Joel Santana revela ponto fraco do Mamelodi e dá a receita para o Fluminense vencer
Profissional passou pelo Tricolor e África do Sul na carreira

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Joel Santana não tem dúvidas: se entrar sério, o Fluminense vence o Mamelodi Sundowns e garante vaga na próxima fase do Mundial de Clubes. O ex-técnico do Tricolor e da seleção da África do Sul é voz autorizada para analisar o confronto que reúne duas escolas que ele conhece como poucos. Direto, como de costume, ele dispara — relaxamento e futebol não combinam.
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O duelo, que acontece nesta quarta-feira (26), é decisivo. O Fluminense avança com uma vitória, podendo ser primeiro ou segundo, dependendo do resultado do Borussia Dortmund contra o Ulsan. Se empatar, garante a liderança apenas se os alemães não vencerem. Mas, em caso de derrota, só segue no Mundial se o Borussia também perder e não tirar a diferença no saldo de gols. Qualquer outro cenário elimina a equipe brasileira.
— Esse tipo de competição a gente não pode dar oportunidade ao azar. Se o Fluminense entrar sério — vou falar mais uma vez — do jeito que joga, do jeito que está jogando, se o Renato botar o time que tem que ser colocado, o time que terminou o último jogo... um time guerreiro, agressivo, lutador, brigador, que desde que os jogadores entraram fizeram gol em cima, buscando essa vantagem... O Fluminense vai vencer. Não vai ser zebra, porque o Fluminense vai ganhar o jogo, e vai ganhar com uma vantagem boa — disse Joel Santana em entrevista ao Lance!.
Do outro lado está o Mamelodi Sundowns, maior campeão da África do Sul, dono de 17 títulos nacionais e uma Liga dos Campeões da CAF, conquistada em 2016. Conhecido como The Brazilians pelo uniforme amarelo e azul, o clube é uma potência regional, mas ainda busca se afirmar no cenário global.
Joel conhece bem o ambiente. Foi comandante da seleção sul-africana entre 2008 e 2009, após ser indicado por Carlos Alberto Parreira, e teve papel importante no desenvolvimento do futebol local, levando os "Bafana Bafana" até a semifinal da Copa das Confederações de 2009. Pelo Fluminense, acumula três passagens, incluindo o histórico título carioca de 1995, com o inesquecível gol de barriga de Renato Gaúcho. Assim, com autonomia para falar dos dois clubes, o “Papai Joel” quer esquecer o favoritismo, mas aponta no Tricolor Carioca.
— Não, depende. O favoritismo no futebol... eu não gosto de falar dessa palavra, não, porque nem sempre acontece aquilo que a gente gosta. Mas o Fluminense vai ganhar porque tem mais time. E pelo menos o Fluminense levou um susto no último jogo porque entrou muito relaxado. Já falei: relaxamento e futebol não andam juntos. Se jogar normal, natural, vai ganhar. O time deles é bom do meio para frente, mas é desorganizado atrás. O Fluminense vai ganhar. Tomara que seja 3 a 0 — aponta.

Até o momento, o Mamelodi Sundowns disputou dois jogos na competição: venceu o Ulsan e perdeu para o Borussia Dortmund. A equipe, apesar do bom desempenho ofensivo, sofreu defensivamente, levando quatro gols dos alemães. Analisando o rival, Joel reconhece qualidade, mas enxerga um ponto fraco claro que o Fluminense pode.
— Não penso que os jogadores são bobos, não. O jogador tem talento, mas às vezes relaxa. E é nesse relaxamento que o Fluminense pode chegar lá e aproveitar. São bons jogadores, têm talento, alguns deles têm muito talento, mas às vezes se desarrumam muito, porque vão todos para frente querendo fazer o gol. E é com isso que o Fluminense tem que aproveitar para ganhar o jogo — explica.
Ao comentar sobre o desenvolvimento do futebol africano, Joel exibe um tom crítico. Para ele, a tentativa de copiar modelos europeus estagnou o crescimento.
— Quando nós estávamos lá, sim, o futebol estava crescendo. Você não pode esquecer que quem me levou para lá foi o Parreira. Eu, Parreira e outros treinadores que estavam lá nessa época — Ivo, Jairo e outros profissionais de bom tamanho e, acima de tudo, conhecedores do futebol brasileiro — levamos a escola brasileira para lá. Tanto que eles não jogam igual aos europeus. Qual é a entrada do europeu? O europeu quer botar um tipo de futebol, que nem estão querendo botar agora, de marcação, passe de bola, essa porcaria toda, e não dá certo. Por isso que o futebol não desenvolveu mais ainda — comenta.
— No futebol você não aprende da noite para o dia. Precisa de mais rodagem, precisa ter jogos internacionais, fora de lá, para conhecer. Tem que vir mais ao Brasil, como a gente vinha no Brasil para aprender a jogar. Tem um ditado que diz: “Jogar para aprender a jogar”. E eles só ficam naquela zona lá. E agora, com técnico europeu, o técnico europeu vai querer jogar na Europa, e com isso não desenvolve o futebol deles. O futebol fica preso, porque eles têm mais a cadência do sul-americano do que a cadência dos europeus — segue.
Mesmo assim, Joel faz um alerta. O futebol, cada vez mais globalizado, não permite mais que se subestime ninguém. A velha máxima de que “não existe mais bobo no futebol” nunca fez tanto sentido como agora.
— Nós estamos vendo todas as escolas, de todos os países que estão jogando a competição, e já tá aparecendo alguma surpresa. Eu acho bom as escolas, principalmente a europeia e a sul-americana, ficarem de olho nessa competição, que futuramente a coisa vai dar zebra, hein?! — brinca Joel Santana.

Até aqui, o desempenho dos brasileiros beira a perfeição. O Fluminense, jogando melhor, empatou com o Borussia Dortmund e venceu o Ulsan, dependendo apenas de si para avançar. O Palmeiras empatou na estreia com o Porto e venceu o Al Ahly por 2 a 0, também com o caminho nas próprias mãos. O Botafogo, dono de uma das atuações mais marcantes do torneio, superou o Seattle Sounders e, em um jogo histórico, derrotou o PSG. Já o Flamengo despachou o Esperance e o poderoso Chelsea, ficando muito perto de garantir a vaga na próxima fase.
Joel, no entanto, não encara como “surpresa” os resultados dos brasileiros. O treinador exalta a força do futebol nacional e reforça a confiança de que, mesmo em um cenário cada vez mais competitivo, o país pentacampeão do mundo ainda sustenta uma hegemonia difícil de ser quebrada.
— Eu nunca tive surpresa com o futebol brasileiro. Eu já falei no começo da competição: nós somos pentacampeões do mundo. Poxa, se nós temos cinco campeonatos mundiais... Eu respeito todos, todos os países, todos os continentes, mas o futebol brasileiro ainda é o melhor e vai continuar sendo o melhor por muito tempo — concluiu.
Atualmente, Joel Santana atua como comentarista no Canal do Joel, no YouTube, que tem 80 mil inscritos e busca alcançar a marca de 100 mil.
Joel Santana pela África do Sul
- 27 jogos 10V | 3E | 14D
- 41% de aproveitamento
- 25 gols marcados (0.9 por jogo)
- 30 gols sofridos (1.1 por jogo)
Joel Santana pelo Fluminense
- 56 jogos 20V | 17E | 19D
- 46% de aproveitamento
- 67 gols marcados (1.2 por jogo)
- 61 gols sofridos (1.1 por jogo)
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