Pool da Copa: ‘A grande farsa da Costa Rica’

Jacques Sagot, jornalista do 'La Nación', analisa a fraca campanha costarriquenha, tentando explicar os motivos para o fracasso no Mundial da Rússia

Óscar Ramírez - Costa Rica
Técnico da Costa Rica é alvo da imprensa local (Foto: AFP)

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Nós jogamos um hexagonal (parte final das Eliminatórias da Concacaf) medíocre. Jogamos uma rodada terrível de partidas amistosas antes do Mundial. Nós jogamos mal a Copa do Mundo. Não há mais nada a dizer. Ramírez nos fez a todos, durante anos, ter a expectativa de que "estamos aprendendo", que "tudo faz parte de um processo", que "essas derrotas nos servirão para melhorar", que "tudo é ganho e acúmulo de experiência".

Assim foi ele. Como um maestro de orquestra que faz o gesto anunciador de um rugido muito alto e o que você ouve é um assovio ridículo, desafinado e solitário. Um evolução para o que? Uma Copa do Mundo que provavelmente iremos sem um único ponto e sem ter marcado um gol miserável. E essa foi a grande apoteose que Óscar Ramírez e sua equipe sempre previram para o futuro. Já existem pessoas que apoiam - seriamente - que o jogo contra a Suíça seja visto como o primeiro jogo de olho no Mundial do Catar. Como eles ouvem isso. Para acumular novas experiências e continuar aprendendo, para quê? Por uma nova, enorme e frustrante participação.

A Copa do Mundo tem 88 anos. Naquele tempo conseguimos um gracioso acesso às quartas de final, um artesão épico vadiando nas oitavas de final (onde fomos esmagados) e três eliminações na fase de grupos. Em um deles (2006) terminamos em penúltimo lugar na tabela geral. Esse é o nosso registro. Esse é o nosso lugar no concerto mundial de futebol. É isso que podemos mostrar como um registro na quase centenária história da Copa do Mundo.

Pior do que desapontamento, me sinto trapaceado. Eu pensei que contra o Brasil, Ramirez iria de Campbell e de Colindres, para gerar algum perigo na equipe rival. Mas ele não fez. Ramirez não pode, ele simplesmente não pode jogar ofensivamente. Não é em seu temperamento, é estranho à sua natureza. Ele é um técnico para jogar da área para trás. Tudo o que é risco o horroriza. Quem não se arrisca, nunca perderá, mas nunca saboreará o néctar do triunfo. Triste, me sinto triste. O que aconteceu no Brasil em 2014 deveria ser o primeiro capítulo de um longo processo de crescimento do futebol. Mas não foi assim. Nosso futebol era muito pequeno, como o bonsai, como os pés constrangidos das gueixas. Nós fomos flores por um dia.

* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.

Montagem Lance!/La Nación
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