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Lauter no Lance!: O Legado de Paris – Análise sobre o resultado do Brasil em 2024

Delegação brasileira fez campanha realista em Paris

Olimpíadas de Paris
imagem cameraJogos Olímpicos de Paris em 2024 tiveram campanha brasileira dentro das expectativas (Dimitar Dilkoff / AFP)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 15/08/2025
10:37
Atualizado há 2 minutos

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Como diria Ernest Hemingway, sempre após retornar à Cidade Luz, voltando de suas eternas lutas e guerras, Paris foi uma festa!

Sim, a festa máxima do esporte mundial, pode celebrar a, questionável, paz, e a nem tanto, humanidade, pelas ruas e arenas esportivas de Paris, em 2024. Mas, será que podemos fazer o mesmo? Como foi, afinal, a nossa campanha olímpica?

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Podemos dizer, sem erro, que foi uma campanha realista, dentro do que aparentava acontecer, pelo histórico das competições internacionais em que nossas equipes estiveram presentes entre 2023 e julho de 2024, e pela análise dos quadros de medalhas e de performance de cada modalidade, dos últimos 32 anos. Mas sofrendo algumas distorções, quando eram analisadas pela torcida, imprensa e até por órgãos esportivos oficiais, que acabavam gerando expectativas fora da realidade. O estudo dos quadros de medalhas desde Barcelona 1992, até Paris 2024, geravam informações bem parecidas com a análise de performance esporte-a-esporte nos traziam:

  1. As chances de OURO seriam menores do que as 7 medalhas de ouro de Tóquio 2020 e Rio 2016. Teríamos de 4 a 5 ouros. Mais alto do que a média histórica de 1992/2020, mas abaixo dos ouros de Rio 2016 e Tóquio 2020. Este “soluço” no Rio e Tóquio já era esperado, pois é um “soluço” histórico, por conta do efeito “jogar em casa” de 2016, e pelo benefício de 2 ciclos olímpicos completos de reparação em excelência (2012/2016 e 2016/2020). Este foi o motivo das 7 medalhas de ouro, em cada uma das duas edições olímpicas. Portanto, a retração em Paris, já que nenhum projeto nacional de grande porte ou impacto aconteceu, também já era esperada. Seria, na maioria dos casos, uma boa delegação, mas envelhecida em 8 anos, pois não houve grande processo de renovação, nas principais modalidades, aquelas que distribuem maior número de medalhas.
  2. Alguns atletas, ou equipes, que foram apontados previamente, como favoritos ao ouro, mas, na verdade, sob análise de performances acumuladas, estariam distantes deste objetivo, ainda tiveram que suportar o peso de um favoritismo que não existia. Muito peso para tão frágeis ombros!

Este, por exemplo, em Tóquio 2020, foi o caso do Alison dos Santos, jovem atleta de 21 anos na época, (alçado pela imprensa, torcida e desportistas como virtual campeão olímpico) dos 400 com barreiras, que era um dos 3 melhores do mundo, DE TODOS OS TEMPOS (o problema é que seus dois principais adversários, eram os dois primeiros da lista!). Foi uma prova estupenda, inesquecível, onde, os três quebraram o recorde mundial, e se colocaram como os 3 melhores do mundo, desde que o mundo é mundo! E protagonizaram a maior e melhor disputa, tecnicamente, daquela Olimpíada.

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Alison buscou medalha em Paris

O bronze de Alison teve um significado menor para a torcida brasileira, pois lhe foi imposto um título olímpico que ele não era capaz de conquistar, em Tóquio e também em Paris! Alison, como se mostrou um fora de série muito jovem ainda, pode abraçar este atual ciclo olímpico e superar possíveis deslizes técnicos, e enfim, tentar deixar pousar em seu peito a tão desejada medalha de ouro, em Los Angeles 2028. Afinal, dos 3 “grandes tenores” das barreiras, ele é o mais novo e estará no auge da carreira.

Alison dos Santos
Alison ganhou bronze em Paris e se mostrou fora de série ainda jovem (Foto: Martin Bernetti / AFP)

E este fator poderá pesar muito em L.A.28.

