Áudio vazado aponta atuação de diretores do São Paulo em esquema ilegal de camarotes
Lance! teve acesso ao processo na íntegra

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A segunda-feira (15) começou agitada no São Paulo. Em áudios acessados pelo "Globo Esporte", Douglas Schwartzmann, dirigente da base, e Mara Casares, ex-esposa do presidente Julio Casares, foram apontados em um esquema de comercialização clandestina de camarote do Morumbis. O Lance! teve acesso a 81 páginas do processo, com registros de boletins de ocorrência.
No áudio, na qual a reportagem do "ge" teve acesso, o sistema de comercialização destes ingressos aconteceram em um show da cantora Shakira, em fevereiro. Na troca de mensagens, o diretor das categorias de base relata que Mara Casares teria recebido do superintendente Marcio Carlomagno o camarote e negociado ingressos para o show da Shakira, realizado em fevereiro deste ano. Carlomagno é considerado homem de confiança de Julio Casares e visto como principal representante do grupo governista para a eleição de 2026.
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Nos documentos, este camarote é identificado como "sala da presidência", área localizada na parte interna do Morumbis, próximo a salas de dirigentes. No processo no qual o Lance! teve acesso, Rita de Cassia Adriana Prado aparece como uma terceira pessoa e como intermediária no esquema e responsável pelo uso do espaço.
Adriana passou a representar um entrave para Mara e Douglas nos meses seguintes. Em 10 de junho, a empresa dela, The Guardians Entretenimento Ltda., ajuizou uma ação na 3ª Vara Cível de São Paulo contra Carolina Lima Cassemiro, responsável pela Cassemiro Eventos Ltda.
Um boletim de ocorrência foi registrado na 34ª Delegacia de Polícia de São Paulo. No TJSP, o processo é visto como público. Com esse acesso na justiça, Douglas e Mara começaram a pressionar. As conversas do Whatsapp também estão anexadas.
– Eu não tenho camarote lá. Veio de quem? O que vai acontecer: a Mara vai ter que se explicar. Como é que faz no clube a hora que souber que ela te deu um camarote para explorar? Você vai acabar com a vida da Mara dentro do clube. E do Julio, porque ela é (ex) mulher do Julio - diz uma parte das gravações dos áudios.
– E o Marcio vai ser mandado embora, porque foi ele quem concedeu o camarote para ela (Mara). Eu não tenho nada com isso, não tenho meu nome em nada. Não peguei camarote nenhum, não tenho nenhum documento lá. Agora, a Mara tem e o Marcio também. Quer prejudicar a Mara e o Marcio? Só queria entender o que você quer fazer com isso - diz outro momento da ligação de Douglas Schwartzmann.
– O Márcio Carlomagno, CEO, me perguntou: "já encerrou o processo? O que nós vamos fazer? Eu vou ter que envolver o nome de todo mundo aqui, vou ter que declarar a verdade". Acabou de me mandar. Eu falei: "não, fica tranquilo que a Mara está conversando com a Adriana, e ela vai retirar o processo". Acabei de escrever. Aí você faz o que você quiser, eu não posso fazer mais nada. Eu não tenho como me envolver nisso - completou para Adriana.
O portal também teve acesso a gravações por parte de Mara Casares com Rita de Cassia Adriana Prado, que é tratada como "Adriana" nas conversas.
- Adriana, posso falar? Vou pedir e já pedi hoje encarecidamente. Retire esse processo, por favor. A única prejudicada serei eu. E mais, serei eu, esse processo dará tanta volta, tanta volta, serão anos e anos, eu estarei fodida e você não vai ter recebido. Essa vagabunda com quem você tratou foi vagabunda, só que o que adianta eu falar que ela foi vagabunda? Que isso e aquilo? Para a gente ter futuro, a gente precisa limpar o presente - começou Mara.
- Eu estou percorrendo dentro do São Paulo um caminho profissional de futuro para assumir coisas grandes. E eu vou ser prejudicada. Só isso. Eu falei isso para vocês sempre. Não podemos ter problema. Não podemos ter problema. Eu sempre te falei isso - completou a ex-esposa de Casares.
