Diego Hypólito conta em videocast que competiu no Rio com lesões e fraturas
Atleta conquistou medalha de prata no solo apesar das limitações físicas

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Diego Hypólito, primeiro ginasta brasileiro a conquistar ouro em um Mundial e medalhista olímpico, revelou que competiu nos Jogos Olímpicos Rio 2016 com lesões e fraturas na coluna. A informação foi divulgada durante sua participação no videocast "Gigantes para Gigantes", apresentado por Carol Barcellos, nesta quinta-feira (17).
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O atleta detalhou sua trajetória desde a infância marcada por dificuldades financeiras até a conquista da medalha olímpica, passando pelos desafios enfrentados nas três Olimpíadas que disputou.
— Uma data específica me marcou, quando não tínhamos o que comer em casa. Às vezes, nem arroz e feijão. Nesse dia, minha mãe conseguiu uma lata de leite condensado com a vizinha e, com o bico de gás, dissolveu com água, que era do prédio, por isso não foi cortada, e foi o leite que nos alimentou para irmos treinar. Morávamos no Flamengo e treinávamos no clube, que fica na Lagoa. Muitas vezes, íamos andando. Tudo isso me fez valorizar demais os treinos — relatou o atleta.
Diego demonstrou determinação desde cedo. Aos 5 anos já executava movimentos complexos e aos 11 já declarava suas ambições esportivas.
Em Pequim 2008, sua primeira Olimpíada, Diego era campeão mundial no solo e havia se classificado com a melhor nota para a final, mas sofreu uma queda durante a apresentação.
— Eu me lembro que muitas pessoas, até de idade, diziam para eu não desistir. Eu não iria desistir dos meus sonhos, mas cheguei a apanhar na rua porque caí nos Jogos Olímpicos, e isso não é uma coisa que considero natural. Eu não era um criminoso — desabafou durante a entrevista.

Lesões ósseas, fraturas e hérnias
Nos Jogos de Londres 2012, o ginasta competiu com lesões ósseas nos dois pés, estando de muletas na véspera da competição.
— Mas eu nunca desistiria. Estava fragilizado, quebrado por dentro, mas falava para todos que daria certo. Mas eu era cruel comigo mesmo. No fundo, já sabia que não daria — confessou.
Uma nova queda durante a classificatória no solo o levou a pensar no fim da carreira.
— Ali eu falei: acabou minha carreira. Nunca mais terei uma nova oportunidade — relatou.
Além das duas fraturas na coluna, Diego enfrentou oito hérnias durante sua preparação para os Jogos do Rio. O ginasta explicou que o tablado utilizado até 2012 não tinha mola, era rígido e causava grande impacto, contribuindo para suas lesões.
Antes dos Jogos do Rio, Diego conquistou bronze no Mundial de 2014 e pratas em etapas da Copa do Mundo em 2015, todas no solo. Para se classificar para os Jogos Olímpicos do Rio, obteve a nota 15.500.
— Sei que existia uma conspiração contra mim, de as pessoas não acreditarem que eu seria medalhista olímpico. Eu me classifiquei para os Jogos do Rio porque tinha um dirigente do Comitê Olímpico Brasileiro que acreditava em mim. E o Henrique Mota, hoje presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, também. Mas o público brasileiro foi muito decente comigo, por mais que alguns não torcessem a favor. Consegui minha vaga para mais uma Olimpíada, com a nota 15.500 — disse Diego.
Sobre sua apresentação nos Jogos do Rio, o ginasta afirmou:
— Eu só queria ficar de pé, só queria acertar.
Após classificar-se para a final com a quinta melhor nota, expressou:
— Não acredito que estou na final no Brasil, diante da minha torcida e da minha família!.
Diego descreveu os momentos antes de sua apresentação final:
— Lembro que, quando subi os degraus, minhas pernas estavam tremendo. Ajoelhei nessa hora e fiz a mesma coisa que fiz no Mundial de 2014: eu me xinguei. E disse para mim mesmo: você merece estar aqui, não seja idiota, vai lá e faz a sua parte. Quando levantei, sabia que acertaria minha prova. Minha primeira acrobacia foi a que caí de cara em Londres. A segunda, a que caí de bunda em Pequim. Enfrentei todos os meus fantasmas. Fui medalhista e vi ali que tudo é possível.
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Após sua carreira esportiva, Diego tornou-se empresário, criou seu instituto, passou a dar palestras e está prestes a estrear um programa dirigido por Marlene Mattos. Durante a pandemia, enfrentou dificuldades financeiras.
— Quando as pessoas leem minha biografia acham ela triste, mas digo que ela é real —, afirmou o atleta durante o videocast.
Sobre as dificuldades financeiras enfrentadas posteriormente, o ex-ginasta declarou:
— Perdi tudo, menos minha saúde, o que me fez voltar a trabalhar.
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