Limite de estrangeiros no Brasileirão: quantos podem jogar por partida
Entenda a regra atual, o histórico de mudanças e o impacto no Brasileirão.

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A presença de jogadores estrangeiros é um fator cada vez mais determinante na competitividade e na identidade dos clubes do Campeonato Brasileiro. A discussão sobre quantos atletas de outras nacionalidades um time pode ter em campo e relacionados para uma partida envolve torcedores, dirigentes, treinadores e até ex-jogadores históricos. O Lance! explica o limite de estrangeiros no Brasileirão.
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A regra, que já passou por diversas alterações ao longo das últimas décadas, influencia diretamente o planejamento de elenco, a política de contratações e o espaço para jogadores formados nas categorias de base. Em um mercado cada vez mais globalizado, o Brasileirão se abre a talentos de toda a América do Sul e de outros continentes, ao mesmo tempo em que enfrenta o desafio de manter a vocação de formador de craques.
Em 2024, a CBF atendeu a um pedido unânime dos 20 clubes da Série A e aumentou o limite de estrangeiros por partida de sete para nove jogadores, o que reacendeu o debate sobre até que ponto essa flexibilização é positiva para o futebol nacional.
Ao mesmo tempo, nomes como Zico, Dunga e Dorival Júnior passaram a se manifestar com frequência a favor da redução desse limite, alegando que a "onda de gringos" pode estar fechando portas para novos talentos brasileiros e afetando, a médio prazo, o nível da seleção.
A seguir, veja como é a regra atual, como ela foi construída ao longo do tempo e qual é o impacto prático dessa mudança no dia a dia dos clubes da Série A.
Limite de estrangeiros no Brasileirão
A regra atual: quantos estrangeiros podem ser relacionados e jogar?
A regulamentação em vigor está descrita no Regulamento Específico da Competição (REC) do Campeonato Brasileiro. A partir da temporada 2024, os clubes da Série A podem relacionar até 9 jogadores estrangeiros por partida em competições organizadas pela CBF.
Os pontos essenciais da regra de limite de estrangeiros no Brasileirão são:
Limite na súmula:
Cada clube pode incluir no máximo 9 atletas estrangeiros na súmula de cada jogo. Esse número considera titulares e reservas somados.
Limite em campo:
Não existe um limite específico de estrangeiros em campo ao mesmo tempo. Se desejar, o técnico pode escalar todos os 9 "gringos" relacionados entre os titulares ou utilizá-los ao longo da partida, desde que respeite as 11 vagas em campo como qualquer outro atleta.
Limite no elenco:
Não há teto de estrangeiros no elenco geral do clube nem no total de inscritos no campeonato. A restrição é exclusivamente para a lista de relacionados de cada jogo.
Na prática, isso permite que clubes com muitos jogadores de fora, como Flamengo, Palmeiras, Fluminense, Internacional e São Paulo, trabalhem com elencos amplos e rodem as opções rodada a rodada, dosando minutagem e adequando a escalação às necessidades táticas, ao desgaste físico e às diferentes competições do calendário.
Além disso, é importante lembrar que esse limite de 9 vale para competições nacionais (Brasileirão, Copa do Brasil, Supercopa do Brasil, etc.). Em torneios internacionais, como a Copa Libertadores e a Sul-Americana, valem as regras da Conmebol, que não impõe o mesmo tipo de limite por partida.
Do três ao nove: a evolução do limite de estrangeiros no Brasil
A discussão sobre o número de estrangeiros no futebol brasileiro não é nova. O regulamento foi sendo ajustado de tempos em tempos, acompanhando a abertura do mercado e a pressão dos clubes.
A linha do tempo do limite de estrangeiros do Brasileirão pode ser resumida assim:
Até 2013:
O limite era de 3 estrangeiros por partida. Para muitos clubes, especialmente aqueles que investiam em atletas sul-americanos, o teto era considerado muito baixo.
De 2014 a 2022:
A CBF atendeu a um movimento dos clubes e ampliou o limite para 5 estrangeiros relacionados por jogo. Essa mudança acompanhou a maior circulação de jogadores na América do Sul e a disposição dos clubes brasileiros em buscar reforços no continente.
2023:
Novo passo: os times da Série A aprovaram, em Conselho Técnico, a elevação do limite de 5 para 7 estrangeiros por partida. A votação foi unânime, impulsionada por clubes que já tinham elencos bastante internacionalizados.
