Lauter no Lance!: nós precisamos falar sobre a noite de hoje em Tóquio
Mundial de Atletismo, em Tóquio, chega ao sexto dia

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Eram 7 da manhã aqui, entre nós, quando deu início a sessão noturna do sexto dia do Mundial de Atletismo, em Tóquio. Essas 12 horas de fuso acabam mexendo com o nosso humor e com cada molécula que compõe nossos corpos. Mas, sigamos em frente, porque, como dizem por aí, têm noites que parecem dias, e essa prometia muito. E cumpriu!
Evitarei falar sobre a primeira prova, eliminatórias dos 5 mil para moças. Era noite abafada, a esquadra queniana correu para se classificar para a final, assim também se portaram as grandes rivais etíopes. A final promete, as melhores do mundo estarão lá. Conto tudinho depois.
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Mas é inevitável falar sobre a alegria de acompanhar as eliminatórias dos 800 femininos! Foram sete séries, um festival de grandes marcas. Talvez o único “senão” tenha sido a queda de Jessica Hull, em sua série, ficando de fora da disputa das semifinais. Este salto de qualidade nos 800 femininos, talvez tenha a ver com a aplicação do teste não invasivo de feminilidade, pois mais de 50% da elite mundial dos 800 feminino, havia migrado ou para os 400, ou para os 1.500, pois o domínio dos pódios mundiais, eram sempre ocupado por atletas questionadas quanto seus gêneros.
Já partindo para o salto triplo feminino, onde tivemos o retorno da gigante Yulimar Rojas, tetracampeã mundial e campeã olímpica, além de atual recordista mundial, ainda fora de ritmo de competição, mas dando mostras que vai firme rumo à LA 2028. Ela ficou com o bronze com protocolar 14m76. Em segundo, ficou a também campeã olímpica e vice-mundial, Thea Lafond, de Dominica, com 14m89. E a grande vencedora, trazendo novamente para Cuba um protagonismo mundial de duas décadas, foi Leyanis Perez, com 14m94, a melhor marca mundial este ano. Podemos dizer que foi uma prova do Caribe!
Agora, pedimos que retirem as crianças da sala, pois o clima vai esquentar. Chegamos aos 200 metros, já nas semifinais, em três séries. E que séries!
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No masculino, logo na primeira série, K. Bednareck (EUA) vence de forma incontestável, seguido do dominicano Ogando em um confortável segundo lugar.
A 2ª série trazia dois jovens postulantes ao pódio, Bryan Levell (USA) que venceu a etapa com estupendos 19:78, à frente de Letsile Tebogo (BOT), com econômicos 19:95. Sim, os garotos voltaram às aulas, sorridentes!
De oito atletas finalistas, todos têm chances de medalhas em Tóquio
Na última série, recheada de grandes nomes, deu o melhor, Noah Lyles voa e assombra o Estádio Nacional com 19:51, a melhor marca do mundo no ano, e uma das 10 mais rápidas de sempre! O britânico Hughes chega em 2º, uma eternidade atrás!
Dos oito atletas finalistas, TODOS têm chances de medalhas, e quatro, sim, quatro, com reais chances de ouro! Imperdível!
Enquanto os homens ainda davam entrevistas na zona mista, as moças já se preparavam, nos blocos de partida, para as suas largadas. E na largada, a ausência sentida de Julien Alfred, de Santa Lúcia. A campeã olímpica sentiu contusão muscular e ficou de fora. Mas o brilho mostrado pelas outras participantes, aplacaram a ausência da campeã olímpica, que também ficou de fora, dos 100 metros, por largada falsa!
E, por falar em largada, a campeã olímpica e tetra campeã mundial, Shericka Jackson, liderou desde a largada, a 1ª bateria, não dando chances à fortes concorrentes, com um confortável 21:99, tendo a britânica Hunt como vice, já garantido duas das 8 vagas para a grande final.
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A segunda série, traz como vencedora, a mulher mais rápida do mundo, vencedora dos 100, Melissa Wooden (EUA), com 22:01, soltando preguiçosamente os últimos 15 metros de prova. Com ela passa para a final a britânica Dina Smith, correndo o suficiente para ir à final. Na 3ª, e última série, Battle vence sem convencer, trazendo a longeva marfinense Talou, para mais uma final, e quem sabe, mas uma medalha. Mais uma final que promete!
