NFL com Lacalle: a moda e o futebol americano andam lado a lado e o público quer isso
A NFL se porta fora dos campos, mas é preciso atenção para não deixar o jogo de lado

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A NFL virou uma grife. E não estou falando só das marcas de roupas licenciadas.
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Hoje, mais do que entender o que é uma formação Nickel, o fã médio quer saber qual boné o Travis Kelce usou no jogo de domingo. A estética anda lado a lado com o esporte. E, sejamos sinceros, a liga sabe disso e capitaliza como ninguém. O problema é que, nessa equação bilionária de branding, conteúdo e "collabs", o futebol americano não pode começar a parecer cada vez mais pano de fundo. E sabemos que, em diversos esportes, existem atletas que vão para esse lado de usar o esporte como um detalhe, um acessório.
Não é por acaso que o Super Bowl tem parecido mais o Met Gala do esporte do que uma final esportiva. Em 2024, foram 123,4 milhões de espectadores nos EUA, número histórico. Estive lá e me deparei com personagens como Justin Bieber, as Kardashians, Taylor Swift... todos querem estar no grande palco. Mas a pergunta que fica é: quantos estavam ali pela bola voando no ar e quantos pela expectativa de ver a Taylor Swift beijando o melhor Tight End da liga? Não é crítica à Taylor, que aliás trouxe uma nova audiência à liga e isso é incrível – é só o retrato fiel de uma mudança de prioridade.
A NFL entendeu como ninguém o jogo fora de campo. Está presente em colaborações com marcas de moda, nos trends do TikTok, no reality da Netflix e até nos stories da sua prima que nunca viu um snap, mas agora torce para os Chiefs. O escudo da NFL virou um símbolo cool, não muito diferente dos demais hypados que você vê por aí. Você veste. Você compartilha. Você consome. Só não necessariamente assiste.
Enquanto isso, jogar futebol americano continua sendo um privilégio. E não estou falando só do Brasil, onde falta até grama sintética pra flag. Mesmo nos EUA, o esporte é menos acessível que o beisebol e o basquete. Equipamento caríssimo, risco altíssimo, portas fechadas para quem não está no sistema desde cedo. A NFL se posiciona como liga global, mas seu produto esportivo segue restrito e complexo, por mais que eles se esforcem para continuar estimulando os mais jovens, inclusive em comunidades.
Se a NFL se transformar 100% em entretenimento de lifestyle, sem abrir caminhos reais para o esporte florescer fora do eixo EUA-Canadá, qual será o futuro do jogo? E vejo o Brasil como ponto fundamental para a resposta dessa pergunta. Sim, somos importantes terras para a maior liga esportiva do mundo.
Aliás, a moda passa. O jogo, se bem cuidado, fica.
Mas para isso, precisa sair da vitrine e usar bem os seus modelos.
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