  1. Faltam, ao esporte competitivo brasileiro, projetos nacionais de detecção e desenvolvimento de talentos, baseados, PRINCIPALMENTE, na nossa enorme malha de escolas públicas! O esporte de alto rendimento, deve ter o perfil de uma milenar pirâmide, com base muito larga, para ter sucesso na detecção de jovens talentos e sustentar o processo de “subida” para o topo! Enfim, o futuro medalhista olímpico, hoje, corre e brinca nos pátios das escolas, Brasil afora! Também, torna-se fundamental, já que estamos falando de contagem de medalhas, que escolhamos:

1º - Esportes que gerem grande número de medalhas : Atletismo, Natação, Judô, Ciclismo…

2º - Esportes que já sejam íntimos das crianças e adolescentes nos pátios de suas escolas: Handebol, Tênis de Mesa, Natação, Judô, Voleibol e, principalmente um esporte, que é conhecido, com toda a razão, como o ESPORTE BASE, pois a partir de sua prática, pode-se trabalhar todas as valências físicas que todos os outros esportes utilizam para sua prática competitiva!

3º- Utilizar uma mão de obra valiosíssima, os professores de educação física das redes escolares, para que sejam o tiro de largada destes projetos nacionais. Eles já são, naturalmente, capacitados para darem início ao árduo trabalho de fazer com que seus alunos se empolguem e se apaixonem pela prática esportiva, sem pensar, ainda, em medalhas e pódios internacionais, mas, por prazer, por satisfação. Afinal a vida é lúdica! E brincar é viver. Federações esportivas estaduais e Confederações nacionais, poderiam ajudar com equipamentos, organização de torneios regionais, que seriam classificatórios para grandes festivais esportivos nacionais e processo de qualificação, com cursos à distância, com conteúdo unificado. Posso garantir que essa enorme legião de crianças e jovens, passariam seus momentos de ócio ou lazer, menos diante de uma tela, e mais nas quadras, pistas, piscinas, campos e ginásios, aprendendo a viver, e sonhando com o Olimpo.

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Estes tópicos, que não foram gerados por inteligência artificial, e muito menos estupidez real, são compilados de exemplos olímpicos de sucesso, das últimas 3 décadas. E dos 10 países mais bem colocados, 8 deles desenvolveram projetos esportivos de alta qualidade, tendo por base a prática esportiva escolar e difusão de esportes com farta distribuição de medalhas.

A desconfortável colocação brasileira(20ª), teve clara influência da ausência total de medalhas de ouro em modalidades com alto índice de ouro em olimpíadas recentes, como a natação, vela, atletismo e vôlei de quadra.

Porém, a entrada de novas modalidades douradas, como a ginástica artística e algumas novatas, como o surfe e o skate, consegue equilibrar as perdas e nos manter na tímida 20ª colocação (desde 1992, oscilamos, em média, entre 2 e 5 medalhas de ouro por olimpíada, e entre 16ª e 25ª colocação. A 53ª colocação em Sydney ficou por conta da total ausência de ouro em nossa bagagem de retorno!

Já a 12ª e 13ª colocações em 2016 (Rio) e 2020 (Tóquio), foi o tal, bendito “soluço caseiro”, que nos rendeu 7 ouros em cada uma delas. Mas não se deve viver entre soluços e surpresas, afinal, ser potência olímpica é o sonho de todos, principalmente dos gestores esportivos deste nosso enorme rincão tropical. Mas, antes do sonho dourado de sermos uma potência olímpica, não seria pertinente alcançarmos o Olimpo em saúde pública? Ou nos tornarmos uma potência na educação?

Enfim, o que podemos esperar de nosso país em Los Angeles 2028?

Inexperientes de Paris já mostram amadurecimento

Já estamos no primeiro ano do ciclo olímpico 2024/2028, e, aparentemente, os jovens inexperientes de Paris, começam a demonstrar um amadurecimento interessante, nas competições este ano. Mesmo na sofrível participação dos desportos aquáticos há semanas, no Mundial, vimos algumas boas ossibilidades de finais. No atletismo, que terá seu mundial agora, no final deste mês, em Tóquio, que será um ótimo termômetro inicial, de uma equipe enxuta e competitiva. Este ano, pós-olímpico, é sempre assim, repleto de mundiais, para uma tomada de posição depois do “choque olímpico”. Que venham Caio Bomfim e toda a turma da marcha, Alison dos Santos num esperado duelo nos 400 com barreiras e Luiz Maurício, do dardo, brigando também por medalha.

A expectativa, ainda imprecisa, pois falta muito tempo ainda, já indica uma possível quebra dos 7 ouros de 2016 e 2021. Acompanharemos, passo a passo, prova a prova, a construção de nossas equipes. Afinal, Los Angeles é logo ali.

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Lauter Nogueira escreve sua coluna no Lance! todas as terças e sextas. Confira outras postagens do colunista:

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