Conheça a história de Torreira, possível titular e solução no Uruguai

Volante entrou no segundo tempo dos jogos da Copa pela Celeste e é apontado como solução do meio. Jogador tem bonita ligação com cidade natal e já foi comparado a Verrati<br>

Lucas Torreira pode ser uma solução para o problema do meio campo uruguaio. Contra a Rússia, nesta segunda-feira, às 11h, a tendência é que o jogador seja titular
(Foto: JOE KLAMAR / AFP)

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O Uruguai venceu as duas partidas que disputou até agora, contra Egito e Arábia Saudita, pelo placar mínimo de 1 a 0. Apesar da invencibilidade e a classificação para a próxima fase da Copa do Mundo de forma antecipada, a Celeste rem recebido críticas por conta do jogo pouco criativo. O técnico Óscar Tabárez ainda não conseguiu definir o meio campo uruguaio, que nos dois jogos foi composto por jogadores distintos. O volante Lucas Torreira entrou no segundo tempo das duas partidas e deu uma mobilidade diferente a equipe. Contra a Rússia, nesta segunda-feira, às 11h, em Samara, o volante de 22 anos e da Sampdoria está sendo cogitado e pedido pela imprensa uruguaia para ser o titular no meio celeste.

Opção no meio

O meio de campo uruguaio preocupa. Nos dois jogos, o setor não funcionou e não conseguiu munir de forma adequada Suárez e Cavani, sobrecarregando as laterais. Contra o Egito, Tabárez optou por Vecino, Nández, Bentancur e De Arrascaeta, uma escalação estreante em Copas do Mundo, composta por jovens jogadores. Não funcionou. A falta de experiência pesou e De Arrascaeta, o mais criativo do quarteto, ficou devendo.

Na segunda partida, o Maestro resolveu sacar De Arrascaeta e Nández optando por Cristian Rodríguez e Sánchez. A experiência da dupla agregou na partida, principalmente na marcação sem bola e na recuperação da posse, mas a criação, mais uma vez, ficou em falta. Com isso, o Uruguai depende muito das bolas paradas, jogada que rendeu os dois gols feitos na Copa até agora.

Dos meias e volantes citados, o único que jogou os dois jogos inteiros foi Rodrigo Bentancur e vindo da reserva, Lucas Torreira foi a escolha de Tabárez para mudar a cara do jogo. O volante da Sampdoria e nascido no pequeno povoado de Fray Bentos não decepcionou. Contra o Egito, entrou aos 43 minutos do segundo tempo e jogou pouco. Contra a Arábia Saudita, porém, entrou aos 14 minutos do segundo tempo e exibiu o bom futebol que o levou a seleção.

Torreira x Vecino

Nas duas vezes que entrou em campo, Torreira entrou no lugar de Vecino. O jogador da Inter de Milão ocupa uma posição diferente de Torreira e joga mais na frente da linha do meio campo, se concentrando em trabalhar mais como um articulador, apesar de também jogar de volante. Torreira cumpre um papel diferente, é o número cinco clássico, que desarma e organiza o meio campo defensivamente.

Em relação a Vecino, Torreira jogou menos, mas teve um aproveitamento de passe maior que o concorrente no jogo contra a Arábia Saudita: 89% de acerta, contra 84% de Vecino. Além disso, criou boas chances de gol, teve mais eficiência nos desarmes e interceptações (três contra nenhum de Vecino). A sua entrada no time titular pode ser uma boa dobradinha com Bentancur e servir para dar mais liberdade para meias como Sánchez e Cristian Rodríguez, e até para De Arrascaeta.

- Me sinto mais adaptado ao funcionamento da equipe. Na Sampdoria jogo de volante mais centralizado. A medida que as partidas vão acontecendo, vou me sentindo mais cômodo e me sinto muito tranquilo e feliz - disse em entrevista coletiva, nesta sexta-feira

O 'Verratti uruguaio'

Para conhecer Torreira, primeiro precisa-se conhecer a cidade de Fray Bentos, a pequena cidade com cerca de 23 mil habitantes em que o jogador nasceu. O povoado faz parte da identidade do jogador e até hoje influencia seus passos. Apesar da forte conexão, o volante começou sua carreira no Wanderers, em Montevidéu, um clube de menor expressão da capital.

