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Após nove anos, sobrevivente do acidente da Chapecoense dá entrevista a jornal europeu

Alan Ruschel foi um dos seis sobreviventes da tragédia aérea em 2016

Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porNathalia Gomes,
Dia 28/11/2025
15:46
Alan Ruschel
imagem cameraAlan Ruschel em ação pela Chapecoense (Foto: Marcio Cunha/Chape)

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O acidente com o avião da Chapecoense completa nove anos neste sábado (29). Alan Ruschel, um dos seis sobreviventes da tragédia aérea, revisitou os acontecimentos da madrugada que marcou sua vida. Em entrevista ao jornal espanhol "Marca", o capitão do Juventude falou sobre a queda da aeronave, o processo de recuperação e os impactos posteriores na vida pessoal e esportiva.

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— Eu lembro de tudo até o momento do impacto. O piloto avisou que estávamos prestes a aterrissar, demos uma volta, depois outra, e nada… não pousávamos. De repente, em uma dessas voltas, todas as luzes do avião se apagaram e ficou tudo em silêncio. Ninguém gritou, não houve pânico, só aquela sensação de "o que está acontecendo?". E aí eu não lembro de mais nada — disse Alan Ruschel, em entrevista ao Marca.

O acidente aéreo levava o elenco e comissão da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana de 2016. A queda teve 71 vítimas fatais, e apenas seis sobreviveram, dentre eles estão Jackson Follman, Neto, Alan Ruschel (jogadores), Rafael Henzel (jornalista) e os tripulantes Erwin Tumiri e Xemena Suarez. O clube catarinense foi declarado campeão após o Atlético Nacional, adversário na decisão, enviar um pedido à Conmebol para que se reconhecesse a Chape como vencedor.

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Ruschel explicou que a delegação já havia utilizado o mesmo avião durante a campanha da Copa Sul-Americana, mas que o processo para viabilizar o voo sempre foi complexo. O jogador também contou que pretendia viajar sozinho nas fileiras do fundo do avião, mas que mudou de lugar após a chegada de um dos últimos passageiros.

— Já tínhamos viajado nesse avião. O que era estranho era a burocracia para poder usá-lo, porque não podia aterrissar no Brasil e tínhamos que fazer muitas gestões. Mas era tudo novo para o clube e ninguém pensou que pudesse acontecer o que aconteceu.

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Alan Ruschel em ação pelo América-MG (Foto: Reprodução/Instagram)
Alan Ruschel em ação pelo América-MG (Foto: Reprodução/Instagram)

— Eu queria viajar só e deitar no fundo. Quando um jornalista sentou ao meu lado, pensei que não poderia. Naquele momento, o Follmann me chamou e fui para perto dele. Passamos todo o voo conversando e ouvindo música.

Alan Ruschel comentou relatos feitos pelos resgatistas que o atenderam. Segundo o sobrevivente, ele não se recorda dos instantes após ser encontrado, mas foi informado posteriormente sobre sua reação no local. O lateral lembrou que um dos médicos que acompanhou sua recuperação inicial chegou a considerar que ele não voltaria a caminhar.

— Eles me disseram que eu estava em estado de choque, que pedia para chamarem meu pai e que entreguei meus documentos e minha aliança. Não lembro de nada disso. Eu repetia que tinha frio e dores nas costas e no braço. Tinha um pedaço de madeira cravado no braço e várias vértebras fraturadas. Tive de ser operado.

— O médico achou que eu tinha perdido a mobilidade. Ele me contou que, ao ver as imagens, pensou que eu não voltaria a andar. Quando chegou ao hospital, me furou o pé com uma agulha e eu senti. Ele disse que havia possibilidade de eu voltar a caminhar. Eu não tinha ideia do que tinha acontecido. Perguntava pelas pessoas e ninguém me dizia nada. Quando finalmente me contaram, fiquei sem reação.

Acidente da Chapecoense em 2016

Chapecoense foi declarada campeã da Sul-Americana de 2016 (Foto: Divulgação/Chapecoense)
Chapecoense foi declarada campeã da Sul-Americana de 2016 (Foto: Divulgação/Chapecoense)

O voo que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia caiu na noite de 28 de novembro de 2016, durante a aproximação ao Aeroporto de Medellín. A equipe seguia para disputar a final da Copa Sul-Americana quando a aeronave da companhia boliviana LaMia sofreu uma pane total após ficar sem combustível, levando à queda em uma região montanhosa próxima a Cerro Gordo.

O acidente causou a morte da maior parte dos passageiros, entre jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e tripulantes. Apenas seis pessoas sobreviveram. As investigações apontaram que o avião decolou com autonomia insuficiente e sem margem de segurança para completar o trajeto previsto.

O episódio interrompeu um dos momentos mais marcantes da história do clube, que disputaria a primeira final continental, e gerou mobilização internacional em torno das vítimas e de seus familiares. O impacto levou a mudanças em protocolos de operações aéreas e expôs falhas na gestão da rota executada pela companhia responsável pelo voo.

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