Colunistas do L! reescrevem carta de Dona Lúcia. Mas aqui o tom é crítico
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Um dia após o um ano do 7 a 1, outro vexame também completa aniversário. Como esquecer Dona Lúcia e sua cartinha? Não dá...
Até hoje ninguém sabe o paradeiro de Dona Lúcia e se ela existe ou não, o que aumenta ainda mais a vergonha. A carta, endereçada a Felipão e lida por Parreira em entrevista coletiva, tirava o foco da surra para a Alemanha e agradecia a Felipão pelos momentos de felicidade proporcionados à nação.
Hoje, 365 dias depois, colunistas do LANCE! reescrevem o texto de Dona Lúcia. E aqui o tom é crítico. Confira abaixo!
"Dona Lúcia,
Acabo de ver a cartinha que você mandou para o Felipão no ano passado. Mais uma vez vi uma mulher íntegra, corajosa, cidadã, brasileira, confiante, leal, humana, inocente. O impressionante é que o FBI consegue prender cartolas há anos sob suspeita, mas nem o Roberto Cabrini descobre a senhora.
Fiquei muito triste ao constatar que o ser humano, muitas vezes, é de uma crueldade sem limites ao comentar um ano depois a sua missiva. Parece até jornalista esportivo. Tive esse sentimento ao ouvir alguém da imprensa lhe perguntar sobre uma possível dívida da senhora com a nação brasileira pela cartinha de amizade para o treinador pentacampeão que perdeu por 7 a 1, e que foi lida pelo técnico tetra mundial.
A senhora provou que é uma grande mulher. Um ser humano ímpar como o número sete. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado diferente da partida contra a Alemanha. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu texto é apenas para agradecer o único momento de felicidade que a senhora proporcionou a mim e a muitos gozadores depois dos 7 a 1.
Parabéns pela sua iniciativa e boa sorte nas próximas cartas aos novos treinadores do Brasil. Tenho a certeza que a senhora irá dar muita força a todos que forem eliminados nas próximas competições. Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém sei que a senhora entende muito de seres humanos. Só aviso que, no futebol, alguns não são bem assim. Portanto, envio um abraço carregado de carinho para a senhora.
Fique com Deus e lembre-se que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. Quero dizer com essa citação que tudo vai passar como passaram os alemães e tudo ficará bem como ficou em 2002. Saiba que, como eu, no Brasil e na Alemanha, há várias pessoas que estão apoiando a nossa Seleção.
Receba um abraço de um brasileiro anônimo, que não conhece muito de futebol, mas que a admira muito e sabe que você foi o melhor que a CBF fez durante a Copa do Mundo. E a senhora, como boa brasileira, sabe que falta humildade para a gente entender que não é só o Brasil que ganha, empata e perde. É o rival, quando é melhor, que vence. Goleia. E faz o que fez a Alemanha.
Mas a culpa vai ser sempre nossa. E até da senhora. Não ligue o que a imprensa fala. Eles, como os jogadores há um ano, não sabem o que fazem.
Mauro."
"Doutor Marin,
Acabo de fazer uma análise conjunta dos jogos e das coletivas bancadas pelo senhor, dado que como ex-presidente da CBF, a escolha da atual Comissão Técnica foi de sua autoria. Mais uma vez vi um futebol de primeira, e mais, um homem corajoso falando à nação. E escrevo isto porque me pareceu efetivamente de uma audácia formidável, porque a tal providência já está, sem dúvida, mudando os rumos do nosso futebol, como temos testemunhado. Tive esse sentimento ao ouvir um jornalista lhe perguntar sobre uma possível dívida do senhor com a nação brasileira. E o senhor mesmo, sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns.
Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Pois eu, como os demais brasileiros, posso agora comemorar efusivamente os resultados colhidos. Logo, meu e-mail é para agradecer os momentos de felicidade sem par que o senhor e sua equipe têm proporcionado a esta nação. Foram vários. A nossa brilhante participação na Copa América está aí mesmo para comprovar.
Parabéns pelo seu trabalho e boa sorte no julgamento que provavelmente terá perante uma Corte Federal nos EUA. De qualquer forma, e não importa o que decida este Egrégio Tribunal, tenho a certeza que o senhor continuará com a sua competência de sempre. Dizem que as mulheres não entendem de futebol. Mas temos a qualidade de conhecer o ser humano. Portanto, envio um abraço carinhoso, diante da injustiça que o senhor está sofrendo, detido numa penitenciária da fria, em todos os sentidos, Suíça.
Fique com Deus e lembre-se que o amanhecer, mesmo que pareça impossível, trará ainda mais alegrias. Saiba pois que há várias pessoas como eu que estão apoiando a nossa Seleção, que teve o privilégio de ser comandada pelo senhor, e por aqueles que herdaram as suas escolhas, do atual presidente da nossa entidade ao ponta-esquerda , além do 7 a 1 que impomos aos alemães na Copa de 2014.
Encerro tais mal traçadas linhas pois quero ver o oitavo gol, que acaba de acontecer. Receba um abraço de uma brasileira anônima, que ao contrário do senhor, não conhece muito de futebol, mas que o admira muito e sabe que o senhor fez o melhor.
Eine fest umarmung (Um abraço apertado, em alemão)
Lúcia."
E MAIS
> Veja a carta original, lida por Parreira no ano passado
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