menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!

Filhos de Castilho e Telê relembram Copa Rio de 1952 e destacam craques do Fluminense

Ganso e Fábio carregam legado dos ídolos campeões mundiais

imagem cameraTime do Fluminense campeão da Copa Rio de 1952 (Foto: Reprodução/Flu Memória)
WhatsApp-Image-2025-03-27-at-16.45.12-aspect-ratio-1024-1024
Sharon Nigri Prais
Enviada especial
Dia 16/06/2025
11:54
Atualizado há 1 hora

  • Matéria
  • Mais Notícias

COLÚMBIA (EUA)O Lance! já contou a história o título da Copa Rio de 1952, explicou o formato da competição e o porquê de ser considerado um título mundial. Dessa vez, quem conta a história são Carlos Castilho e Renê Santana, filhos dos campeões e ídolos do Fluminense, Castilho e Telê Santana. Eles, que não testemunharam o título, contaram lembranças repassadas na família e deram seus depoimentos sobre a conquista.

continua após a publicidade

➡️ Tudo sobre o Tricolor agora no WhatsApp. Siga o nosso novo canal Lance! Fluminense 

Renê e Carlos não se conhecem pessoalmente, de modo que o encontro virtual começou emocionante e terminou com emoções ainda mais afloradas, além de promessas de uma visita acompanhada de um café. Atualmente, um mora em Belo Horizonte e outro no Rio de Janeiro.

— Você, sua família, sua história, moram aqui em nosso coração. Conheci sua irmã, Shirley, e eramos amigos. Quando você veio, meu pai já tinha parado de jogar de futebol, então era outro momento — Renê abriu a conversa.

continua após a publicidade

Ele acompanhou apenas o final de carreira de Telê, mas não testemunhou o período em Laranjeiras. O "fio de esperança" defendeu o Flu entre 1950 e 1961, sendo o terceiro jogador com mais jogos disputador pelo clube, tendo entrado em campo 559 vezes. Já Castilho, defendeu o Fluminense entre 1946 e 1965, sendo até hoje o atleta com mais partidas pelo Tricolor, tendo atuado em 698 jogos. Depois do Flu, foi para o Paysandu, onde jogou mais uma temporada e se aposentou.

➡️ Jogadores com mais jogos pelo Fluminense: veja o top 10 da história

"Terminou a Copa Rio de 52 com a vitória do Fluminense. Sua festa comemorativa ao seu cinquentenário de existência, o club das Laranjeiras obteve para suas gloriosas páginas, o honroso título de campeão dos campeões internacionais". Assim descreveu o jornal Diário da Noite em 4 de agosto de 1952.

Fluminense Copa Rio
Diário da Noite sobre o título da Copa Rio (Foto: Reprodução/Diário da Noite)

— Então, a gente não viveu aquilo, mas eu tenho de histórias e encontros com ex-jogadores. Eu costumo dizer que a Copa de 50, por exemplo, eu não estive lá, porque eu nasci em 56, mas conheci tantos jogadores daquela seleção que entendo perfeitamente aquela história e a forma com que cada um jogava. Então, eu conheci jogadores ali, aqueles que a gente nem tinha nascido ainda e jogaram competições importantes, como foi o caso da Copa Rio de 52. — disse Renê.

continua após a publicidade

— Eram amigos, eram muito próximos, e as famílias se conheciam. Eu peguei a época do meu pai já como técnico de futebol, que ele passou a ser depois que parou de jogar, mas meu pai citava que essa conquista de 52 foi muito marcante, até porque os brasileiros, de uma maneira geral, vinham de uma autoestima em baixa em função da perda da Copa de 50. E para o meu pai foi muito especial, até porque ele estava naquela seleção, na reserva do Barbosa que, coitado, ficou marcado a vida toda com aquela derrota. Muito amigo nosso também. — complementou Carlos, que leva o nome do pai.

Recorte do jornal Diário da Noite sobre a vitória contra o Peñarol (Foto: Reprodução)

A Copa Rio aconteceu dois anos depois da fatídica derrota do Brasil para o Uruguai na Copa do Mundo, episódio que ficou conhecido como Marcanazo. O triunfo tricolor foi definido como uma espécie de revanche por Carlos e Renê, que relembraram que o time urugaio era a base da seleção campeã do mundo, contando com Gighia e Schiaffino, que marcaram os gols do título que calaram o Maracanã.

