Torcedora do São Paulo narra ao Lance! como viveu a confusão com o Atlético Nacional
Lance! conversou com torcedora que estava presente em confusão pela Libertadores

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O empate sem gols entre Atlético Nacional e São Paulo, terça-feira (12), foi marcado por diversas polêmicas na parte da torcida. No Atanasio Girardot, em Medellin, parte da torcida do Atlético Nacional invadiu o setor que pertencia à torcida tricolor. O Lance! procurou Gabriela Martins, torcedora que estava presente no setor visitante com a mãe e o irmão e viveu de perto o que aconteceu.
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À reportagem Gabriela narrou a ordem dos fatos. A confusão começou após o término da partida, no empate sem gols válido pela ida das oitavas de final da Copa Libertadores. A torcida do Atlético invadiu o setor do Tricolor e começou a atacar os são-paulinos que estavam lá. Entre as reações, foram atirados tijolos, pedras, além do flagra de um torcedor supostamente imitando um macaco, gesto apontado com cunho racista.
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De acordo com Gabriela, o clima estava tranquilo e em paz nos minutos iniciais. Inclusive, parte da torcida do São Paulo e do Atlético estavam interagindo, e as provocações em tom saudável. Mesmo que não tenha sido seu caso, as organizadas e parte da torcida tricolor chegaram ao estádio escoltadas pela polícia.
O clima esquentou após o carrinho de Enzo Díaz em cima de um jogador do Atlético. A partir daí, as torcidas começaram a se estranhar. De acordo com Gabriela, o setor tinha familiares de jogadores, como Ferraresi.
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- Antes do jogo, eu, minha mãe e meu irmão estávamos com a camisa do São Paulo no meio da torcida deles, porque nosso hotel ficava bem em frente ao estádio. Como o clima estava tranquilo, decidimos ir assim mesmo. Fomos muito bem tratados: brincaram, pararam para tirar fotos, gravamos vídeos juntos. Eles até provocaram de forma amistosa, dizendo “eliminamos em 2014, 2016, agora vai ser de novo”. Tudo em tom leve e amistoso. Posso até mandar algumas fotos para mostrar. A torcida deles começou a chegar escoltada de outro bairro. Nós entramos depois. Os funcionários foram muito simpáticos e atenciosos, e a revista na entrada foi tranquila. O problema estava na separação das arquibancadas: uma simples fita de plástico, dessas usadas para isolar áreas, sem grade ou qualquer proteção física - contou Gabriela ao Lance!.

No meio da confusão, torcedores de ambos os lados se aproximaram e houve confronto.
— Descemos para a área da escada para nos proteger e percebemos que o setor era virado para a rua. Os torcedores do Atlético que já tinham saído começaram a jogar pedra, tijolo, garrafa de vidro. Não havia qualquer tipo de proteção no local — disse.
Segundo ela, alguns torcedores se feriram e a polícia, após reforço, levou parte do grupo para dentro de um banheiro até a situação acalmar.
— Dá para ver que eles estavam querendo ajudar, não foi aquela postura de colocar a torcida na pior. Mas realmente faltou preparo — completou.
A torcedora elogiou o atendimento médico e contou que, depois do jogo, recebeu mensagens de colombianos pedindo desculpas.
— Tem gente ruim em toda torcida, de qualquer clube. Antes da partida, a recepção foi incrível, mas a falta de preparo na segurança permitiu que a confusão chegasse nesse ponto — concluiu.

