Alemanha diz ter sido ‘chantageada’ pela Fifa contra uso de braçadeira LGBT na Copa

Ameaça de sanções aos capitães por uso de equipamento continua rendendo debate entre autoridades do esporte germânico e a imprensa local

Faixa de capitão 'one love'
Ameaça de sanções por parte da Fifa ao uso de braçadeira de apoio aos LGBT ainda rende (Foto: Divulgação/DFB)

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A Federação Alemã de Futebol (DFB) declarou nesta terça-feira que foi 'chantageada' pela Fifa para que desistisse de usar a braçadeira em solidariedade à comunidade LGBTQIAP+ nos jogos da Copa do Mundo, uma mudança de postura que rendeu diversas críticas.


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- Não nos ajoelhamos diante da Fifa. Compreendemos o desapontamento e a indignação. Fomos submetidos a uma chantagem extrema com a qual pensamos que tínhamos de tomar esta decisão, embora não quiséssemos tomá-la - informou o diretor de comunicações da DFB, Steffen Simon, à rádio "Deutschlandfunk".

A Alemanha, juntamente com outras seis seleções, tinha anunciado que usaria uma braçadeira com coração e diversas cores como parte da campanha "One Love". No entanto, após a Fifa ter anunciado sanções desportivas, as sete federações voltaram atrás nessa decisão, suscitando duras críticas na Alemanha.

- As federações aceitariam multas. Mas querem evitar consequências esportivas, como um cartão amarelo. Para elas, a braçadeira tinha menos valor do que uma falta tática no meio do campo - escreveu o semanário "Die Zeit" em comentário.

Na noite passada, a televisão pública alemã "ARD" - que tem os direitos da Copa do Mundo juntamente com a "ZDF" - emitiu um comentário dizendo que era melhor para a Alemanha "perder pontos e ser eliminada na fase de grupos com a braçadeira do que ser campeã mundial sem a braçadeira".

"Vergonha" é o título da primeira página do jornal "Bild", que acrescenta que a seleção alemã está cedendo à Fifa. A publicação recorda que a equipe nacional deu à Alemanha grandes momentos como o milagre de Berna, em 1954, o título de reunificação, em 1990, e a vitória de 7 a 1 sobre o Brasil, em 2014.

- O dia 21 de novembro de 2022 também entrará para a história. Como o dia de vergonha - enfatizou.

Em pesquisa feita pela revista esportiva "Kicker", 84% dos entrevistados disseram que o capitão alemão, o goleiro Manuel Neuer, deveria usar a braçadeira, mesmo que isso acarretasse sanções.

A recusa da DFB em usar a braçadeira já levou a um conflito com um patrocinador, a rede de supermercados REWE, que desistiu dos direitos de publicidade para a Copa do Mundo.

Simon disse que a decisão foi tomada "para evitar um acidente" após a Fifa ter ameaçado a seleção inglesa, cujo capitão, o atacante Harry Kane, teria sido o primeiro a usar a braçadeira igualitária no torneio.

- O diretor do torneio foi à concentração da Inglaterra e falou de uma múltipla violação das regras que ocorreria se a braçadeira fosse usada e ameaçou com grandes sanções - relatou.

A Fifa se recusou a especificar quais seriam as sanções. "Isso faz parte do jogo da Fifa, não para deixar claro às federações quais seriam as sanções", explicou Simon.

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