Treinadora brasileira Lindsay Camila reflete sobre carreira e sonho de levar a Costa Rica à Copa do Mundo
Ao L!, técnica fala sobre desafios da profissão e trabalho no novo país

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Campeã da Libertadores e da Série A2, e nome de peso na história do futebol feminino brasileiro, a treinadora brasileira Lindsey Camila agora comanda a seleção da Costa Rica. Um desafio internacional em um país que busca voltar a se classificar a Copa do Mundo Feminina de 2027, conforme conta, em entrevista exclusiva ao Lance!.
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A chegada foi marcada por um processo seletivo incomum para os padrões do futebol sul-americano. Lindsey passou por etapas com tradutor, psicólogo, coordenador e presidente da federação, cada um avaliando pontos distintos.
— Foi um processo seletivo. Eu não sabia como funcionava antes. Fui passando por reuniões separadas, e isso me chamou atenção. Achei muito legal essa maneira de se escolher. É um processo bacana. Eu brinco que eu consigo enganar muita gente — disse.
Agora, além dos amistosos, a brasileira também acompanha jogos das competições nacionais como forma de se habituar mais ao país e expandir o leque de opções.
A Costa Rica tem um histórico modesto na Copa do Mundo Feminina da FIFA. A seleção não conseguiu vaga nas edições de 1991, 1999 e 2019 e não participou das eliminatórias em 1995. Voltou ao cenário mundial em 2015, no Canadá, quando disputou sua primeira edição e caiu na fase de grupos, somando dois empates e uma derrota. Em 2023, na Austrália e Nova Zelândia, novamente parou na fase inicial, com três derrotas em três jogos. Confira entrevista em vídeo:
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Primeiras impressões
Recém-instalada no país, a técnica ainda tenta ajustar o relógio, mas já sente o clima local.
— Estou sendo muito bem acolhida. É um reconhecimento que me deixa feliz. Infelizmente não no meu país, mas num lugar com qualidade de vida. As pessoas são tranquilas — afirmou.
A recepção também marcou o primeiro contato com dirigentes e imprensa. E os objetivos foram tratados sem rodeios. Lindsey tem contrato até o fim da Copa do Mundo de 2027 e chega com uma missão direta: levar a Costa Rica ao Mundial.
A federação local também trabalha nos bastidores para algo ainda maior: sediar a Copa de 2031, em candidatura conjunta com México e Estados Unidos. No diagnóstico inicial, Lindsey encontrou um país com três divisões femininas, mas sem profissionalização. A primeira divisão reúne apenas oito clubes, e 12 jogadoras atuam no exterior. A ideia é aumentar essa circulação, inclusive em direção ao Brasil.
— Quero enviar algumas atletas para clubes brasileiros. Estou conversando com alguns. Até quarta-feira já vou ter assistido todos os jogos da primeira divisão — conta Lindsay.
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Lindsay Camila compara diferentes cenários do futebol feminino
A treinadora também comparou o estágio do futebol costarriquenho com suas experiências em França, Brasil e Arábia Saudita. A França, segundo ela, mantém vantagem por oferecer formação estruturada desde cedo. Já a Arábia vive o momento de expansão acelerada.
— É um país indo para o quarto torneio. É um mundo completamente diferente — define, sobre a passagem como treinadora Al-Ittihad. Sobre o Brasil, Lindsey foi sincera ao avaliar o próprio lugar no mercado nacional.
— Não que eu me senti injustiçada… mas desconfortável, sim. Eu queria cuidar da minha saúde mental. Vamos ter 18 equipes e apenas duas com treinadoras mulheres. Não sei se isso influenciou para não me buscarem. Tenho minha personalidade, minha essência — pontuou ela, que já treinou Jaguariúna, Atlético-MG, Ferroviária e Bahia, além da Seleção Brasileira feminina sub-17.

Agora, o foco está totalmente na Costa Rica. E no campo, Lindsey promete manter sua identidade de jogo.
— Eu gosto de jogo agressivo, bloco alto, pressão. Jogo direto, objetivo, poucos toques — define seu estilo. Fluente — ou "enganando", como ela brinca — em cinco línguas, Lindsey Camila inicia um novo ciclo com metas claras e muita responsabilidade. Ela vê na seleção costarriquenha a oportunidade de escrever mais um capítulo marcante na carreira, mesmo longe do Brasil.
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