- Viver em Montevidéu foi difícil, eu estranhava muito a quantidade de trânsito, de pessoas. Mas vivia com a minha irmã, que trabalhava no shopping, então não me sentia tão sozinho - disse ao 'Referí'

Foi no Wanderers que Torreira virou volante, antes jogava mais adiantado como meia. Sua carreira lá, porém, não durou muito tempo. E no mesmo ano em que chegou (2015) foi embora para a Itália para jogar na base do Pescara. Suas boas atuações no sub-19 do clube chamaram atenção e o uruguaio chegou a ser comparado com outro grande jogador revelado pelo clube: o volante Marco Verrati, que começou a carreira no Pescara e atualmente está no Paris Saint Germain. Ao todo, foram 29 jogos e quatro gols marcados.

Torreira, naturalmente, subiu para equipe principal e com pouco tempo alcançou a titularidade. No Pescara foram 34 partidas e quatro gols marcados, o que lhe rendeu um empréstimo a Sampdoria, em 2016, antes de ser contratado de forma oficial pelo clube genovês.

Conterrâneo e o pedido da Itália

Ao chegar no Sampdoria, uma grata surpresa. O jogador não era o único uruguaio do plantel, o que não chega a ser surpreendente, tendo em vista a força e representatividade do futebol uruguaio na Europa nos últimos anos. A coincidência se dá por se tratar de Gastón Ramírez, que também nasceu em Fray Bentos e era uma das referências do jogador.

- É incrível que tenha dois jogadores do mesmo povoado na mesma equipe. Para mim é algo muito lindo. Em Fray Bentos, Gastón Ramírez era a imagem do jogador de futebol que deu certo. Era o ídolo do povo e eu aproveito para falar muito com ele sobre seleção, ele me aconselha muito - relembrou o jogador

A identificação na Itália fez com que o volante pudesse desenvolver ainda mais seu futebol. Até o momento já são 74 partidas disputadas, com quatro gols e quatro assistências. As atuações renderam elogios da imprensa italiana, que já o definiu como "um dos melhores volantes do campeonato italiano". Torreira chegou a ser cogitado pela imprensa para defender as cores da Azzura.

- Da Itália escutei muitas coisas, mas só vindo da imprensa, a mim nunca chegou nada de concreto. Meu sonho é jogar uma Copa do Mundo com o Uruguai - disse ao 'Referí', no início de 2018


De Fray Bentos para a Rússia

A ligação com sua cidade natal e o sonho de defender o tom celeste de seu país falaram mais alto. No início de sua carreira, ainda no Pescara, o volante queria o número 18 para estampar sua camisa, porque 18 era o número de sua casa em Fray Bentos. Apesar da vontade, não conseguiu utilizar o número preferido e, na época, o número que sobrou foi o 34, que carrega até hoje.

Torreira, porém, conseguiu ressignificar o número e fazer outra conexão com a sua cidade. Fray Bentos é conhecida pela produção de carne e Torreira comprou um açougue para o seu pai e seus irmãos, que administram, com amigos, o estabelecimento. O nome? "La 34" ("A 34"), em homenagem ao número de sua camisa.

Assim como Gáston Ramírez, seu companheiro de equipe, continua botando o nome de sua cidade em evidência. O sonho de defender o Uruguai já foi realizado. O volante fez sua estreia neste ano, em março, um amistoso contra a República Tcheca que terminou 2 a 0 para o Uruguai. Até então, foram cinco jogos e a confiança do maestro Tabárez.

- Trabalho para chegar a seleção e cumprir meu sonho de botar meu nome na história do Uruguai. Na seleção só jogam os melhores e para poder chegar até ela tenho que estar a altura - enfatiza e sonha Torreira

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