Guia do Mundial: entenda como funcionam as notas da ginástica artística
Competição começa neste domingo (19), em Jacarta, na Indonésia

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A partir deste domingo (19), em Jacarta, capital da Indonésia, acontece o Mundial de Ginástica Artística, um dos esportes olímpicos mais queridos pelos brasileiros. Apesar de atrair muita torcida, nem sempre o público geral conhece os elementos e critérios que definem as notas e resultados em uma competição da modalidade. Por isso, o Lance! conversou com Gabriel Lincon, juiz internacional de ginástica artística, para esclarecer as principais dúvidas sobre os aspectos técnicos da competição.
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Vale lembrar que o Mundial de 2025 é uma competição de especialistas, ou seja, há disputas apenas no individual geral e por aparelhos, sem disputa de medalhas por equipes. Ao todo, cada país pode ter no máximo quatro ginastas inscritas na competição feminina e seis no masculino, sendo que no máximo três podem competir em cada aparelho.
Após as classificatórias, os 24 melhores colocados, tendo competido em todos os aparelhos, avançam para disputa do individual geral, com limite de dois ginastas por país. Para as finais por aparelhos, se classificam os oito ginastas com melhor desempenho, também com limite de dois por federação nacional. A particularidade fica no caso do salto, em que os ginastas precisam executar dois saltos para disputar vaga na final.
Como funciona a composição das notas?
As séries dos ginastas são avaliadas por dois painéis de árbitros e a nota final é a soma das notas de dificuldade e execução. Para a nota de dificuldade, também chamada de nota de partida, são considerados os oito elementos mais difíceis executados na série do ginasta, com valores pré-estabelecidos no código de pontuação. Ou seja, para os árbitros de dificuldade, importa o que o atleta executa, e não como. É importante destacar que a saída do aparelho sempre é considerada como um dos oito elementos avaliados na nota de dificuldade.
Já os árbitros de execução avaliam a forma como os elementos são realizados, levando em conta critérios como altura de saltos, posição e ângulo do corpo, por exemplo. A nota de execução começa sempre em 10 pontos e, caso a série seja executada com imperfeições, os árbitros fazem as devidas deduções na pontuação. Erros leves, como desequilíbrios ou postura inadequada geralmente causam desconto de 0,10 pontos, enquanto erros graves, como quedas do aparelho, chegam a desconto de um ponto.
— A gente tá sempre buscando a perfeição mesmo. Inclusive, o código de pontuação é feito de uma forma que busque minimizar as chances de lesão. Se você faz um elemento de forma inadequada, é maior a chance de lesionar - explica Gabriel.
Principais mudanças no código de pontuação
O código de pontuação é renovado pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) a cada ciclo olímpico e algumas alterações importantes para o período de 2025 a 2028 serão observadas no Mundial de Jacarta. Uma das mais importantes acontece no salto, em que os atletas receberão uma bonificação extra de 0,20 pontos caso executem dois saltos em direções diferentes. Além disso, no solo, os elementos artísticos têm peso maior e é possível aumentar a nota de partida com bonificações por elementos mais simples.
— Tá um pouco mais fácil de fazer uma nota de partida mais alta, mas isso prejudica quem já estava um pouco acima. É uma mudança que não me agrada muito, particularmente - opina Gabriel.

Como funcionam os pedidos de recurso?
As federações nacionais têm o direito de pedir recurso quando acreditam que houve inconsistência na avaliação das séries de seus ginastas, porém esse recurso vale somente para a nota de dificuldade. Neste caso, os dois árbitros de dificuldade que compõem o painel precisam registrar as mesmas notas para os mesmos elementos, e normalmente os pedidos de recurso acontecem quando há divergência nesta avaliação.
— Pode acontecer de acontecer um erro, porque o árbitro de dificuldade avalia coisas muito específicas, então o recurso vem pra isso. Ele é mandado pro júri superior, que é uma outra banca da competição. Nesse Mundial, ele será analisado com vídeo e o júri superior vai avaliar se esse recurso foi deferido ou indeferido - explica.
Vale lembrar que, caso o recurso seja indeferido, a federação nacional precisa pagar um valor em francos suíços para a Federação Internacional de Ginástica, portanto, pedidos de recurso costumam ser feitos com muita cautela.
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