Se as semifinais dos 800 femininos foram excitantes, as do masculino, podemos dizer que foram sufocantes! Quantos grandes meio-fundistas ficaram de fora, simplesmente por falta de vagas. Os duelos, e acidentes, foram acontecendo em sequência.
Logo na 1ª série, o favorito Nikholas Kebenei (KEN) é tocado e derrubado, sem chances de recuperação, fechando em último, distante. Mas, os experientes AROP (CAN) e Sedjati(ALG) levam a melhor, e seguem direto para a grande final. Já na 2ª série, a mais rápida da noite, foi vencida pelo irlandês Mc Phillips (1:43:18), seguido de muito perto pelo vizinho, britânico, Burgin, 19 centésimos atrás. Na última série, com a presença de dois favoritos ao ouro, deu a lógica, os dois passaram direto, e correndo confortavelmente na casa de 1:43. Mohamed Attaoui (ESP) e o experiente, do alto de seus 21 anos, Emmanuel Wanyonyi , duelam até a chegada e aliviam no fim, já pensando na final, imprevisível!
E, no final desta grande noite, os dois momentos cruciais. As definições dos vencedores nos 400 metros. Primeiro os homens, trazendo três representantes de Botswana, país da África Austral, logo acima da África do Sul, formando uma região riquíssima em grandes corredores de 400 e 800 metros!
Mas trazia também outros nomes brilhantes da nova geração, além dos Golden Bots, como Richards (TTO) e Nene (RSA). E deu Botswana, com ouro e bronze. Entre eles, o experiente trinitino, Richards, ex-campeão mundial, celebrando a prata como se não houvesse amanhã! Kebinatshipi, com o ouro e Ndori, prata, ainda devem fazer parte do revezamento 4x400, se juntando a Eppie e mais qualquer um que ocupar esta última vaga, pode ser até de outra modalidade, pois segurar este time, talvez nem a forte equipe americana consiga. Vou pensar seriamente nisso!
Na prova feminina, um voo solo de uma diva. Sydney Mclaughlin voa sem barreiras (ela foi a melhor barreirista de 400m do mundo por várias temporadas) rumo ao triunfo. Com a vitória e o recorde do campeonato, Sydney, enfim, sorri tímida. Paulino, foi uma leoa em segundo lugar, mas hoje não adiantou rugir alto, nada deteria Mclaughlin!
Enfim, fim do dia. Lá em Tóquio, o dia amanhece e promete muito mais emoção. Vou descrever apenas algumas delas. Presta atenção, pois a “super sexta” do Mundial começa para gente às 5h30 da manhã, com o início do heptatlo, versão feminina do temido decatlo.
Mais adiante, às 8hs, acontecem as duas sérias séries dos 5 mil metros. Tem um caminhão de grandes fundistas, vale acompanhar cada uma das 12 voltas e meia!
E, eis que chegam as 9h15, a hora da apresentação de gala dos três tenores dos 400 com barreiras. Quem vence desta vez? Teremos mais recordes (mundiais, olímpicos)? Nosso Alison Piu corrigiu seu começo desastroso, aliás, desastrado da semifinal, e promete passar redondo pelas barreiras. Mas, amanhã é dia de casa cheia, momento raro, de encontro dos grandes tenores! Vale a pena assistir e guardar, é mais um momento pra contar aos netos.
Se ainda houver espaço no seu HD, se aconchegue e assista o passeio de Femke Bol na versão feminina dos 400 c/ barreiras. É muito bom vê-la deslizando sobre as barreiras, impávida!
No fim da noite, lá pelas nossas 10h da manhã é hora do show da meia volta, os 200 metros entram em cena.
Alguém conseguirá segurar Noah Lyles? Ele tentará voar diante dos olhos de seu ídolo, Usain Bolt, que estará de olho no jovem jamaicano Levell, que não tirará os olhos de Tebogo, que estará grudado em Bednareck, que...
Façam suas apostas, fiquem ligados. A super sexta chegou!
Lauter Nogueira
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