Ídolo do Chelsea ressurge na segunda divisão com ataque imparável
Com passagem em times ingleses, ex-jogador vive grande momento no Coventry City

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Há pouco mais de um ano, Frank Lampard parecia ter desaparecido do mapa. Após passagens frustrantes por Chelsea e Everton, sua reputação como técnico parecia irrecuperável. Sem clube, o ex-meia lendário convivia com o rótulo de promessa que não vingou à beira do campo. No mesmo período, o Coventry City, tradicional equipe do centro da Inglaterra, afundava na 17ª colocação da Championship, apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento.
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Hoje, treinador e clube caminham lado a lado em uma inesperada história de renascimento. Sob o comando de Lampard, o Coventry lidera a segunda divisão inglesa, segue invicto e exibe o futebol mais produtivo do país, com média de três gols por partida.
Do caos à consistência
Quando chegou, em novembro de 2024, Lampard herdou uma equipe instável. O antecessor, Mark Robins, deixara um legado importante — duas promoções e uma semifinal da Copa da Inglaterra —, mas o ciclo parecia esgotado. O time jogava sem confiança, com uma defesa vulnerável e um ataque previsível.
Lampard mudou o ambiente de imediato. Ajustou o posicionamento defensivo, acelerou as transições e deu liberdade aos jogadores de ataque. O impacto foi imediato. O Coventry encerrou a temporada passada em quinto lugar, alcançando sua melhor campanha em 55 anos e disputando as semifinais dos playoffs de acesso. Embora eliminado pelo Sunderland nos acréscimos, o clube encontrou um novo rumo.
Nesta temporada, o time deu um passo além. O Coventry tem o melhor ataque da Championship (27 gols) e a terceira melhor defesa (apenas sete sofridos em nove rodadas). As vitórias recentes por 3 a 0, 4 a 0 e 5 a 0 consolidaram uma invencibilidade que já desperta comparações com campanhas históricas.

Filosofia ofensiva e identidade coletiva
A transformação passa pelo estilo de jogo. Lampard abandonou o pragmatismo dos tempos de Premier League e resgatou o DNA ofensivo que o destacou no Derby County, em 2018. O Coventry é direto, veloz e agressivo: busca constantemente o passe vertical e a progressão rápida ao gol, priorizando a eficiência sobre a posse.
Os números sustentam o sucesso. A equipe lidera a liga em finalizações (158), chutes no alvo (52) e chances criadas (92). Nenhum time ataca tanto nem pressiona tão alto no terço final. “Estamos jogando com a mistura perfeita de detalhes e liberdade”, definiu o meio-campista Matt Grimes, um dos líderes técnicos da equipe.
Lampard também corrigiu as fragilidades defensivas. Antes de sua chegada, o Coventry sofria 1,5 gol por jogo; agora, a média caiu para 0,78. A dupla de zaga formada por Bobby Thomas e Liam Kitching tornou-se referência de consistência: juntos, foram driblados apenas cinco vezes na temporada.
— Não éramos compactos o suficiente. Priorizamos o trabalho sem a bola, e isso mudou tudo — disse o treinador.
Eficiência com orçamento modesto
O sucesso é ainda mais impressionante diante do orçamento limitado. O Coventry investiu apenas £3,5 milhões em reforços durante o último verão europeu. Lampard apostou na continuidade e no desenvolvimento individual. A permanência de Jack Rudoni, cobiçado por Southampton e Newcastle, foi decisiva. O meio-campista lidera a equipe em desarmes, passes progressivos e ações de criação.
Outro nome crucial é o lateral Milan van Ewijk, que quase deixou o clube por 10 milhões de euros rumo ao Wolfsburg. Hoje, é o principal garçom do elenco, com cinco assistências — marca que o coloca entre os líderes da liga.
No ataque, o técnico recuperou o protagonismo de Haji Wright. O atacante americano, artilheiro da Championship com oito gols, tornou-se a principal referência ofensiva. Ao seu lado, Brandon Thomas-Asante e Victor Torp completam um trio que já soma 18 gols.
O treinador renascido
Lampard também parece ter se reencontrado. No Derby County, em 2018, revelou talentos como Mason Mount e Fikayo Tomori. No Chelsea, viveu altos e baixos. Já no Everton, não resistiu à pressão. Em Coventry, redescobriu o equilíbrio entre método e instinto.
— Trabalhamos duro e tivemos um bom começo. É importante manter os pés no chão — afirmou, cauteloso, após a vitória mais recente. Mesmo assim, é impossível ignorar a empolgação ao redor. O clube vive uma conexão inédita com a torcida, o elenco transborda confiança e o estilo de jogo encanta.

O calendário também ajuda, já que os próximos quatro adversários estão na metade inferior da tabela, que abre caminho para que a sequência invicta continue. Caso mantenha o ritmo, o Coventry pode trocar o sonho dos playoffs pela luta direta pelo título, algo impensável há apenas um ano.
Lampard, por sua vez, parece ter encontrado no interior da Inglaterra o cenário ideal para reerguer a própria carreira. De promessa frustrada a líder de um projeto exemplar, ele transformou o Coventry, e o Coventry o transformou de volta.
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