O Lance! apurou que a confusão foi apaziguada na sequência pela polícia local, mas que alguns torcedores foram feridos. A reportagem confirmou também que a Conmebol deve investigar o que aconteceu e aplicar devidas punições se necessário.
Gabriela Martins compartilhou os registros nas redes sociais
Veja o depoimento completo da torcedora ao Lance!
Antes do jogo, eu, minha mãe e meu irmão estávamos com a camisa do São Paulo no meio da torcida deles, porque nosso hotel ficava bem em frente ao estádio. Como o clima estava tranquilo, decidimos ir assim mesmo. Fomos muito bem tratados: brincaram, pararam para tirar fotos, gravamos vídeos juntos. Eles até provocaram de forma amistosa, dizendo “eliminamos em 2014, 2016, agora vai ser de novo”. Tudo em tom leve e amistoso. Posso até mandar algumas fotos para mostrar. A torcida deles começou a chegar escoltada de outro bairro. Nós entramos depois.
Os funcionários foram muito simpáticos e atenciosos, e a revista na entrada foi tranquila. O problema estava na separação das arquibancadas: uma simples fita de plástico, dessas usadas para isolar áreas, sem grade ou qualquer proteção física. Mesmo assim, no início estava tudo calmo.
Do outro lado, não estava a principal organizada do Atlético Nacional, mas outra torcida. Alguns deles atravessaram — com permissão da polícia — para conversar conosco. Disseram ter muito carinho pelos brasileiros, principalmente por causa da tragédia da Chapecoense, e pediram para curtirmos o jogo numa boa. Falaram que, independente de quem vencesse, cada um comemoraria no seu canto. Foi super legal, tiramos mais fotos e seguimos para o jogo.
Durante a partida, com o clima esquentando, as duas torcidas começaram a trocar provocações. A tensão aumentou no fim, quando o Atlético Nacional perdeu o segundo pênalti e a torcida do São Paulo inflamou. Pouco depois, veio o carrinho do Enzo Díaz, o que elevou ainda mais os ânimos. Eles começaram a jogar objetos: moedas, garrafas, garrafinhas de água e até sacos plásticos com água. Uma moeda atingiu a cabeça da minha mãe. Continuaram arremessando coisas sem parar. No meio disso, não consegui ver exatamente como começou, mas houve um momento em que torcedores do São Paulo avançaram para o lado deles, e alguns deles vieram para o nosso. Como estava preocupada com a minha mãe, não prestei atenção no que acontecia ao meu redor. A confusão estourou, e nós nos deslocamos para a área da escada para evitar algo pior.
Como a gente estava quase no meio de onde começou a confusão, saímos de perto e descemos para a área da escada para nos proteger. Só que, justamente nessa hora, percebemos que o setor era virado para a rua. Os torcedores do Atlético Nacional que já estavam deixando o estádio estavam ali, e começaram a pegar tudo o que encontravam pela frente. Vocês devem ter visto nos vídeos: gente jogando pedra, tijolo, garrafa de vidro. Não havia qualquer tipo de proteção no local. Começamos a nos abaixar para nos proteger, enquanto eles lançavam objetos contra a gente. Alguns torcedores acabaram feridos, atingidos de raspão por garrafas ou pedras. Ficamos todos meio amontoados ali.
A polícia parecia não saber exatamente como agir no começo, mas logo chegou reforço. Conseguiram conter a confusão na arquibancada, porém nós, que estávamos na escada, continuamos expostos. Então, nos levaram para dentro de um banheiro, onde um grande grupo ficou até a situação se acalmar um pouco. Dá pra ver que eles estavam realmente querendo ajudar, sabe?
Não era aquela postura que, às vezes, a gente vê em algumas polícias, principalmente em jogos fora, que parece que querem te colocar na pior. Nesse caso, não foi assim. Mas acho que realmente faltou mais preparo. Tanto que os caras da nossa torcida acabaram ajudando a proteger, porque havia muito torcedor comum, com famílias inteiras — inclusive família de jogador. A família do Ferraresi estava lá. Minha mãe também, que acabou sendo atingida por uma moeda na cabeça. Então, a torcida tentava proteger porque não havia nenhuma estrutura de segurança, como grades, por exemplo. Essa foi, pra mim, a parte mais absurda: a falta de proteção, tanto na área separada apenas por uma faixa, quanto no setor que dava direto para a rua. Foi por ali que começaram a arremessar objetos para dentro — pedras, tijolos, garrafas.
Sobre a atuação dos funcionários, tanto da polícia quanto da equipe de vigilância, só tenho elogios: todos foram muito prestativos e educados. O pessoal do atendimento médico também foi atencioso. Vi no aeroporto um torcedor que levou uma pancada na cabeça; ele me contou que o pessoal do ambulatório foi extremamente cuidadoso. Depois, a polícia liberou a escolta e levou a torcida para o ponto de chegada. Antes do jogo, a recepção tinha sido incrível, e depois recebi várias mensagens de colombianos pedindo desculpa, dizendo que sentiam vergonha do que aconteceu. Eu até respondi que tem gente ruim em toda torcida, de qualquer clube. O problema foi a falta de preparo, principalmente na divisória e no setor voltado para a rua, que deixou todo mundo vulnerável e permitiu que a confusão chegasse nesse ponto.
Líder de organizada do São Paulo promete ‘Morumbis hostil’ após briga na Libertadores
Henrique Gomes, o Baby, um dos líderes da Independente - organizada do São Paulo -, se manifestou nas redes sociais após a confusão envolvendo os ataques da torcida do Atlético Nacional ao setor visitante, onde estavam os são-paulinos, no Atanasio Girardot, em Medellin.
Veja o comunicado emitido por líder de organizada do São Paulo
Defendemos a nossa torcida na Colômbia, muito além, da nossa entidade.
Agimos como cinturão humano, sob chuva de pedras e objetos cortantes. Além disso, respondemos na proporção de força necessária à tentativa de invasão em nosso setor.
Lá estavam mulheres, adolescentes, crianças e idosos. A covardia dos torcedores do AN não teve limites.
Faríamos tudo de novo se fosse necessário.
Preservamos a vida e a integridade física dos nossos.
Infelizmente, não de todos. Tivemos torcedores machucados que necessitaram atendimento, em razão de objetos atirados. Inclusive, um senhor atingido com mais de 60 anos.
Estamos sendo cobrados pelas autoridades pelo que fizemos.
Nossa resposta é clara e objetiva: evitamos uma tragédia.
A resposta:
Morumbi HOSTIL e ENSURDECEDOR neles. Os colombianos chegarão e irão embora chocados com a força da nossa torcida.
Daremos lições sobre racismo que praticaram, com faixa no campo e apoio ao time nos 90 minutos.
Garantimos que será impossível o São Paulo não se classificar, tamanha a força da nossa voz no Morumbi.
Não seremos covardes feito eles. Seremos gigantes e ensinaremos que nunca deveriam ter tentado agredir a nossa torcida.
Sem mais, nos vemos na classificação.
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