João Marcos
• Publicada em 18/06/2023 - 07:57 • São Paulo (SP)
João Marcos
• Publicada em 18/06/2023 - 07:57 • São Paulo (SP)
Não é segredo para ninguém que a vitória da Seleção Brasileira diante da Guiné foi um resultado protocolar. Por mais que a equipe africana tenha bons jogadores, seria impensável imaginar que o time que tem Vinícius Júnior e Rodrygo perderia para a 79ª colocada no ranking da FIFA. Sobra qualidade individual na 'Amarelinha'.
No entanto, como as últimas eliminações em Copas do Mundo já deveriam ter ensinado ao torcedor brasileiro, ter boas individualidades não basta. É preciso um jogo coletivo forte, coerente em seus conceitos táticos, tanto para defender quanto para atacar, e que possa extrair o máximo das nossas individualidades, o ponto forte do nosso futebol.
A dificuldade em construir jogadas, fruto da troca de posições sem critério no primeiro tempo, foi uma das maiores fraquezas da Seleção no primeiro tempo. A começar que o desenho tático do time mudava de acordo com a posição da bola, o que naturalmente provocaria dúvidas nos jogadores: quando a bola saía pelo lado esquerdo, Ayrton Lucas ficava preso junto aos zagueiros e Danilo avançava pelo lado direito; quando a jogada era iniciada pelo outro lado, movimento semelhante acontecia, com Danilo preso e Ayrton avançando.

Alguns dos movimentos feitos na construção de jogadas da Seleção (Foto: Reprodução)
Para tentar auxiliar os zagueiros, um dos meio-campistas sempre aproximava da jogada. Seria uma boa solução, se não fosse tão mal executado. No início do jogo, Casemiro era o responsável por distribuir esses passes - em alguns momentos entrando no meio dos zagueiros para liberar os dois laterais ao mesmo tempo. No entanto, pouco tempo depois, era possível ver Casemiro avançado, como um meia, com Paquetá e Joelinton alternando próximo aos zagueiros. Será que essas são as melhores funções para estes jogadores?

Organização ofensiva do Brasil contava com muitos movimentos que confundiam os jogadores (Foto: Reprodução)
Na defesa, a indefinição sobre uma forma de jogar é mais notável ainda, haja visto que o gol adversário surgiu na principal falha do time de Ramon: as brechas entre linhas de marcação. Seja no espaço entre meio-campo e defesa, ou no espaço entre lateral e zagueiro, a Seleção Brasileira não foi compacta o suficiente para impedir as infiltrações dos adversários. Foi em um lance desses, pelo lado esquerdo, que o lateral Sylla cruzou para Guirassy diminuir.

Seleção marcou no 4-4-2 em linha, mas de forma muito espaçada (Foto: Reprodução)
É bom deixar claro: Ramon Menezes, na função de interino, é mais 'vítima' do que 'cúmplice' neste processo, já que é impossível exigir de um treinador coerência nas suas ideias e planejamento de longo prazo quando o próximo jogo sempre pode ser o último. Logo, ele não tem culpa da desorganização da Seleção Brasileira.
Mas a dificuldade que a equipe teve de apresentar um jogo coletivo, no mínimo, razoável é um forte indicativo de que a CBF passou da hora de definir o novo treinador do Brasil.
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