O Flu vinha de apresentações pouco convincentes na competição. O empate sem gols com o Sporting e a magra vitória sobre o Grasshopper deixavam o torcedor desconfiado. No entanto, o 3 a 0 aplicados sobre o Peñarol "lavaram a alma" dos tricolores e de Zezé Moreira, então treinador, que afirmou que "a vitória era necessária. Precisamos desse triunfo para responder àqueles que vinham nos vaiando nos jogos anteriores".

Em um rápido paralelo, vale relembrar os jogos de 2025, antes de viajar para os Estados Unidos. Embora tenha emplacado uma sequência de vitórias, vaias embalaram o Maracanã pelo mesmo motivo de 70 anos atrás, o que gerou resposta de Renato Gaúcho em diversas coletivas.

Recorte do Diário da Noite sobre a vitória do Fluminense contra o Peñarol nas vésperas do cinquentenário do Tricolor (Foto: Reprodução)

A escalação do Tricolor parecia música, de acordo com Renê Santana, que cantarolou "Castilho, Píndaro e Pinheiro; Jair, Edson e Bigode..." - Telê, Didi, Marinho, Orlando Pingo de Ouro e Quincas completavam. Um fato pouco conhecido é que Telê, antes de despontar como profissional, jogou pelo time de aspirantes do Flu, conforme contou seu filho:

— Por acaso, a seleção do Uruguai treinava com os juvenis, e o papai treinava nos juvenis do Fluminense. O papai foi campeão em 50 pelos juvenis, mas ele era 'sparring' do 'escrete' do Uruguai. Aí, em 51, foi o primeiro ano do papai, e foi a revelação do Campeonato Carioca. Foi a revelação, porque ele, com 19 anos, entrou no Fluminense, jogou todos os jogos como titular. Na final de 51, ele marcou dois gols contra o Bangu. Aí ele foi com moral, o Fluminense foi com moral como campeão carioca para essa Copa Rio de 52.

Telê Santana quando defendia o Fluminenese (Foto: Reprodução/Flu Memória)

Reconhecimento do título mundial do Fluminense

A Copa Rio foi um campeonato cuja primeira edição foi em 1951 e os planos eram para que acontecesse a cada dois anos. Contudo, em virtude do aniversário de 50 anos do Flu, o clube, junto com a Confederação Brasileira de Desportos (CBD, equivalente à CBF) e com a prefeitura do Rio de Janeir, organizou uma nova edição em 1952, com as custas pagas pelo Tricolor.

— Então deve ter sido por isso que eles ainda estão resistindo a reconhecer oficialmente. Mas eu acho que isso é uma questão de tempo. Estão demorando muito, mas haverão de reconhecer. Mas é uma competição que trouxe muito orgulho para o Fluminense. — apontou Renê Santana.

— Há 70 anos atrás, você não tinha o mundo globalizado que a gente tem hoje, o intercâmbio entre os clubes, entre os países. O meu pai fazia, com o Telê também, todo o time do Fluminense, viajavam muito de navio, né? Eram muitas viagens de navio, às vezes, eles demoravam uma beça para ir para outro país. Era outro mundo, era outra época. — complementou Carlos.

Castilho beijando a taça da Copa Rio de 1952 (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Sobre estas viagens, o filho de Telê relembrou que, quando criança, se encantava com as histórias de Ely do Amparo, ex-jogador do Vasco que foi seu vizinho, sobre as sereias que cantavam ao longo do trajeto, fazendo com que os jogadores tampassem os ouvidos. Ainda, contou sobre um caso curioso sobre uma excursão do Flu.

— Em toda a história do papai, o Castilho esteve. Só quando, em alguma contusão, foi o Veludo que jogou. Mas eu me lembro que eles tiveram uma aterrissagem na Amazônia, eles fizeram uma aterrissagem forçada e atravessaram um rio com canoa dos índios, que salvaram e fizeram o resgate dos jogadores do Fluminense.

Admiração e histórias de Renê Santana e Carlos Castilho

— O Castilho era um grande herói e a estátua do Castilho no Fluminense, que eu saiba, foi uma exigência iniciada pelo papai. Ele começou a citar isso por causa da história do Castilho. Ele era o sujeito que chegava antes de todo mundo, saía depois de todo mundo, de noite já todo sujo, ia tomar banho e ficava no campo treinando o tempo todo.

