Fifa admite déficit e promove ações de incentivo para mulheres treinadoras e líderes no futebol feminino
A diretora de futebol Jill Ellis falou sobre o tema em entrevista ao Lance!

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A Fifa reconhece que o crescimento do futebol feminino não tem sido acompanhado pela presença de mulheres em cargos técnicos e administrativos. Questionada sobre quais medidas concretas a entidade está tomando para ampliar o número de treinadoras e integrantes de comissão técnica, Jill Ellis, diretora de Futebol da Fifa, afirmou que o tema virou prioridade interna.
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Segundo Ellis, a Fifa já adotou uma exigência nas Copas Sub-17 e Sub-20: cada seleção precisa ter obrigatoriamente uma treinadora ou uma assistente técnica mulher. Para ela, embora o cenário ideal fosse que a mudança acontecesse de forma natural, é necessário intervir.
— Minha esperança é que, às vezes, queremos que as coisas aconteçam organicamente, mas às vezes precisamos legislar. Precisamos criar mais oportunidades para mulheres e às vezes precisamos empurrar. E a FIFA vai assumir — disse Jill Ellis, em entrevista exclusiva ao Lance!.
A pesquisa "Mulheres em Cargos de Comissão Técnica e Gestão no Futebol Brasileiro: Uma (Não) Possibilidade Profissional?", conduzida pela pesquisadora Joana Facio Angeli, identificou 672 profissionais atuando no futebol nacional, dos quais apenas 22% eram mulheres. No futebol feminino, houve crescimento da participação feminina, que atingiu 33%, especialmente em funções ligadas à área da saúde.
O estudo aponta que, apesar de avanços pontuais, as mulheres seguem concentradas em funções de menor visibilidade e associadas ao cuidado, enfrentando falta de representatividade e ausência de políticas institucionais que favoreçam sua ascensão. A conclusão reforça que elas continuam sub-representadas nos cargos de liderança no futebol brasileiro.
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O que a Fifa tem feito
A entidade estuda ampliar programas de apoio financeiro e formação, incluindo auxílio para obtenção de licenças de treinadoras. O modelo é semelhante ao que já existe nos Estados Unidos, onde bolsas específicas ajudam mulheres a arcar com os custos da qualificação. O objetivo é incentivar mais jogadoras a fazer a transição para a carreira de técnica e abrir caminhos reais de ascensão.
— É uma conversa que o presidente (Gianni Infantino) e eu tivemos: como aumentar o número de jogadoras que viram treinadoras? Tudo desde: financiar, apoiar licença de treinadoras, oferecer ajuda financeira. Nos EUA existe uma bolsa específica para mulheres tirarem licenças porque é caro — conta ela.
Ellis também destacou que a mudança não pode ficar restrita ao campo. A Fifa quer mais mulheres em posições executivas, participando efetivamente das decisões.
— Precisamos de mulheres tomando decisões executivas. Precisamos delas nas conversas, não só em funções administrativas, mas em posições de tomada de decisão. Isso vem com educação e formação contínua — refletiu Jill.
Para a dirigente, sua própria contratação simboliza o movimento que a Fifa pretende acelerar: colocar mulheres em postos estratégicos para garantir novas perspectivas e impulsionar transformações estruturais. "Se você só olha por uma lente, só vê uma coisa. Diferentes visões aceleram o crescimento."

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