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Filho de Telê diz ter coração dividido entre São Paulo e Fluminense: ‘Que vença o melhor’

O Lance! conversou com Renê Santana às vésperas de São Paulo e Fluminense

imagem cameraTelê Santana passou por dois times (Foto: Arte/ Lance!)
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Sharon Nigri Prais
Rio de Janeiro (RJ)
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Izabella Giannola
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 27/07/2025
08:00

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Telê Santana é idolo de São Paulo e Fluminense, que se enfrentam neste domingo (27), às 16h, pelo Brasileirão. O confronto entre o clube que o revelou e o que encerrou sua carreira no futebol, ocorre um dia depois do que seria o aniversário de 94 anos do "Fio de Esperança", que marcou os Tricolores dentro e fora de campo.

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Por conta disso, o Lance! conversou com Renê Santana, filho de Telê, sobre sua relação com os clubes e o legado de seu pai no futebol brasileiro. Com o coração dividido, declarou para quem vai sua torcida na partida da 17ª rodada.

— Eu me comporto como aprendi com meu pai. E ele, se estivesse aqui agora, com certeza te responderia assim também: já que são meus dois queridos times, eu vou torcer para aquele que for melhor, jogar um futebol limpo, um futebol bonito e abrangente.

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Telê Santana Fluminense
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Fluminense:

Despontou nas Laranjeiras no começo da década de 1950 e rapidamente subiu do juvenil para o profissional, sendo peça importante para o título Carioca de 1951. Por seu dinamismo e inteligência em campo, logo assumiu a titularidade do ataque tricolor e consolidou sua idolatria no Fluminense ao longo de 11 anos, classificados por Renê como uma "grande escola".

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Enquanto amadurecia e se desenvolvia em campo, aprendia também sobre as ideias do futebol. Espelhando-se em outros grandes nomes que o cercavam, tornou-se um líder com valores que carregaria em toda sua carreira.

— Ele não admitia a forma como tratavam a classe de jogadores, da qual ele fez também exemplarmente. Ele procurou ser um líder e foi, dando exemplos e lutando pelo clube. Ele era um jogador que mirava também nos bons exemplos, como Didi e Castilho, que era o goleiro e que recebeu uma estátua no Fluminense pela pressão do Telê Santana. Todos reconheciam a história dele, era merecedor de uma estátua. Ele era o primeiro jogador a chegar e o último a sair. Sujo de lama, suado, porque ele trabalhava, treinava muito todos os dias e foi um grande goleiro, jogou em duas Copas do Mundo. Então, ele foi um jogador digno, de orgulho, de todo jogador que hoje joga futebol pode ver a sua história e dar um passo adiante no futebol brasileiro a partir disso, porque foi uma pessoa que lutou pela sua classe, lutou pelo respeito que todos devem ter pelo jogador de futebol — contou Renê, orgulhoso.

A admiração por Didi, inclusive, moldou suas características de jogo, expandindo a área que ocupava no campo. Passou a se deslocar e correr mais, sendo descrito por Mário Filho como "ponteiro dos segundos", enquanto os demais jogadores eram o dos minutos.

— O papai olhava pra ele e falava: 'olha, eu nunca vou ser o artista da bola que esse cara é, mas eu vou ser tão importante ou mais importante do que ele pro time — recordou.

Telê Santana Fluminense
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Depois de se aposentar, voltou ao Fluminense como treinador do time juventil em 1967, sendo novamente promovido para o profissional em pouco tempo. Em 1969, sua primeira temporada, protagonizou um episódio que reforça a luta pelo respeito aos jogadores, que em sua opinião eram marginalizados.

— Eu cresci acompanhando o Fluminense, a gente se orgulhava de ver, no fim da tarde, a reunião dos jogadores no hall de entrada do clube, que é uma construção muito nobre, uma arte arquitetônica. E iam também os principais jogadores de outros clubes que visitavam os do Fluminense e ali se fazia um encontro que todo mundo gostava de ver. Os jogadores que eram as principais estrelas do time e uma ordem de um dirigente colocou a margem, querendo que os jogadores entrassem e saíssem pelos fundos do clube.

Telê acatou a regra até que foi avisado que ela se aplicava apenas para os atletas. Inconformado, permaneceu ao do lado de seu elenco.

— Aí é a parte engraçada, porque o Telê não quis, não concordou, foi para os fundos depois dessa reunião com a diretoria e falou que queria sair por lá. Os dirigentes falaram não e ele insistiu. Disseram que o funcionário que estava com a chave já tinha ido embora. Então ele pulou o muro da Pinheiro Machado, que é nos fundos do estádio do Fluminense, caiu do outro lado e foi embora.

Vestindo verde, branco e grená, conquistou duas vezes o Campeonato Carioca (1951 e1959), o Torneio Rio-São Paulo (1957, invicto, e 1960), e a Copa Rio de 1952. Como treinador, venceu o Carioca juvenil em 1967. É o terceiro jogador com mais jogos oficiais pelo clube, somando 558.

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São Paulo

Não se fala de São Paulo sem falar de Telê Santana. Técnico mais vitorioso da história tricolor, conquistou grandes títulos, entre eles os Mundiais e as Libertadores de 1992 e 1993, o Brasileiro de 1991, e os Paulistas de 1991 e 1992. Desde 2023, a porta do Morumbis onde a bola rola neste domingo (27) tem uma estátua de Telê que recepciona os torcedores.

Renê, ao relembrar do pai, disse algo que muitos torcedores concordam: falar do São Paulo é falar de Telê. Para ele, a maturidade profissional de Telê Santana foi com a camisa do Tricolor Paulista, vestindo vermelho, branco e preto. Não à toa que até hoje é ídolo e referência.

— Já como técnico, sua passagem pelo São Paulo foi o ponto máximo que se pode esperar de um treinador brasileiro em um Mundial. À época, a competição colocava frente a frente o campeão da Libertadores e o da Liga dos Campeões, considerados os maiores clubes dos dois continentes, para decidir o título em uma final única. E o São Paulo, sob comando de Telê, chegou a duas finais de Mundial, após disputar três finais consecutivas de Libertadores e conquistar duas — destacou Renê.

— É por isso que sempre voltamos ao tema Telê. Sua importância está eternizada na história do São Paulo — completou.

Telê Santana - São Paulo
Telê é visto como ídolo absoluto do São Paulo (Foto: Acervo/SPFC)

Os maiores clubes do mundo exaltam seus patrimônios. Telê Santana foi um patrimônio do São Paulo. De legado até inspiração de uniforme e um ônibus que leva seu apelido. Essa é a visão de René Santana, filho do eterno técnico tricolor, que propõe um projeto ambicioso: transformar a trajetória de Telê em um ponto de partida para a criação de uma verdadeira enciclopédia do futebol são-paulino. Muricy Ramalho, hoje na coordenação de futebol do clube, seria este elo entre passado, presente e futuro para o filho de Telê.

Telê Santana
Filho de Telê exaltou a história do treinador (Divulgação / São Paulo )

— Os maiores clubes do mundo preservam com zelo sua história, e o São Paulo poderia seguir esse caminho a partir do momento mais importante de sua trajetória: a era Telê. Esse seria o ponto de partida ideal para desenvolver, dentro do clube, um projeto que registre, valorize e eternize essa fase gloriosa, e há alguém que viveu tudo isso de perto e conhece profundamente essa história: Muricy Ramalho. Ele seria um aliado fundamental nessa proposta, que pode e deve sair do papel. Seria a oportunidade de criar, enfim, uma verdadeira enciclopédia do futebol são-paulino — lembrou com carinho.

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