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Santos: entenda o papel da câmara hiperbárica na recuperação de Neymar

Especialista explica benefícios do tratamento na reabilitação do camisa 10

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Guilherme Lesnok
São Paulo (SP)
Dia 24/09/2025
21:24
Especialista detalha como a câmara hiperbárica pode auxiliar na recuperação de Neymar (Foto: Divulgação)
imagem cameraEspecialista detalha como a câmara hiperbárica pode auxiliar na recuperação de Neymar (Foto: Divulgação)

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O atacante Neymar trata uma lesão no músculo reto femoral da coxa direita. Para acelerar a recuperação, o departamento médico do Santos incluiu sessões em câmara hiperbárica no protocolo de tratamento.

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Esse procedimento tem ganhado espaço como recurso complementar em diferentes tratamentos de saúde. A técnica, chamada oxigenoterapia hiperbárica (OHB), consiste em colocar o paciente dentro de uma câmara especial, onde ele respira oxigênio puro em uma pressão superior à do ambiente. 

Em contato exclusivo ao LANCE!, a Doutora Flávia Magalhães, médica do esporte com mais de 20 anos de carreira e passagens por clubes e confederações como Atlético-MG, América-MG, CBF e Conmebol, explicou que a câmara hiperbárica pode ser uma aliada importante no processo de recuperação, já que potencializa a oxigenação dos tecidos e cria condições mais favoráveis para a regeneração muscular.

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— A câmara hiperbárica (HBOT) faz com que o atleta respire oxigênio a pressões maiores que a atmosférica, aumentando muito a quantidade de oxigênio dissolvido no plasma além do que a hemoglobina normalmente transporta; isso eleva a disponibilidade imediata de O₂ para tecidos lesionados cuja perfusão local esteja reduzida, permitindo que células musculares e satélites ativem vias metabólicas aeróbias essenciais para reparo e síntese proteica. Em termos de fisiologia da recuperação, a hiperóxia (aumento do O2) favorece a redução do edema por melhora do transporte de líquidos, modula a resposta inflamatória (reduz níveis de mediadores pró-inflamatórios em fases agudas), aumenta recrutamento e proliferação de células progenitoras (satélite) e estimula angiogênese, tudo isso acelerando a formação de tecido de granulação e reorganização das fibras musculares. Em modelos experimentais, HBOT mostrou reduzir inflamação aguda e acelerar a miogênese após contusões musculares, o que sustenta mecanisticamente seu uso em lesões do reto femoral — disse Dra. Flávia.

Segundo a doutora Flávia Magalhães, a utilização da câmara hiperbárica deve ser vista como parte de um conjunto de estratégias, e não como solução isolada. A especialista destacou que o recurso tem função complementar e pode trazer ganhos relevantes quando inserido em um protocolo bem estruturado de reabilitação.

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— A câmara hiperbárica não substitui os tratamentos convencionais, fisioterapia, fortalecimento muscular e controle de carga continuam sendo o pilar principal da reabilitação. O que se observa na literatura é que ela potencializa os resultados, atuando como um recurso adjuvante. Por exemplo, quando associada à fisioterapia, há melhora mais rápida na cicatrização muscular, redução do tempo de dor e menor incidência de complicações. A explicação fisiológica está na sinergia entre os estímulos mecânicos do exercício terapêutico (que reorganizam as fibras musculares) e a hiperóxia (que fornece substrato ideal para síntese proteica e regeneração). Assim, seu papel é de acelerar e qualificar a recuperação, mas sempre dentro de um protocolo multidisciplinar — comenta. 

Com isso, a câmara hiperbárica se apresenta como uma ferramenta capaz de agregar valor ao processo de reabilitação esportiva, especialmente em atletas de elite que exigem retorno rápido e seguro às competições. Apesar dos resultados promissores, especialistas ressaltam que o método deve sempre ser aplicado de forma individualizada e sob supervisão médica, garantindo equilíbrio entre a ciência, a prática clínica e as demandas específicas de cada caso.

— Os efeitos fisiológicos iniciais, como redução do edema e da inflamação, podem ser percebidos já nas primeiras sessões, geralmente dentro de 3 a 5 dias de uso regular. No entanto, os benefícios mais sólidos, como melhora da cicatrização muscular, aumento da resistência tecidual e retorno mais seguro ao treinamento, tendem a aparecer após 2 a 3 semanas de tratamento combinado com fisioterapia. A velocidade da resposta depende da gravidade da lesão, da frequência das sessões (habitualmente 1 a 2 vezes ao dia em protocolos intensivos) e do acompanhamento integrado com profissionais de reabilitação. Em atletas de alto rendimento, como Neymar, a vantagem é otimizar esse período crítico, reduzindo o tempo de afastamento e aumentando a qualidade da recuperação, com menor risco de recidiva — finaliza Dra. Flávia Magalhães.

Neymar trata lesão no músculo reto femoral da coxa direita (Foto: Divulgação)
Neymar trata lesão no músculo reto femoral da coxa direita (Foto: Divulgação)

Neymar pelo Santos

Desde seu retorno ao clube, em 31 de janeiro, Neymar sofreu duas lesões na parte posterior da coxa esquerda. Das 24 partidas disputadas pelo Santos no Campeonato Brasileiro, ele ficou fora de 10, seja por problemas físicos ou por suspensão.

Em 2025, o atacante soma 23 jogos, sete gols e quatro assistências. No total, já atuou 253 vezes com a camisa do Santos e marcou 145 gols.

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