31 anos sem Senna: ex-assessora relembra tragédia de Ímola
Senna morreu em um GP que não queria correr


- Matéria
- Mais Notícias
Há exatos 31 anos, em 1º de maio de 1994, Ayrton Senna morreu no Grande Prêmio de Ímola, em São Marino. Betise Assumpção, assessora de Senna de 1990 até a morte do piloto, relembrou a tragédia em entrevista exclusiva ao Lance! e contou o que Senna pensava antes do fatídico Grande Prêmio.
Relacionadas
— O fim de semana inteiro foi trágico. A atmosfera no dia da corrida era horrível. O Ratzenberger morreu no dia anterior. O Senna se recusou a falar com a imprensa e comigo. Ele me disse: "Betise, ele morreu na pista, não tenho cabeça para falar nada". Foi tudo muito tenso — revela Betise Assumpção.
➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte
Somente o primeiro dia da programação do GP de Ímola não teve mortes. Foi na sexta-feira, quando Rubens Barrichello bateu fortemente e teve ferimentos. No sábado, 30 de abril, Roland Ratzenberger sofreu um acidente na classificação da prova. O piloto foi declarado morto no hospital de Bolonha. Caso a morte fosse constatada na pista, a prova de domingo seria cancelada.
O primeiro de maio de 1994
No dia seguinte, Senna queria que a corrida fosse cancelada. Betise revela que, em uma reunião antes da prova, o brasileiro buscou cancelar o GP de Ímola:
— Ele ficou injuriado porque nem cancelar a corrida podia. Ele falou bem puto para mim: "A gente nem pode dizer que ele morreu na pista, se não tem que cancelar a corrida". Teve uma reunião, e ele foi já querendo chamar outros pilotos para discutir uma Fórmula 1 mais segura. Quando acontecia uma coisa que ele não concordasse e quisesse mudar, nada parava esse cara.

Naquela vez, Senna não conseguiu mudar. Às 9h de Brasília, a corrida de Ímola foi iniciada e, na sétima volta da prova, Galvão Bueno, narrador da prova, soltou a frase que ficou marcada na história dos brasileiros: "Senna bateu forte". Ali, o mundo acompanhou a retirada de Senna do carro e a ida do piloto ao hospital Maggiore, em Bolonha.
Alguns acreditam que Senna já havia morrido na pista, mas o óbito só foi confirmado à imprensa às 13h40 de Brasília. Betise Assumpção revela que achou que era uma batida como qualquer outra — Em 1994, Senna já havia abandonado a prova no Brasil, após rodar, e bateu no GP do Pacífico, antecessor da prova de Ímola:
— Quando ele bateu, eu literalmente peguei minha bolsa e disse: "Ai, meu Deus, mais mau humor, nem sei o que nós vamos falar". Quando desci, estava todo mundo na Williams olhando para o monitor, sem nenhuma resposta.

Tendo que conciliar o trabalho de assessora e a morte do amigo, Betise Assumpção revela que não teve tempo para sentir nada. No fim do dia, quando Senna estava oficialmente morto, ela desabou.
➡️ Ferrari joga azul na traseira, mas mantém vermelho em pintura do GP de Miami
— Durante o dia, eu fui fazendo tudo no automático, a ficha só caiu depois, quando cheguei no motorhome. Quando fui sentar, comecei a chorar sem respirar — revela.

Senna fez história no Brasil
A morte do piloto ficou marcada em todos os brasileiros que assistiram ao GP e nos que nem eram nascidos. Até hoje, pilotos, equipes, personalides do esporte e pessoas comuns se emocionam e se inspiram em Senna.

Em São Paulo, o cortejo com o caixão de Senna reuniu mais de 500 mil pessoas. O velório, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, somou mais de 250 mil pessoas passando pelo local. Senna morreu aos 34 anos. Ele tem três títulos mundiais na Fórmula 1, 41 vitórias, 80 pódios e 161 GPs.
Tudo sobre
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias