Botafogo joga por título no Estádio Mané Garrincha, e filha do ídolo mira maior valorização da imagem do pai

Ex-craque do Glorioso não possui museu próprio e está enterrado em túmulo familiar, com sua conservação ruim. Há um projeto para a construção de museu e filha está na espera

Rosangela dos Santos, filha de Garrincha (Foto: Wagner Meier/LANCE!Press)
Rosangela dos Santos, filha de Garrincha. A semelhança com o pai impressiona (Foto: Wagner Meier/LANCE!Press)

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Deus escreve certo por pernas tortas. A frase de Nelson Rodrigues, que resume toda a genialidade de Mané Garrincha, pode voltar a ganhar sentido nesta sexta-feira.

O Botafogo deveria ter sido campeão da Série B no último sábado, mas perdeu para o Santa Cruz e quis o destino que o título pudesse sair nesta noite, quando o Glorioso encara o ABC no estádio que leva o nome do ex-craque, em Brasília. A conquista, tão esperada no Alvinegro para coroar um ano de redenção, também é muito aguardada a 53 quilômetros do centro do Rio, na cidade de Magé (RJ), no bairro Pau Grande, terra natal de Mané.

Uma das filhas de Garrincha, Rosangela dos Santos espera que uma taça na arena "abençoada" por seu pai possa atrair interessados em reavivar a memória do ídolo, que anda apagada e necessita de investimentos para ampliar o legado.


Falta um museu ou centro de memória digno do tamanho de Mané Garrincha em Magé. O maior tributo existente é a pequena exposição com fotos, frases sobre ele e taças de plástico compradas. A mostra está instalada de forma improvisada em sala - com vidros quebrados - dentro do ginásio municipal onde Rosangela trabalha como auxiliar administrativa. Foi ela e sua chefe que montaram o espaço. Há a promessa da prefeitura de construir um museu, mas a ideia ainda está apenas no papel. A filha lamenta.

– Meu pai merece um museu e estamos esperando. A gente mantém a exposiçãozinha e o que tiver que pedir, vou pedir. Precisamos de ajuda para que lembrem do Garrincha. Você vê tanto jogador aí que não tem nada a ver sendo lembrado e o Garrincha está esquecido – disse Rosangela, também fundadora do Instituto Mané Garrincha, que em 2014 atendeu 250 crianças com aulas de futebol e danças, mas precisou encerrar suas ações por falta de verba.

– Queria seguir o projeto e peço ajuda a quem puder. CBF, Botafogo, alguma empresa... É para manter a memória de Garrincha viva.

CONFIRA A EXPOSIÇÃO SOBRE GARRINCHA E O GINÁSIO ONDE ELA ESTÁ

Até o local onde Mané está enterrado precisa de mais atenção. O ídolo, que morreu em 1983, foi sepultado em Magé em cova familiar, com outras quatro pessoas. O túmulo tem o nome de Garrincha apenas em segundo lugar e mostra erro no ano da morte: está grafado 1985. A família pede ajuda da prefeitura para manutenção há cerca de dez anos, porém pouco foi feito.

Galeria especial - Garrincha (Foto: Diego Lopes)
Mané sequer é o primeiro nome em seu túmulo (Foto: Diego Lopes)

PRIMEIRO CLUBE DE GARRINCHA VIVE SUFOCO

Assim como a memória de Garrincha, o clube responsável por revelá-lo, o Esporte Clube Pau Grande (ECPG), também está esquecido. Sem ajuda das autoridades, o time amador sobrevive hoje do aluguel do campo, somados a só R$ 649 arrecadados pelas mensalidades de seus 46 sócios.

- Estamos tentando manter o clube com sua história vinculada ao Mané. Temos que manter essa figura do futebol viva – garantiu Paulo Tamara, diretor social do ECPG.

Quem sabe, um título do Botafogo no Mané Garrincha não seja o início de grandes transformações? É esperar para ver.

VEJA O PRIMEIRO CLUBE DE GARRINCHA E SEU BAIRRO NATAL

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