A partir de 2024:
O limite sobe mais uma vez, agora de 7 para 9 estrangeiros relacionados por jogo, novamente com aprovação unânime dos 20 clubes da Série A em reunião na sede da CBF.
Esse percurso, de 3 para 9 no intervalo de pouco mais de uma década, mostra uma abertura progressiva do futebol brasileiro à mão de obra estrangeira. Por um lado, a mudança é vista como forma de elevar o nível técnico da liga e torná-la mais atrativa. Por outro, reacende o debate sobre se há espaço suficiente para os jovens formados nas categorias de base dos clubes.
A polêmica: limite maior, menos espaço para a base no Brasileirão?
Se os clubes foram unânimes ao pedir mais vagas para estrangeiros, parte importante do debate público caminha na direção oposta. Entidades que representam atletas e ex-jogadores históricos defendem que o limite deveria ser menor.
A Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol) já se manifestou contra a ampliação para 9 relacionados, alertando para o risco de diminuição do espaço para jogadores brasileiros, sobretudo os que sobem da base.
No campo das opiniões, ídolos como Zico e Dunga afirmam que o excesso de gringos pode prejudicar a formação de novos camisas 10 e outros talentos no país, defendendo um limite mais baixo para preservar o protagonismo de atletas nacionais.
Já Dorival Júnior, quando comandava a seleção brasileira, sugeriu abertamente a redução do limite de estrangeiros, citando inclusive o exemplo da Itália, que viu sua seleção ficar fora de duas Copas do Mundo seguidas e, na visão dele, paga o preço por ter muitos atletas de fora ocupando vagas nos clubes locais.
Os críticos apontam alguns efeitos possíveis do limite mais alto:
Menos minutos para jogadores formados no clube, que perdem espaço na disputa por vaga no elenco de jogo. Dificuldade maior de transição da base para o profissional, especialmente em posições muito ocupadas por estrangeiros (camisa 10, centroavante, zagueiro de referência).
Impacto potencial na seleção brasileira, com menos jogadores ganhando casca em jogos grandes no próprio país.
Do outro lado, dirigentes e treinadores que defendem o limite de 9 argumentam que:
O clube precisa de liberdade para contratar quem estiver em melhor condição técnica, independentemente da nacionalidade. A concorrência com estrangeiros pode elevar o nível de exigência sobre os jogadores brasileiros.
Em um calendário tão pesado, elencos mais profundos são fundamentais, e limitar demais a participação de estrangeiros reduziria a qualidade média das partidas.
O impacto prático e os principais "gringos" em destaque no Brasileirão
Na prática, a ampliação do limite alterou a forma como os clubes montam seus elencos. A possibilidade de relacionar 9 estrangeiros por jogo abriu caminho para que várias equipes tivessem "espinhas dorsais" formadas por jogadores de fora, em praticamente todos os setores do campo.
Alguns estrangeiros recentes que se tornaram protagonistas no Brasileirão ajudam a ilustrar esse cenário:
- Germán Cano (Fluminense) – Centroavante argentino artilheiro em decisões, peça-chave em títulos recentes do clube e um dos maiores ídolos estrangeiros da história tricolor.
- Giorgian de Arrascaeta (Flamengo) – Meia uruguaio decisivo em títulos nacionais e continentais, frequentemente citado como um dos jogadores mais talentosos em atividade no Brasil.
- Gustavo Gómez (Palmeiras) – Zagueiro paraguaio, capitão em uma das eras mais vitoriosas da história alviverde.
- Jonathan Calleri (São Paulo) – Atacante argentino com forte identificação com a torcida são-paulina, presença constante em decisões.
Esses nomes, entre muitos outros, ajudam a explicar por que os clubes pressionam tanto por mais vagas para estrangeiros: os "gringos" vêm decidindo títulos, liderando estatísticas de gols, assistências e prêmios individuais, além de alavancarem engajamento de torcida e exploração comercial.
Ao mesmo tempo, o desafio que se impõe para o futebol brasileiro é equilibrar essa invasão qualificada de estrangeiros com uma política séria de formação, aproveitamento e valorização dos jogadores nacionais. O limite de 9 por partida é hoje o retrato de um Brasileirão mais globalizado, competitivo e midiático, mas também de um cenário em que a discussão sobre espaço para a base e futuro da seleção não deve sair da pauta.
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