Tubarão, medo de Medina e amor pelo Brasil: Mick Fanning em entrevista exclusiva ao LANCE!

Tricampeão do mundo, australiano fala sobre confronto com três brasileiros na final do Mundial e relembra as incontáveis vezes em que assistiu ao ataque sofrido por tubarão

Mick Fanning é o líder do Circuito Mundial, com 49.900 pontos (Foto: Divulgação/WSL)
Mick Fanning é o líder do Circuito Mundial, com 49.900 pontos (Foto: Divulgação/WSL)

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Pode-se dizer que Mick Fanning renasceu em 2015.

Apesar do grande destaque que tem no mundo do surfe, o australiano só ficou mundialmente conhecido após ser atacado por um tubarão na etapa de Jeffreys Bay, em julho deste ano, na África do Sul. A imagem não chocou somente aos telespectadores, mas também ao protagonista da cena, como o próprio Fanning descreve nesta conversa com o LANCE!.

Ali, poderia terminar o sonho do tetracampeonato da elite do surfe que o surfista de 34 anos carrega desde que conquistou seu último título, em 2013.

Na etapa da África do Sul, Fanning foi atacado por tubarão e saiu sem ferimentos (Foto: Divulgação)
Na etapa da África do Sul, Fanning foi atacado por tubarão e saiu sem ferimentos: imagem ainda assusta o surfista (Foto: Divulgação)


A quarta conquista só não veio no ano passado por causa de um brasileiro. Na última etapa de 2014, que ocorreu no Havaí, Gabriel Medina desbancou o australiano e Kelly Slater para trazer o primeiro título ao Brasil. Fanning não esqueceu a derrota - e é por isso que aponta Medina como seu principal rival pelo título em 2015. Os outros brasileiros na briga são Filipe Toledo e Adriano de Souza, o Mineirinho.

Fã do Brasil, o australiano enche de elogios a nova geração de surfistas do país, além de recordar que foi em terras brasileiras onde conquistou seu primeiro título da elite do surfe, em 2007 - a segunda conquista ocorreu em 2009.


Relaxado e de bem com a vida, Fanning começa a disputa pelo tetra nesta terça-feira, no Havaí, onde ocorre a última etapa do Circuito Mundial. Para ele, com título ou não, o ano já é de vitórias. Afinal, são poucos os que renascem após os 33 anos...

Confira a entrevista exclusiva de Mick Fanning ao LANCE!: 

O que você pensa sobre ter de enfrentar três brasileiros na final do Circuito Mundial?
Será uma grande honra para mim competir contra três surfistas brasileiros pelo título mundial. Eu os respeito muito. Eles são grandes surfistas, muito trabalhadores, mas, o mais importante, é que são pessoas incríveis. Vai ser divertido.

Filipe Toledo, Gabriel Medina e Adriano de Souza: quem te causa mais arrepios nesta final?
Eu penso que o Medina é o mais perigoso que vai disputar o título baseado no que ele conquistou em Pipeline na última temporada.

Entre os três brasileiros, com qual você tem melhor relação?
Eu me dou realmente bem com os três, mas eu passo muito tempo com o Gabriel, porque ambos somos do time da Rip Curl. Nós temos viajados juntos e sempre dividimos a mesma casa no Havaí.

Qual é a maior virtude da "Brazilian Storm", esta atual geração de surfistas brasileiros que competem no circuito?
Camaradagem. Os surfistas brasileiros ajudam e apoiam uns aos outros para conseguir grandes resultados. Eles também são realmente ambiciosos.

Você tem 34 anos. O que você diria para o Medina e para os brasileiros sobre o que eles deveriam fazer para continuar nessa pegada vencedora?
Eles já estão fazendo isso! Eles já estão trabalhando na fórmula. E outra, nós nunca estamos muito velhos para continuar aprendendo.

Na decisão pelo título do último campeonato, o seu rival no Havaí foi Gabriel Medina, inclusive vocês ficaram até em casas separadas. Há rivalidade entre você e os brasileiros?
Surfe é um esporte individual, então há rivalidade com todos os competidores. Não importa o país de onde eles são.

Alguns surfistas dizem que os brasileiros são mais amigos entre si do que com os atletas de outros países. O surfe é individualista?
Eu não acho. Penso que todos os países são assim. É mais fácil se comunicar com pessoas que são do mesmo lugar que você é.

Você ganhou dois eventos no Brasil (Hang Loose Pro, Santa Catarina, 2007, e Nova Schin Festival, Imbituba, 2006). Quais sua opinião sobre o país?
Eu amo o Brasil e eu vivi grandes momentos no país. Foi o evento em 2007 no qual eu conquistei meu primeiro título mundial, então isso significa muito para mim. É uma nação apaixonada por esporte e os brasileiros sempre fazem muito barulho durante as competições.

Em Jeffreys Bay (AFS), você foi atacado por um tubarão na final e a etapa foi interrompida. Se o ataque não houvesse acontecido, você poderia ter uma diferença maior na liderança – de até dois mil pontos. Você pensa nisso?
Eu não penso nisso. No final do ano, será um ano de sucesso para mim independente do que aconteça. Eu poderia ter sido gravemente ferido ou morto naquele ataque, mas estou aqui e isso me faz ter um bom ano.

Quantas vezes você assistiu ao vídeo do ataque do tubarão? O que você sente quando se vê naquela situação?
Eu já assisti muitas vezes. Na primeira vez, eu assisti para tentar entender o que realmente tinha acontecido. É ainda muito chocante para mim toda vez que eu assisto o vídeo.

É verdade que você preferia jogar futebol a surfar quando era criança? Você queria ter virado jogador?
Eu amava futebol e eu joguei em alguns times representativos da Austrália, mas desde que o surfe entrou na minha vida, o futebol deixou de ser prioridade.

Quando você não está surfando, qual sua atividade preferida fora da água?
Eu amo relaxar e assistir a outros esportes, além do surfe, na televisão. Eu também amo brincar com o meu cachorro na praia.

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