Do caos à elegância: saída de Zubeldía e volta de Crespo mudam o perfil do São Paulo
Técnicos dividem nacionalidade, mas com personalidades opostas

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A pausa de quase um mês entre a saída de Luis Zubeldía e a chegada de Hernán Crespo ao comando técnico do São Paulo não representa apenas uma troca de nomes no banco de reservas.
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Representa a transição entre dois estilos opostos, quase antagônicos, na forma de vestir, de se comportar e de interpretar o futebol. Mesmo que dividam a nacionalidade, sendo os dois argentinos, o torcedor tricolor estará diante a um cenário totalmente diferente que começa na estética e no comportamento.
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Luis Zubeldía, ex-técnico do São Paulo, com uma estética despojada (e até improvisada), tinha um comportamento muito característico na beira do campo.
Não precisava de muito para entender como isso funcionava. Das arquibancadas ou tribunas de imprensa, Zubeldía era inquieto, partia para cima quando constetava algo - e não à toa que deixou o Tricolor com um número de cartões que chamava atenção: somente nesta temporada, foram 15 cartões, sendo 14 amarelos e uma expulsão.
Do outro lado, chega Crespo. Mesmo que na sua primeira passagem não tenha conhecido as noites de Morumbis lotado com a torcida inflamada, tinha um comportamento muito mais calmo. Aquela sua primeira trajetória, que trouxe a conquista do Paulista de 2021, ficou eternizada por frases de efeito que buscavam tocar o emocional do elenco e da torcida. A mais simbólica delas virou homenagem no vestiário: “Onde não chegam as pernas, chegará o coração.”
Em sua primeira passagem pelo clube, entre 2021 e 2022, Crespo acumulou apenas dois cartões amarelos em 53 partidas, números que sintetizam seu estilo mais calmo e racional à beira do gramado.
Se o recorte de Zubeldía em 2025 chama atenção, ao pegar seu pouco mais de um ano de trabalho como referência, vai além: foram 74 jogos pelo São Paulo, com 31 cartões amarelos e 3 vermelhos, segundo números do Sofascore.
Crespo x Zubeldía: um lado estético totalmente oposto
Dizem que a imagem pessoal reflete a personalidade. E, ao comparar os visuais de Crespo e Zubeldía, essa ideia ganha ainda mais força.
Meias por cima da calça, semblante constantemente fechado, uniforme completo e os longos cabelos. Isso marcava a "identidade visual" de Zubeldía. Crespo chega em outro conceito. Se no passado, como jogador, ostentava cabelos longos e um estilo mais rebelde, que até se aproximava visualmente do Zubeldía atual, hoje Crespo é a imagem da sobriedade.

Hernán Crespo, apresentado oficialmente nesta segunda-feira (24), retorna ao Morumbi trazendo exatamente o oposto do compatriota. Com um terno bem cortado que exibia discretamente o escudo do São Paulo na lapela. E ao resgatar as imagens da temporada em que fez história, mesmo com um estádio vazio, sempre estava "na estica".

A saída de Zubeldía foi barulhenta para a torcida do São Paulo. O Morumbis passou a ecoar vaias e críticas, e a pressão externa crescia a cada jogo. Diante do cenário, o próprio argentino decidiu entregar o cargo.
Se a imagem comunica, hoje o torcedor tricolor enxerga algo diferente. A nacionalidade em comum não basta para aproximar Zubeldía e Crespo. Agora, o que se vê é um viés de reconstrução, com mais calma, serenidade e um discurso alinhado à retomada de confiança.
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