Denílson brilhou em noite de testes feitos por Zagallo no primeiro Brasil x Marrocos da história; relembre

Assim como agora, com renovação promovida por Ramon Menezes, Seleção buscava encontrar peças para formar time que jogaria a Copa do Mundo em 1998 contra africanos

Denílson - Brasil x Marrocos
Denílson comemora um de seus dois gol marcados em amistoso de 1997 (Foto: Reprodução)

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Brasil e Marrocos se enfrentaram pela primeira vez há 25 anos em uma clima que, se nem de perto lembra o atual, seja pelo início de um ciclo após uma Copa do Mundo ou o expoente crescimento do futebol dos africanos, por outro lado também foi marcado por experimentações.

Se agora Ramon Menezes inicia um ciclo após dois Mundiais com Tite levando para o Marrocos nove novidades nunca testadas no time principal nacional, em 1997 Zagallo buscava opções para preencher lacunas que ainda estavam vagas a menos de um ano de disputa da Copa de 1998, na França.


Havia problemas que o veterano tetracampeão mundial buscava solucionar em seu time. Zé Maria ficou contundido por todo o primeiro semestre daquele ano. E havia uma busca para o reserva de Cafu na lateral-direita.

Na zaga, Zagallo tinha Aldair como titular absoluto. Com André Cruz constantemente machucado, passou a procurar opções em território nacional para formar o setor.

No meio-campo, Zé Elias parecia definido como o cabeça de área. Mas alguns nomes pediam passagem. E havia a necessidade de se testar Juninho Paulista, se recuperando da primeira grande grave contusão sofrida.

A loucura estava no ataque. Intocável, a dupla Romário e Ronaldo parecia com a passagem assegurada para a França. E a briga estava boa para as vagas reservas.

Ronaldo - Brasil x Marrocos
Ronaldo chuta para marcar seu gol contra Marrocos na Copa de 1998 (Foto: Reprodução)

EXCESSO DE JOGOS, RECLAMAÇÕES, VETOS E CLIMA DE JÁ GANHOU

Em uma peculiaridade do calendário do futebol brasileiro à época, a Seleção passou a jogar uma vez por mês, no mínimo. Zagallo dizia que era pedido seu. Mas já pipocavam notícias sobre os acordos comerciais com a fornecedora de material esportivo da CBF que obrigavam a realização dos jogos.

Após grandes clubes europeus perderem seus craques no primeiro semestre daquele 1997, um movimento de bastidores começou a se organizar. Desembocaria na criação da chamada 'Data Fifa', mas teve reflexos para o treinador brasileiro. Tão logo ficou agendado o jogo com Marrocos para o dia 9 de outubro, no Mangueirão, em Belém (PA), o Velho Continente chiou. E parte deles se recusou a liberar os atletas.

Não foram os únicos. O Vasco avisava que não liberaria Edmundo, por mais que o craque da ocasião nos campos nacionais estivesse fora dos planos por expulsões no clube da Colina.

Romário era outro que atravessava problemas. Entrou em choque com o treinador no Valencia, da Espanha. Acabou afastado e Zagallo deixou claro que só o convocaria se tivesse uma regularidade de jogos. Conseguiria em 1998, quando voltou de novo ao Flamengo.

Com todo esse clima, não teve jeito, Zagallo teve que apelar para novidades em sua lista para o jogo na capital paraense. Russo, então no Vitória, mas que depois teria passagens por Santos e Vasco, foi a opção para a reserva de Cafu.

Na zaga, Júnior Baiano ia para seu quarto jogo seguido com a Amarelinha, praticamente ganhando o coração do Velho Lobo. Gonçalves formou o setor ao seu lado, com Cléber, do Palmeiras, como opção.

Sem Roberto Carlos, um dos barrados, o Real Madrid topou liberar o reserva Zé Roberto para a lateral-esquerda.

E para o meio-campo, Zagallo promoveu de titular nomes como Émerson e Denílson. Enquanto no ataque, uma surreal dupla formada por Donizete Pantera e Dodô, com Christian, então em destaque no Internacional, como opção para o ataque.


VITÓRIA SUADA E SEM MAIORES DRAMAS


Para o duelo do Mangueirão, Marrocos, classificado para a próxima Copa, levou força máxima. Nomes como Chippo, destaque no meio-campo do Porto, e Dadji, grande astro do país africano na ocasião e que brilhava no Sporting. Na imprensa da época, matérias e mais matérias sobre o fato dos dois principais nomes marroquinos saberem falar português.

Foi um jogo estudado no primeiro tempo, com um Marrocos fechado que apostou no contra-ataque. As maiores chances vieram no segundo tempo. E aí Denílson desequilibrou. Primeiro abriu o placar aos 17', com um belo chute de fira da área que Galvão Bueno viu como falha do goleiro Benzekri. No final, Donizete acabou derrubado na área e o meia do São Paulo bateu o pênalti para selar o placar.

Poderia ter acabado ali a história entre Brasil e Marrocos, mas o sorteio do Mundial na França reservou o confronto entre os dois de novo. E desta vez com força máxima, o Brasil não tomou conhecimento, atropelou os africanos, que até então se vangloriavam de ter sua melhor geração, por 3 a 0, na segunda rodada do torneio, garantindo a classificação por antecipação.

O final daquela Copa a gente deixa pra lá, porque afinal, pouco importa...

E aos infortúnios, sabemos que o Brasil venceu Marrocos por 2 a 0 nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles (EUA). Mas a própria Fifa desconsidera resultados do torneio do COI como sendo oficiais das seleções.

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