Além disso, houve o tradicional episódio que contribuiu ainda mais para a idolatria do ex-goleiro, que transcende gerações:

— O meu pai jogando e treinando, ele quebrou várias vezes o dedo mínimo da mão esquerda. Como era comum aos goleiros e jogaram sem luvas, sem luvas o tempo todo. E naquela época era aquela bola, era aquela bola pesadíssima, não era essa bola de hoje de alta tecnologia, né? Então o meu pai quebrou várias vezes o dedo mínimo da mão esquerda e ele não parava pra cuidar do dedo e continuava jogando. E o dedo foi ficando todo torto, foi ficando deformado e chegou um momento em que estava impossível de continuar a jogar. E o Fluminense estava indo para as finais de um campeonato carioca, ia ter um jogo importante, eu acho que era realmente com o Flamengo. E o doutor Paes Barreto, que era o médico do Fluminense, falou pra ele: 'olha Castilho, você tem que parar pra cuidar do dedo, mas tem que fazer uma cirurgia, botar o dedo no lugar. Só que isso você vai precisar ficar afastado do clube dois, três meses'. Aí ele falou 'não, então aputa o dedo'. — contou Carlos.

— Eu cresci também sabendo dessa história, o papai contava isso. Quer dizer, ele via no Castilho um verdadeiro herói, um guerreiro, daqueles de sair, de sangrar, de medir esforços pra jogar pelo Fluminense, pra defender o tricolor. Ele foi muito a referência do Telê, assim como Didi. — declarou Renê. — O papai olhava pra ele e falava: 'olha, eu nunca vou ser o artista da bola que esse cara é, mas eu vou ser tão importante ou mais importante do que ele pro time.' Aí ele virou o cara que corria o campo todo. Ele atacava, defendia, como num livro do Mário Filho, "O Sapo de Arubinha", ele conta que o Telê era o ponteiro dos segundos, enquanto os outros todos eram o ponteiro dos minutos, do relógio. Porque ele corria o campo todo.

De Castilho e Telê à Fábio e Ganso

Próximo da estreia no Mundial de Clubes de 2025, o Fluminense conta com a genialidade de suas estrelas para avançar para as oitavas de final. No grupo F, o Tricolor enfrenta primeiro o Borussia Dortmund, no dia 17, no MetLife Stadium. Na sequência, terá o Ulsan, no dia 21, e o Mamelodi Sundowns, em 25 de junho, para fechar a fase de grupos.

Entre os craques, estão Ganso e Fábio, que carregam o legado dos ídolos que conquistaram a Copa Rio de 1952. Renê contou que, depois que Didi saiu para o Botafogo, Telê se tornou o principal jogador do Flu, atuando pelo meio de campo, como o maestro Paulo Henrique Ganso, que conta com sua admiração e em quem vê as melhores chances do time.

— Os dois tem uma característica em comum. Nessa posição, ele precisa colocar a bola no lugar certo, tem que ter um primor para vestir essa camisa 10 e é isso que o Ganso faz. Ele tem uma visão de jogo e uma metida de bola onde ele acha a brecha que me lembra o Telê, que foi um 'self-made man', não foi ensinado, ele se produziu. Acredito muito do Fluminense no Mundial por conta da presença dele. — declarou o filho de Telê.

— Ganso é um jogador que prevê a jogada futura. Enxerga o jogo de uma maneira esplêndida. Arias também é um jogadoraço, de muita intensidade também. — completou Carlos.

Outro paralelo que se pode traçar entre os times é a presença de um grande goleiro, algo frequente na história tricolor. Se em 1952 Castilho, que dá nome ao centro de treinamento do clube, protegia a meta tricolor, em 2025 Fábio é quem dá conta do recado.

— O Fábio é impressionante. Continua jogando em alto nível. Castilho parou com 38, ele está com 44. É um feito.

Fluminense Castilho Telê
Ganso em campo pelo Fluminense contra a Apareciedense, pela Copa do Brasil (Foto: Mateus Bonomi/AGIF)


Mais lidas

Newsletter do Lance!

Fique por dentro dos esportes e do seu time do coração com apenas 1 minuto de leitura!

O melhor do esporte na sua manhã!
  • Matéria
  • Mais Notícias