Recorde de técnicos demitidos: a dança das cadeiras no Brasileirão
Veja quais edições do Brasileirão mais tiveram troca de treinadores.

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A "dança dos técnicos" é uma das marcas registradas do futebol brasileiro. No Campeonato Brasileiro por pontos corridos, iniciado em 2003, a pressão por resultado imediato, o calendário pesado e a cultura do improviso transformaram o cargo de treinador em uma função extremamente instável. O Lance! apresenta o recorde de técnicos demitidos no Brasileirão.
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Demissões em série, interinos que se revezam e projetos interrompidos no meio do caminho tornaram-se rotina. Em muitos casos, a tabela de mudanças no comando técnico diz tanto sobre o campeonato quanto a classificação em si.
Ao longo de mais de duas décadas de pontos corridos, alguns anos se destacaram pela verdadeira avalanche de trocas, enquanto poucos exemplos fogem à regra, com trabalhos longos e consistentes.
Este texto reúne os principais números da era dos pontos corridos: o recorde absoluto de trocas em uma edição, o recorde no formato atual com 20 clubes, os anos mais críticos, os clubes que mais demitem e o contraponto da longevidade, hoje representado por Abel Ferreira, no Palmeiras.
Recorde de técnicos demitidos no Brasileirão
O recorde absoluto: o caos de 2003
A primeira edição do Brasileirão em pontos corridos, em 2003, já mostrou o tamanho da pressão sobre os treinadores. Em um campeonato com 24 clubes e 46 rodadas, nada menos que 40 mudanças de comando técnico foram registradas, um recorde que continua sendo o maior desde a adoção do formato.
O contexto ajuda a explicar o número absurdo:
- campeonato mais longo, com quase 50 jogos para algumas equipes
- tabela pesada, viagens longas e pouco tempo para treinar
- cultura ainda em adaptação ao novo modelo, com dirigentes tratando qualquer má fase como justificativa para “mexer no comando”
Os anos seguintes mantiveram a mesma lógica de instabilidade, ainda em formatos com mais de 20 times:
- 2004: 38 trocas de treinador
- 2005: 37 trocas
Esses números mostram que, na largada dos pontos corridos, trocar técnico no meio do campeonato deixou de ser exceção e virou parte do "planejamento" de muitos clubes.
O recorde no formato atual (20 clubes): a edição de 2015
Desde 2006, o Brasileirão passou a ser disputado de forma estável com 20 clubes e 38 rodadas. Dentro desse recorte, o ano mais radical em termos de rotatividade foi 2015, com 32 mudanças de comando na Série A.
O dado mais simbólico dessa edição é outro:
- apenas o campeão Corinthians, com Tite, terminou o campeonato com o mesmo técnico que começou.
- Todos os outros 19 clubes trocaram de treinador ao menos uma vez, seja por demissão, pedido de demissão ou saída para outro clube, transformando o ano em um caso extremo de falta de continuidade.
Outras edições no formato de 20 clubes que chamam atenção pela quantidade de trocas:
- 2010: 31 mudanças de comando
- 2018: 29 trocas
- 2020: 28 trocas
Mesmo em anos sem recorde, a média segue alta, mostrando que a instabilidade é um traço crônico da Série A.
O recorde de técnicos demitidos no Brasileirão nos últimos anos
Nos anos mais recentes, a dança dos técnicos continua intensa, mas com números um pouco mais baixos do que os grandes picos do passado:
- 2023: 25 trocas de treinador
- 2024: 21 trocas
- 2025: 22 trocas já até a 36ª rodada, igualando o total de 2024 antes mesmo do fim do campeonato
O levantamento do Globoesporte.com mostra que o Brasileirão 2025 ainda está distante do recorde de 2003, mas segue dentro de um patamar alto de instabilidade. A 22ª troca da edição foi justamente a saída de Ramon Díaz do Internacional.
Ao mesmo tempo, o estudo aponta que apenas seis clubes conseguem, em média, chegar ao fim do campeonato com o mesmo técnico que começou. Em 2025, na altura da 30ª rodada, seis times ainda não haviam trocado de comando, reforçando essa tendência histórica.
Os "trituradores de técnicos": clubes que mais trocam
Alguns clubes se destacam negativamente pela quantidade de mudanças de treinador ao longo dos anos.
Paraná Clube:
Em levantamento do Globoesporte.com sobre a Série A e o recorte a partir de 2003, o Paraná aparece como recordista de trocas, com 63 contratações de técnicos e 49 comandos diferentes até 2020, mesmo passando boa parte do tempo nas divisões de acesso.
Vasco e Botafogo:
São presenças constantes nas listas de maior rotatividade em temporadas de crise, especialmente nos anos em que brigam contra o rebaixamento. Em 2025, por exemplo, o Vasco já demitiu Fábio Carille logo no início da competição, mantendo a tradição de mudanças rápidas em contextos de pressão.
Sport:
Em 2025, o Sport lidera o "campeonato" das demissões, indo para o quarto técnico diferente na mesma edição, um símbolo do desespero típico de quem ocupa a lanterna e vê a permanência na Série A cada vez mais distante.
A combinação de resultados ruins, ambiente político conturbado e cobrança da torcida transforma esses clubes em verdadeiras máquinas de moer treinador, o que costuma se refletir também em campanhas irregulares e rebaixamentos.
O outro lado da moeda: a raridade da longevidade
Em um cenário de rotatividade crônica, alguns poucos trabalhos fogem à regra e mostram que estabilidade ainda é possível no futebol brasileiro. O grande símbolo dessa resistência na era recente é Abel Ferreira, do Palmeiras.
Desde 2020 no clube, Abel completa quase cinco anos de trabalho ininterrupto em 2025, sendo apontado como o técnico mais longevo da elite do Brasileirão neste século e o treinador de maior longevidade da história do Palmeiras em uma única passagem
Ao lado de Abel, poucos treinadores conseguem atravessar vários campeonatos sem interrupção, e em muitos anos apenas um ou dois clubes terminam o Brasileirão com o mesmo técnico que iniciou a competição – como aconteceu em 2015, quando só o Corinthians de Tite manteve o treinador do começo ao fim.
Enquanto a estatística mostra que cerca de seis clubes, em média, chegam ao fim da Série A com o mesmo técnico que começou a jornada, o padrão dominante ainda é o da "dança das cadeiras", com demissões em sequência e projetos interrompidos a cada sequência de resultados ruins.
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