Entenda como o sistema de identificação facial do Palmeiras ajudou a prender suspeito da morte de torcedora

Tecnologia implementada no Allianz Parque foi essencial para investigação e mostra que ela vai além do acesso ao estádio

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Biometria facial do Palmeiras serviu para mais do que apenas o acesso ao Allianz Parque (Foto: Divulgação/Palmeiras)

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Desde o início deste ano, o Palmeiras implementou um sistema de identificação facial no Allianz Parque para coibir a ação dos cambistas, que vinham tomando conta da venda de ingressos em jogos do time. No entanto, alguns meses depois da consolidação da tecnologia, ela se mostrou útil também para toda a sociedade, quando foi fundamental na prisão do suspeito pela morte da torcedora Gabriela Anelli. Com a Lei Geral do Esporte, o sistema passa a ser uma obrigação para arenas com capacidade para mais de 20 mil pessoas.

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Na terça-feira (25), a delegada Ivalda Aleixo, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), falou em coletiva de imprensa sobre a prisão de Jonathan Messias Santos da Silva, identificado como o responsável por atirar a garrafa que teria atingido a palmeirense no dia 8 de julho, antes do duelo com o Flamengo. Na conversa com os jornalistas, Ivalda destacou a importância da tecnologia da arena alviverde.

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- Foi identificada a pessoa. Era um cara de barba e ele entra para o estádio logo depois. Foi identificado pelo reconhecimento facial que tem no estádio e era a mesma pessoa - declarou a delegada.

Para entender como funcionou esse processo que levou ao suspeito, a reportagem entrevistou Ricardo Cadar, CEO da Bepass, empresa responsável pelo sistema adotado pelo Palmeiras. Lembrando que todos os torcedores, inclusive visitantes, precisam cadastrar suas faces na plataforma de compra de ingressos, caso contrário não há como acessar o estádio. A entrada é feita com o próprio rosto, não há bilhete físico ou online. Com isso, o executivo explicou como se deu essa ajuda às autoridades.

- Nosso sistema identifica todos os torcedores que entram no estádio por meio da biometria feita no cadastro dos mesmos. Nesse caso específico do suspeito da morte da torcedora do Palmeiras, colaboramos com a policia enviando todas as fotos da entrada dos torcedores suspeitos, batendo com o horário de entrada de cada um. Com isso, conseguimos identificar exatamente a pessoa suspeita e a hora que ela entrou no estádio com o registro fotográfico do momento da entrada.

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Ainda que a tecnologia tenha se mostrado importante para a sociedade no sentido de ajudar os agentes de segurança pública, uma das preocupações dos torcedores em relação a esse sistema é a gestão dos dados armazenados pela empresa, já que ali ficam informações pessoais importantes de cada pessoa que se cadastra na plataforma. Ricardo Cadar entende o receio, mas trata de tranquilizar os usuários.

- Sabemos que a face é um dado sensível e tem que ser tratado com total proteção e transparência, por isto, trabalhamos com os mais altos e rígidos padrões de LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) brasileiro. A coleta, o tratamento e o armazenamento dos dados estão assegurados e se baseiam nos conceitos de clareza e consentimento da guarda de informações. Somos auditados periodicamente e temos o mais alto padrão de segurança em relação aos dados dos usuários.

Palmeiras - Allianz Parque
Sistema foi implementado no início deste ano no Allianz Parque (Foto: Alexandre Guariglia / Lancepress)

E é bom que os demais torcedores em todo o país fiquem espertos para a chegada da tecnologia, pois logo logo todas as arenas com capacidade para mais de 20 mil pessoas terão que, obrigatoriamente, implementar a biometria facial. A questão virou lei desde junho, quando passou a valer a nova redação da Lei Geral do Esporte.

- Com a Lei Geral do Esporte não existe uma tendência, existe uma exigência de implementação de sistema de acesso de biometria facial em todas as arenas com mais de 20 mil torcedores. Todas elas têm até dois anos, a partir de 15/6/2023, para estarem operando com esse sistema - concluiu o CEO Ricardo Cadar.

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Confira outros trechos da entrevista com o CEO da empresa responsável pela implementação da identificação facial no Allianz Parque:

Qual o balanço que a empresa faz sobre a implementação do sistema de identificação facial no Allianz Parque?

Iniciamos uma revolução nos acessos e segurança aos estádios de futebol, que foi postergada por anos e que foi antecipada pelo Palmeiras, por percepção, pela direção do clube, da importância e respeito que a torcida merece. Acredito que uma das maiores conquistas tenha sido o fim do cambismo e a agilidade na entrada durante o acesso ao estádio, uma das maiores queixas dos sócios-torcedores. Conseguimos diminuir esse tempo, um gargalo que incomodava muito o clube. De sete pessoas por minuto via QRCode, como era antes, passamos para uma média de 18 pessoas por minuto via biometria facial, já que a leitura da face acontece com muito mais rapidez.

Já há uma noção do quanto o cambismo foi afastado do Allianz Parque nesse período?

Ao analisarmos o desafio proposto pelo clube detectamos diversos problemas que nossa solução poderia resolver. Mesmo tendo prioridade na aquisição de ingressos, os sócios-torcedores enfrentavam problemas na aquisição devido aos cambistas que compravam antecipadamente. Além disso, a quantidade de ingressos falsos era muito grande, já que após a compra eles replicavam e revendiam o bilhete como sendo verdadeiro. Por fim, o sistema de QRCode, não conseguia inibir a falsificação e o clube não conseguia ter controle sobre quem era o torcedor, por não ter seu cadastro, uma vez que o ingresso era impessoal. Isso começou a afetar o clube, que começou a ter uma queda no número de sócios-torcedores. O cambismo no Palmeiras é coisa do passado. Não há possibilidade de os cambistas burlarem o sistema.

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