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Lance! teve acesso ao processo
A reportagem do Lance! teve acesso ao processo na íntegra. A The Guardians Entretenimento Ltda. move uma ação de cobrança contra a Cassemiro Eventos Ltda. por valores que afirma não terem sido pagos pela criação, desenvolvimento e organização de um camarote no Estádio do Morumbis, durante o show da cantora Shakira, realizado em 13 de fevereiro de 2025, com ativação da marca Heineken.
Segundo a ação, o valor contratado foi de R$ 132 mil, com vencimento até o dia 11 de fevereiro, dois dias antes do evento. O contrato de prestação de serviços teria sido enviado por WhatsApp.
Após o início dos trabalhos, houve um pagamento parcial de R$ 70 mil, sendo R$ 40 mil em 14 de fevereiro de 2025 e R$ 30 mil em 17 de fevereiro de 2025. O valor restante, conforme o acordo firmado entre as partes, deveria ter sido quitado um dia antes da realização do evento.
No entanto, na data do show, dentro do Estádio do Morumbis, o não pagamento do montante combinado deu início a uma discussão acalorada. Segundo a autora, a requerida aproveitou-se de um momento de distração e tomou de suas mãos um envelope que continha 60 ingressos, saindo em seguida pelos corredores do estádio.
Ainda de acordo com o relato, além de retirar o envelope sem autorização, a requerida passou a circular pelo local gritando e chamando a atenção das pessoas presentes, proferindo ofensas e acusações contra a autora. Em meio à confusão, teria entrado em diferentes camarotes do estádio afirmando, em voz alta, que "havia sido vítima de um golpe e que seus ingressos teriam desaparecido". A autora sustenta que tais acusações eram inverídicas e ocorreram em um ambiente onde é amplamente conhecida por realizar diversos eventos.
O processo também aponta que a requerida teria adotado conduta considerada "ardilosa", segundo escrito no processo, ao adquirir, na véspera do evento, outros dez ingressos para o camarote, sem comunicar previamente a autora, que era responsável por autorizar o acesso de pessoas ao espaço. A entrada adicional, segundo a autora, extrapolaria o limite permitido para o local.
Na versão apresentada pela requerente, a intenção da requerida sempre teria sido a de não cumprir o que havia sido pactuado. Os ingressos e pulseiras que estavam no envelope foram utilizados pela requerida para atender compromissos assumidos com a marca Heineken, sem que o pagamento correspondente fosse repassado à autora.
Diante da confusão no dia do evento, ficou acertado com o setor financeiro da Heineken que os dez ingressos extras adquiridos pela requerida seriam abatidos do valor em aberto. Com isso, o débito inicial de R$ 62 mil foi reduzido para R$ 40.832,00.
Apesar de diversas tentativas de solução, todas se mostraram infrutíferas. Chegou a ser realizada uma reunião envolvendo representantes da Heineken, da empresa Atenas, responsável pela intermediação, além da autora e da requerida. Segundo a ação, nesse encontro ficou evidente a falta de intenção da requerida em quitar o débito.
Após a reunião e diante da constatação de que o pagamento não seria efetuado, a autora registrou um boletim de ocorrência. Ela afirma ter tomado conhecimento de que Carolina, por meio da agência Cassemiro, recebeu os valores pagos pela Heineken e pela Agência Atenas, mas não repassou integralmente a quantia devida.
Diante do inadimplemento da obrigação e do insucesso de todas as tentativas de negociação, a autora afirma não ter restado alternativa senão ingressar com a ação judicial para cobrar o valor de R$ 40.832,00, acrescido de correção monetária, multa e juros legais.
São Paulo se manifestou
Após a publicação da reportagem da Globo, o São Paulo informou pela manhã que irá tomar as medidas cabíveis e que tanto Douglas quanto Mara pediram licença de seus cargos.
- O São Paulo Futebol Clube informa que tomou conhecimento do conteúdo do áudio por meio da imprensa e que realizará a devida apuração dos fatos. Com base nessa análise, o Clube adotará as medidas que se mostrarem necessárias. Na manhã desta data, os conselheiros Douglas Schwartzmann e Mara Casares solicitaram licença de seus respectivos cargos na gestão - publicou o São Paulo.
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