Da prevenção ao retorno ao esporte, futebol feminino soma forças no combate ao câncer
Casos como Luana Bertolucci, do Orlando Pride, e Suzana Agostini, ex-Santos, chamaram atenção em 2025

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O futebol feminino tem mostrado cada vez mais que a luta dentro de campo vai além das quatro linhas. Questões de saúde, como o câncer, têm sido pauta de atletas, clubes e torcedoras, reforçando a importância da conscientização e da prevenção.
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Contra a Inglaterra, a Seleção Brasileira entrou em campo usando fitas rosas, em alusão ao Outubro Rosa, campanha de conscientização e prevenção do câncer de mama. A iniciativa simboliza apoio à causa, mas especialistas lembram que a luta vai além das campanhas: é preciso engajar não apenas atletas e profissionais de saúde, mas também clubes, torcidas e a sociedade como um todo na promoção de informação, prevenção e cuidado contínuo com a saúde da mulher.
Saúde em Campo é a seção exclusiva do Lance! que traz mensalmente conteúdos especiais sobre saúde e bem-estar voltados para o futebol feminino. Nesta edição, o tema é câncer, em especial os tipos com maior incidência nas mulheres.
Casos de câncer em atletas
Casos como o da jogadora Luana Bertolucci, que superou um linfoma de Hodgkin, que retornou aos gramados em setembro após se recuperar da doença.

No mesmo mês, a ex-jogadora Suzana Agostini faleceu após enfrentar um tratamento de uma forma agressiva de câncer de útero, causando comoção no mundo do esporte.

Para falar sobre o tema, o Lance! conversou com a Dra. Taciana Mutão, oncologista clínica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Mineira, a profissional trilhou um caminho marcado pela dedicação à oncologia. Formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba, ela iniciou sua trajetória na clínica médica antes de seguir para São Paulo, onde se especializou em oncologia clínica no Hospital Albert Einstein.
Desde 2017, atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, com foco em tumores femininos, apesar de lidar com diversos tipos da doença. Em entrevista, ela fala sobre fatores que aumentam os riscos.
— A gente divide os fatores em dois grupos: os que não podem ser mudados — como idade, histórico familiar e questões hormonais — e os que são modificáveis, ligados ao estilo de vida. Tabagismo, consumo de álcool e excesso de peso aumentam o risco de câncer de mama, endométrio e intestino. No caso das atletas, quando deixam de treinar e mudam a rotina alimentar, podem ganhar peso e isso impacta diretamente na saúde, especialmente na menopausa — tudo isso somado eleva o risco — destaca a especialista.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os tumores mais prevalentes nas mulheres são: mama (30% do total de tumores), cólon e reto (9,7%), colo do útero (7%) e pulmão (6%).
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Prática esportiva auxilia na prevenção
A Dra. Taciana também explica a relação entre esporte e prevenção.
— A atividade física regular, como jogar futebol, ajuda a reduzir o risco de câncer de mama. O esporte contribui para manter o peso ideal, controlar a obesidade e melhorar o condicionamento físico, fatores que influenciam diretamente na prevenção — explica.
É preciso melhorar estrutura de saúde no futebol feminino
Segundo a oncologista, mesmo em clubes com estrutura médica completa, ainda há desafios para monitorar a saúde de todas as atletas, principalmente em clubes menores.
— Mulheres na faixa dos 20 aos 30 anos já devem realizar exames preventivos como o papanicolau, e o rastreio de mama deve começar por volta dos 40 anos, ou antes, dependendo da história familiar — reforça Taciana.
A alimentação equilibrada, evitar álcool e tabaco, proteção solar e manutenção da atividade física também são pontos fundamentais para reduzir riscos. A médica ressalta que o acompanhamento pós-tratamento é essencial para a reintegração da paciente à rotina diária e, no caso das atletas, para que possam voltar ao esporte com segurança.
Dicas de prevenção, segundo a Dra. Taciana Mutão:
- Mantenha uma alimentação equilibrada e controle o peso corporal
- Pratique atividade física regularmente, incluindo exercícios aeróbicos e musculação
- Evite tabaco e consumo excessivo de álcool
- Realize exames preventivos anuais, como papanicolau e mamografia, seguindo a orientação médica.
- Observe sinais do corpo e faça autoexame de mama regularmente
- Use proteção solar adequada e evite exposição excessiva
- Converse com profissionais de saúde antes de iniciar terapia hormonal, se necessário
Diagnóstico não é o fim
O diagnóstico de um câncer nunca é simples, mas ele também não representa o fim. A médica oncologista Taciana Mutão reforça que a medicina evoluiu a ponto de oferecer múltiplas possibilidades de tratamento — muitas delas com menos efeitos colaterais e resultados promissores.
— A oncologia não se resume à quimioterapia. Hoje temos imunoterapia, drogas mais direcionadas e terapias orais que permitem tratar com mais qualidade e conforto — explica. Segundo ela, cada caso é único, e o avanço científico tem garantido mais sobrevida com qualidade de vida.
A especialista lembra que, após o tratamento, a recuperação não é apenas física, mas também emocional. O corpo perde condicionamento, e o retorno à rotina — seja no esporte ou no trabalho — deve ser feito de forma gradual e acompanhada por uma equipe multidisciplinar.
— Mesmo quem não é atleta sente o impacto. Às vezes há cansaço, dificuldade de concentração, queda de rendimento... tudo isso é comum, e precisa ser respeitado — afirma.
Por isso, Taciana reforça a importância de encarar o diagnóstico com esperança e planejamento. Com o acompanhamento adequado, o tratamento é apenas uma etapa no processo de cura.
— A medicina avançou muito. Hoje conseguimos não só prolongar a vida, mas devolver às pacientes a capacidade de viver bem, de voltar aos treinos, ao trabalho e à rotina com confiança — conclui.
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