Medina fala sobre final do Mundial de surfe, amizade com Fanning e se esquiva de ‘ajuda patriótica’

Em busca de bicampeonato do Circuito Mundial, atual campeão afirma que repetir título é difícil, exalta Fanning e revela reviravolta após ruim começo de ano

Gabriel Medina durante a disputa da etapa de Maresias do WQS (Foto: Divulgação/WSL)
Gabriel Medina durante a disputa da etapa de Maresias do WQS (Foto: Divulgação/WSL)

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O bicampeonato do Circuito Mundial de Surfe está mais longe do que Gabriel Medina esperava quando 2015 começou.

Há um ano, o paulista de 21 anos chegava à ultima etapa, no Havaí, dependendo somente de si para trazer o primeiro título mundial de surfe para o Brasil. E conseguiu. Medina acabou em Pipeline na segunda posição, desbancou Mick Fanning e Kelly Slater, dois dos melhores surfistas da história, e trouxe o troféu para Maresias, no litoral paulista, onde caiu as primeiras vezes no mar ainda criança.

Em 2015, a situação é diferente. O atual campeão precisa chegar ao menos na semifinal para a chance de conquistar o título seguir viva.

Se Medina ganhar a etapa do Havaí, dependerá de combinação de resultados para ser campeão. Mick Fanning e Adriano de Souza devem ficar no máximo na 5º posição. Já Filipe Toledo tem que acabar na 9ª colocação. Assim, o bicampeonato estaria assegurado para o paulista.

Gabriel Medina conquista o histórico título mundial (Foto: Kent Nishimura/AFP)
Em 2014, Medina sagrou-se campeão do Circuito Mundial de surfe no Havaí após bater Slater e Fanning (Foto: Kent Nishimura/AFP)


Na próxima terça-feira, quando começa a última etapa, Medina promete não entrar pressionado nas ondas de Pipeline. Ao menos, afirma estar confiante para tentar superar os resultados ruins que prejudicaram o andamento de seu ano.

Nas cinco primeiras etapas da temporada, foram três terminadas na 13ª colocação, uma em 25º lugar e, o melhor resultado, a 5ª posição em Bells Beach, na Austrália. Medina sabia que precisava se reinventar durante o torneio para dar sequência ao sonho do bicampeonato.

A reviravolta, de acordo com o surfista, aconteceu na sexta etapa do ano, em Jeffreys Bay, na África do Sul, quando o campeão mostrou-se mais solto na água. Ali, Medina voltava a respirar no torneio após a conquista da 5ª colocação. Ali, em J-Bay também, Mick Fanning reiniciava a vida após quase ter sido atacado por um tubarão durante a competição.

Apesar de estarem na disputa, homem a homem, pelo título do Circuito Mundial há dois anos, Medina garante que a amizade com Fanning segue boa. O australiano não vai por menos: cravou o brasileiro como o adversário que mais causa arrepios na em sua busca pelo tetracampeonato do Circuito Mundial.

Medina se envaidece com os elogios, que usa para seguir confiante na busca por títulos, mesmo que não venham em 2015. Afinal, são 21 anos e um título mundial na bagagem.

Confira a entrevista exclusiva feita do LANCE! com o primeiro brasileiro campeão do mundo no surfe:

Você achou que, um ano após ser campeão no Havaí, estaria competindo de novo pelo título?
Estou muito feliz de poder chegar de novo nessa situação. Agora é um pouco diferente. Tenho menos chances de ser campeão, mas também entro com menos pressão. Estou feliz.

Você está confiante pelo título?
Claro. Vou fazer o meu melhor, mas depende dos outros também para poder ser campeão.

A situação é mais difícil do que do ano passado. O título não depende só de você. Você entra menos pressionado ou a pressão é maior por ser o atual campeão?
A pressão é zero. Estou tranquilo.

O Fanning disse ao LANCE! que você é o rival que mais o preocupa nesta reta final. O que você achou dessa declaração?
Estou honrado, ainda mais vindo dele, um cara que eu me inspiro muito. Mas sei que todos têm condição (de ganharem no Havaí). Não vejo a hora de começar a etapa logo.

Você concorda que é o brasileiro que tem mais chances de chegar ao título? Se não, quem é o favorito entre Mick Fanning, Filipe Toledo e Mineirinho?
Não concordo. Tenho minhas chances, mas quem está na frente, tem mais. Um favorito, uhn, é difícil apontar. Vai depender muito do mar.

Como é a sua relação com o Fanning? Vocês já conversaram sobre a final?
Ele é meu amigo, mas não falamos nada sobre a final. Não falamos sobre isso, só depois que acabar o campeonato.

No ano passado, seu pai prometeu que faria uma tatuagem com o troféu caso você fosse campeão. Para este ano, ele prometeu algo? E você?
Ainda não fizemos nada, nenhuma promessa, mas logo, logo, ele lança uma... Ele é um mito! (risos)

O que aconteceu com você nas cinco primeiras etapas do ano? Por que não conseguiu ir bem?
É difícil de explicar. Nós fizemos tudo como foi feito no ano passado.

Qual foi o momento da virada nesta sua temporada?
Acho que em J-Bay (etapa da África do Sul), senti que poderia melhorar meu ano.

Você deverá torcer pela derrota dos brasileiros para você ser campeão. Como é esse sentimento para você?
Pô, é muito ruim. Mas o surfe é um esporte individual. Preciso pensar em mim. Então nem penso em torcer contra. Vou fazer a minha parte para depois pensar nisso.

No ano passado, o Filipinho não deixou você ganhar sendo dele em uma bateria, sendo que se você ganhasse, manteria a chance de ser campeão. Se neste ano acontecer o inverso, o que você fará?
Só na hora para saber. Vamos esperar o que acontecerá.

O QUE MEDINA PRECISA FAZER PARA SER CAMPEÃO
- Vencer a etapa, Toledo for no máximo 9º, e Fanning e Adriano 5º
- for 2º, e Toledo, Fanning e Adriano forem no máximo 13º, e Owen 2º
- for 3º, e Toledo for 25º, e Fanning e Adriano, no máximo 13º, e Owen e Julian 2º (se Julian vencer, haverá bateria desempate)

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