O que esperar de Neymar na luta do Santos contra o rebaixamento?
Neymar tem contrato com o Santos até o final deste ano

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O atacante Neymar foi o centro das atenções no duelo entre Flamengo e Santos, no último domingo (9), no Maracanã, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O Peixe entrou pressionado, consciente de que apenas a vitória o tiraria da zona de rebaixamento e o colocaria à frente do Vitória na tabela. No entanto, perdeu por 3 a 2. Os dois gols foram marcados nos acréscimos do segundo tempo por Gabriel Bontempo e Lautaro Díaz.
Neymar foi vaiado pela torcida rubro-negra desde o aquecimento. Cada toque na bola, cada reclamação dirigida ao árbitro Sávio Pereira Sampaio e, sobretudo, a saída aos 39 minutos do segundo tempo para a entrada de Rollheiser, alimentaram o clima de tensão que o acompanhou durante todo o jogo.
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Ainda no intervalo, em entrevista ao Sportv, o camisa 10 criticou a arbitragem de Savio Pereira Sampaio.
— O árbitro é muito ruim. Além de ser ruim, com todo respeito, é arrogante. Essa é a palavra. Todas as vezes dizem que só o capitão pode falar, mas quando vamos falar, ele vira as costas e sai correndo. Quando eu falo com ele, me ameaça. Tomei amarelo porque ele me ameaçou. Disse: "Se chegar perto de mim, vou te dar o amarelo". Eu respondi: "Não posso falar com você?". Pra mim, tinha sido falta no Brazão, não dava escanteio e nem o gol deles. A arbitragem no Brasil vem errando muito. Tem que ver isso. A arrogância do árbitro hoje, que nem sei o nome, foi horrível — contestou.

Juan Pablo Vojvoda utilizou Neymar como falso 9, ao lado de Guilherme e Barreal. No segundo tempo, o Santos arrancou o empate em um intervalo de três minutos, já nos acréscimos, justamente quando o camisa 10 havia deixado o campo sob o olhar de quase 70 mil pessoas.
Anunciado no dia 31 de janeiro, o ídolo santista carregava o simbolismo do "ano de reconstrução" citado repetidamente pelo presidente Marcelo Teixeira.
Porém, as três lesões na temporada diminuíram seu ritmo, e o clube adotou cautela máxima após o problema na coxa direita, chegando a poupá-lo do duelo decisivo contra o Palmeiras, no Allianz Parque. A última lesão o tirou de combate por 48 dias, totalizando sete rodadas de ausência.
O "Projeto Neymar" vai além do gramado. Envolve acordos, parcerias e intenções do pai do jogador de auxiliar o Santos a reencontrar relevância esportiva e estrutural. Busca, ao mesmo tempo, devolver ao atleta projeção internacional e resgatar um clube que não conquista títulos há quase dez anos, enquanto vê seus rivais erguerem troféus com constância.
Pós-jogo:
Após a partida, Alexandre Mattos e o companheiro Guilherme saíram em defesa do atacante, que soma 24 jogos e 7 gols desde o retorno à Baixada.
— Os gols poderiam ter acontecido com ou sem ele. Somos um grupo. Ele saiu chateado, é normal. Quanto menos polêmica, melhor. A gente precisa se unir. O Ney está aqui para ajudar, como todos nós. Quero ressaltar a postura aguerrida do time até o fim. A união é importante neste momento — afirmou Guilherme.
Mattos reforçou o peso simbólico do camisa 10 no elenco que luta para sair do rebaixamento. Agora, são dois pontos de diferença para o Vitória, o primeiro clube de fora do Z4.
— Ele é um ídolo mundial. Está no Santos porque quer. O problema não é financeiro. No jogo contra o Fortaleza, disseram ao staff que ele não poderia jogar. Ele disse que queria, pela situação do time. Não jogou na quinta porque não dava. Hoje poderia até não estar em campo. Estava chateado no vestiário, dando a vida — relatou o dirigente.
A irritação de Neymar com a substituição foi classificada como normal pela diretoria e pelo treinador Juan Pablo Vojvoda.
— Quanto ao Neymar ou qualquer outro jogador que eu decida substituir, é normal ficar chateado. Mas tem que ser assim, muitas vezes com respeito - explicou Vojvoda.
O atacante questionou o técnico com um "vai me tirar?", deixou o gramado, conversou com membros da comissão técnica e, sem esconder o incômodo, não permaneceu no banco para acompanhar os minutos finais.
Neymar ainda representa um sopro de esperança para o torcedor e um espelho para a nova geração dos Meninos da Vila, como Robinho Jr. e Gabriel Bontempo.
Mas, neste momento classificado pela diretoria como de guerra, o Santos entende que temas extracampo como uma possível terceira renovação, o novo estatuto, a nova Vila Belmiro, o CT, eleições e até SAF só voltarão à pauta após o fim do campeonato.
Até lá, restam seis finais para evitar mais um vexame na história Alvinegra. Seis capítulos decisivos ao lado de um ídolo que, mesmo angustiado pelas próprias batalhas, ainda tenta reacender o brilho de um clube acostumado a sobreviver do impossível.
Vojvoda já destacou, em entrevista recente, que Neymar sente de maneira profunda o peso da camisa santista e que coloca o clube acima de qualquer decisão pessoal.
O que se espera do atual camisa 10, que também um dia vestiu a 11 com maestria, é que sua liderança consiga suavizar a carga que recai sobre jogadores com menos rodagem e pouca experiência para enfrentar o cenário turbulento que se instalou na Vila Belmiro.
Quando Neymar atua como um verdadeiro Menino da Vila e está fisicamente bem, o patamar do Santos se altera. Surge o Neymar "mordido", capaz de transformar ambiente hostil em combustível, de decidir em uma única bola aquilo que o torcedor acostumou-se a acreditar que só ele poderia entregar.
E assim o Santos segue: caminhando entre escombros e esperanças, enquanto seu camisa 10 insiste em demonstrar que, mesmo nas noites mais frias e cruéis, há uma razão maior que o trouxe de volta ao lugar onde tudo começou.
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