Mundial de Clubes chega ao fim com questões a resolver fora de campo
Sucesso entre torcedores, competição aquece economia, mas preocupa entidades

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FILADÉLFIA - O Mundial de Clubes da Fifa chega ao final neste domingo (13) com relativo sucesso esportivo, mas deixando muitas questões em aberto para a Copa do Mundo de 2026, que terá os Estados Unidos como principal sede — o Mundial de seleções será realizado em conjunto com México e Canadá. Se no gramado a competição de clubes animou fãs de futebol no mundo inteiro, fora dele deixou boa impressão no campo econômico e alguma preocupação no social, sobretudo envolvendo imigrantes e estrangeiros.
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Como normalmente acontece em grandes eventos esportivos, os setores de comércio e serviços das cidades-sedes tiveram ganhos com o Mundial de Clubes. O maior fluxo de turistas estrangeiros injetou dinheiro em hotéis, bares, restaurantes e cassinos norte-americanos.
— O que é realmente muito legal é a diversidade do público, um grupo de clientes muito diferente do que você normalmente vê durante a temporada de beisebol — disse Jake Joyce, vice-presidente sênior de Marketing do Live! Casino, no sul da Filadélfia, à "CBS News".
— Não se trata apenas de um teste (para a Copa do Mundo de 2026). Trata-se de atividade econômica no distrito do estádio.
De fato, com seis jogos a Filadélfia recebeu um enorme contigente de torcedores europeus, sul-americanos e africanos. Eles lotaram hotéis — não foram poucos os casos de torcedores que tiveram dificuldades em se hospedar —, praças centrais e comércios, desde os tradicionais até os inúmeros trailers espalhados pelas calçadas centrais.
O retorno financeiro do Mundial de Clubes só será conhecido após o término da competição, mas um estudo da consultoria europeia OpenEconomics divulgado em abril estimou que a competição levaria 800 mil estrangeiros aos Estados Unidos, com potencial de injetar US$ 7,2 bilhões (R$ 40,2 bilhões, na cotação atual) na economia do país. Outras fontes projetaram até o dobro de turistas.

Mundial de Clubes mantém preocupação envolvendo estrangeiros
Na contramão do entusiasmo com a economia, o tratamento dispensado aos estrangeiros motivou preocupação de entidades ligadas à imigração e aos direitos humanos. A convivência nas ruas e locais públicos foi harmoniosa; o temor veio de medidas tomadas pelo presidente Donald Trump e agências governamentais.
No início de julho, cerca de 50 organizações da sociedade civil, dos Estados Unidos e de outros países, encaminharam carta ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, expressando preocupação "sobre o impacto das políticas de imigração dos EUA na Copa do Mundo de Clubes da Fifa de 2025 e na Copa do Mundo de 2026".
Boa parte dos estrangeiros que assistiram aos jogos do Mundial de Clubes já moram nos Estados Unidos, mas o fluxo será muito maior em 2026, quando 48 países estarão representados na Copa do Mundo.
"O aumento das ações de fiscalização da imigração, as operações abusivas do Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE) e as restrições mais amplas nas fronteiras contribuíram para o medo e a incerteza generalizados. Vários governos estrangeiros já emitiram alertas de viagem para seus cidadãos, alertando sobre os riscos de entrada negada ou detenção e deportação ao viajar para os Estados Unidos", dizia um trecho do texto.
O Lance! pediu um posicionamento à Fifa sobre a carta, mas não houve retorno até a publicação deste texto.
O Mundial de Clubes da Fifa iniciou em meio a protestos violentos na região central de Los Angeles, uma das sedes da competição. Os tumultos começaram após 44 imigrantes terem sido presos por agentes federais, alguns dos quais retirados de suas próprias casas. Durante duas noites, a cidade determinou toque de recolher no Centro.
Na Flórida, um dia antes da partida entre Inter Miami e Al-Ahly, a primeira da competição, uma festa de abertura do Mundial que era realizada em um barco foi interrompida por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP). A prefeita do Condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, e autoridades da Fifa estavam entre os presentes.
Gianni Infantino se aproximou de Donald Trump no último ano. Ele esteve na cerimônia de posse, apresentou o troféu do Mundial de Clubes ao presidente e, nos últimos dias, abriu um escritório da Fifa na Trump Tower, em Nova York. O dirigente tem se manifestado sobre o sucesso do Mundial de Clubes, mas em geral abordando apenas o aspecto esportivo do torneio.

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