Brasileiro tentou ser goleiro do Vasco, mas acidente o levou ao vôlei sentado

Wescley Oliveira, que ajudou a Seleção a conquistar o tetracampeonato do Parapan, faria teste dias após ser atropelado. Hoje, ele defende o Cruz-Maltino na modalidade adaptada

Wescley vôlei sentado (Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br)
Wescley, camisa 11 do Brasil, celebra o ouro no vôlei sentado no Parapan (Foto: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br)

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O paredão de Wescley Oliveira assustou os adversários no Brasil na campanha do tetracampeonato nos Jogos Parapa-Americanos de Lima, sacramentado na última quarta-feira. Mas, até o acidente que mudaria sua vida, em 2000, o caminho do fluminense de São Gonçalo estava muito mais ligado ao futebol. 

Era um domingo quando o atleta, então com 16 anos, acabou atropelado por uma Kombi na cidade natal. Mais cedo, a mãe de Wescley até havia insistido para que ele fosse à igreja naquele dia, mas sem sucesso, já que o garoto queria assistir a um clássico entre o Flamengo, seu time, e o Vasco. Na semana seguinte, faria teste para ser goleiro do Cruz-Maltino e estava empolgado.

O veículo invadiu a calçada para desviar de um carro e acertou quatro pessoas. Wescley, o que sofreu mais consequências, precisou amputar a perna direita acima do joelho. Primeiro, tentou o futebol para amputados. Mas, após ser chamado para o time da Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF), participou do primeiro Brasileiro de vôlei sentado e pegou gosto.

O curioso é que, quase 20 anos depois, ele representa justamente o Vasco na modalidade. O clube de São Januário é o atual vice-campeão brasileiro. No ano passado, perdeu a decisão para o Sesi-SP.

– Sou apaixonado por futebol. O primeiro esporte que fiz após o acidente foi o futebol de amputados. Fui campeão mundial, em 2005, e fazia um pouco de atletismo. Um técnico até dizia que eu seria bom nas pistas, mas nunca gostei de esporte individual. Então, vim para o vôlei – contou o atleta.

O primeiro Brasileiro que ele disputou foi em 2003, em Mogi das Cruzes (SP). No início, não sabia nada de vôlei, como dar um toque ou uma manchete. Com o suporte do professor Alexandre Medeiros, acabou pré-convocado para a Seleção e ajudou o time no Parapan de Mar del Plata (ARG), quando a equipe verde e amarela perdeu a final para os Estados Unidos e ficou com a prata. 

– Só tenho de agradecer. Talvez, se eu não tivesse perdido a perna, não estaria passando por momentos maravilhosos da vida, como este – afirmou Wescley, após ajudar o Brasil a vencer os Estados Unidos e levar o ouro em Lima, feito que assegurou a classificação da equipe para os Jogos de Tóquio-2020.

* O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)

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