próximo passo. Só me preocupei há 45 anos.

Noveletto também chegou a falar em uma entrevista sobre a o desejo de ser presidente da Conmebol. Segundo ele, a busca é por um uma presença brasileira na gestão da entidade continental: 

- Os repórteres perguntaram para mim de CBF. Falei que é mais fácil a Conmebol. O Brasil nunca teve presidentes da Conmebol. Por mais que o Alejandro (Domínguez) venha fazendo um bom trabalho, deixando a entidade azeitada, está na hora de um brasileiro ocupar o cargo.  Os brasileiros precisam ter prestígio em nível continental.  

Ao falar sobre sua maneira de ser e de se posicionar, o dirigente é taxativo e diz que voltaria a se manifestar da mesma forma sobre o "caso Neymar":

- Eu não dependo de ninguém. Infelizmente, hoje estamos numa época de "politicamente correto". Eu pensei em ajudar um guri de 27 anos que passou por tudo o que passou. Mas em nenhum momento houve crise na CBF. Só fizeram sensacionalismo.