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Entrevista exclusiva: uma aula de futebol com a treinadora Jéssica de Lima

Ao Lance!, ex-Ferroviária e Seleção sub-17 fala sobre carreira e como vê o futebol

Giselly Correa Barata
São Paulo (SP)
Dia 05/12/2025
10:02
Jéssica de Lima, treinadora de futebol. (Foto: Rafael Zocco/Ferroviária)
imagem cameraJéssica de Lima, treinadora de futebol. (Foto: Rafael Zocco/Ferroviária)

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Na tarde de 27 de novembro, em um hotel de São Paulo (SP), Jéssica de Lima, técnica de 44 anos, parecia ocupar um raro espaço entre dois mundos. Já não era a treinadora à beira do campo, pressionada pelo cronômetro e pelo placar. Também não era, ainda, a profissional que assume um novo projeto. Estava estudando, trocando ideias, fortalecendo redes e, sobretudo, respirando.

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A reportagem do Lance! a encontrou ali, em passagem pela capital para compromissos de aprimoramento profissional e networking. Uma pausa que, para ela, não é comum. Talvez por isso a conversa tenha caminhado naturalmente para temas que vão além das quatro linhas: estrutura, suporte, tática, identidade, saúde mental e o peso da trajetória.

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O novo momento de Jéssica de Lima

Menos de seis meses antes, Jéssica comandava a Ferroviária. Em maio, em entrevista exclusiva, falava dos planos no clube e da construção diária da Locomotiva. Agora, o reencontro revelou alguém mais reflexiva, mais calma, mais nítida. Como se o silêncio de Rio Preto, onde mora, tivesse reorganizado as ideias.

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Um dos assuntos que mais mobilizam Jéssica hoje é o movimento coletivo de treinadoras e profissionais em torno do fortalecimento do futebol feminino. Rosana Augusto, treinadora do Palmeiras, além de outras treinadoras, se reúnem virtualmente e formam uma rede de apoio e estudos com a Prof. Dra. Júlia Barreira, do Departamento de Ciências do Esporte da Universidade de Campinas (Unicamp).

— Existe um ponto que ele é a chave nisso. Todo mundo quer muito dar oportunidades para mulheres, em tudo. Fomento, desenvolvimento de atleta, então, legal. Mas eu acho que isso já está acontecendo.
Mas eu percebo que o suporte dessas mulheres está sendo um gargalo, não só nas treinadoras, não só nas gestoras. Está sendo uma tentativa e erro — explica Jéssica.

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Ela situa o momento atual do futebol feminino em perspectiva histórica.

— Nós somos a primeira geração de treinadoras, em termos de números. Teve outras, mas em outro contexto, esporadicamente. Tinha uma Magali aqui há 30 anos atrás, mas era sozinha. Então era outro contexto. Não é sobre ser pioneira ou não, mas estamos enfrentando problemas pioneiros que estão acontecendo — reflete.

Planos

Desde que saiu da Ferroviária, Jéssica não assumiu nenhum clube, apesar das sondagens. Ela se prepara para voltar ao mercado em 2026, mas mostra resiliência.

— Olha, no meu caso… Muitas pessoas me perguntaram, eu vou até abrir aqui. Eu tô resgatando uma coisa que eu nunca vivi na minha vida: eu nunca tive a possibilidade de poder falar assim 'eu posso parar agora'. Eu nunca tive isso — diz. Ela conta que, desde cedo, não havia estabilidade.

— Desde os meus 16 anos, eu acabava a competição em novembro e tinha que arrumar uma coisa pra fazer. Eu não tinha um setor terceiro antes do trabalho. Eu nunca tive isso. Isso, uma vez, já me gerou uma depressão. Me gerou um burnout — revela.

— Quando eu tava na seleção brasileira (sub-17) e acabou, eu ia ficar um momento. Eu me preparei, eu me planejei financeiramente pra eu ficar até fevereiro do outro ano, que era onde ia voltar a ter uma convocação. Eu ia ficar com a minha filha. Eu tinha ficado na Copa do Mundo um mês, tinha saído dela uma semana. Então eu ia ficar com ela. E a minha mulher ia continuar trabalhando. Eu ia ficar com a minha filha. Era a minha intenção essa — relembra Jéssica.

Mas a vida no futebol raramente segue o roteiro planejado.

— Mas uma semana ou duas semanas depois, veio a oportunidade para a Ferroviária. E eu fui para a Ferroviária — conta. Entre estudos de Psicologia, tática e até línguas estrangeiras, como o inglês, Jéssica segue se qualificando e atuante por um futebol feminino cada vez mais forte.

A entrevista completa está disponível no canal do Lance! no Youtube. Confira:

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