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Integridade no Esporte: Por que a educação é prioridade

Diretor de integridade da Sportradar traz reflexões sobre o mercado de apostas

Felippe Marchetti
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 20/10/2025
17:18
Mercado de apostas esportivas cresceu de forma impressionante no Brasil
imagem cameraMercado de apostas esportivas cresceu de forma impressionante no Brasil

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Para quem ainda não me conhece, sou Felippe Marchetti, diretor de integridade da Sportradar na América Latina. A partir de agora, estarei aqui uma vez por mês para trocar reflexões sobre temas que impactam diretamente o esporte. E nada melhor do que começar falando sobre algo que sempre fez parte da minha trajetória, tanto acadêmica quanto profissional: a educação.

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O futuro do esporte depende da educação em integridade

O mercado de apostas esportivas cresceu de forma impressionante no Brasil. O futebol, paixão nacional, ganhou uma conexão ainda mais forte com esse setor — e, junto com as oportunidades, surgiram riscos sérios. A manipulação de resultados deixou de ser um problema distante e virou uma ameaça real.

Quem mais sente os impactos são os atletas. Muitos ainda jovens e sem preparo financeiro ou emocional ficam expostos a pressões externas e se tornam alvos preferenciais de quem tenta corromper o jogo. Por isso, a educação em integridade não é detalhe — é prioridade. Sem ela, não há futuro sustentável para o esporte.

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Prevenção começa com educação

Quando se fala em integridade, o debate costuma girar em torno de punição e investigação. São etapas importantes, mas não bastam. O combate precisa começar antes, com prevenção — e prevenção só existe com educação.

É esse o foco do trabalho da Sportradar. Entramos nos clubes, conversamos com atletas e comissões técnicas, mostramos exemplos reais e explicamos, de forma prática, como agir diante de uma abordagem suspeita.

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Nos últimos meses, essa frente ganhou força e se espalhou pelo país. Realizamos workshops de integridade com atletas do futebol masculino, feminino e sub-20, em parceria com as casas de apostas patrocinadoras dos clubes. America-RJ, Bangu, Ceará, Corinthians, Criciúma, CRB, CSA, Grêmio, Internacional, Juventude, Mirassol, Náutico, São Paulo e Vitória estão entre os participantes.

O trabalho também se estendeu ao projeto educacional da Sportradar com a CONMEBOL, que leva o tema da integridade às dez Associações Membro da América do Sul. No Brasil, a edição aconteceu em outubro, na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), reunindo autoridades, atletas e árbitros.

Felippe Marchetti (de branco), da Sportradar, falou sobre manipulação de apostas
Felippe Marchetti (de branco), da Sportradar, falou sobre manipulação de apostas (Foto: Marcio Dolzan/Lance!)

Além do futebol

A educação em integridade já alcança outras modalidades. Em parceria com a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), conversamos com todos os atletas de vôlei de praia durante a etapa de Brasília. Nos e-sports, treinamos a equipe da Vivo Keyd.

Também ampliamos o foco para outros protagonistas: realizamos workshops exclusivos para árbitros em Minas Gerais e lançamos uma plataforma online com as federações do Sul, ampliando o acesso ao conteúdo. A Federação Paranaense de Futebol, por exemplo, já treinou mais de 5 mil pessoas em 2025.

Parcerias que fazem a diferença

Ninguém vence essa batalha sozinho. As parcerias com o Ministério do Esporte, Ministério da Fazenda, Polícia Federal, Ministério Público de Goiás, CBF e CBV têm sido decisivas. Unimos tecnologia, experiência prática e legitimidade institucional para monitorar competições e agir rapidamente.

Os resultados são concretos: em 2024, o Brasil registrou 48% menos partidas suspeitas de manipulação do que em 2023 — um sinal de que o trabalho conjunto está funcionando.

Foco nas pessoas

No fim, tudo se resume a pessoas. Meninos e meninas que sonham em viver do esporte e muitas vezes não estão preparados para lidar com as pressões do entorno. Eles precisam estar no centro das ações.

Se queremos um esporte limpo e confiável, precisamos oferecer informação, segurança e voz a esses jovens. Educação em integridade não é custo — é investimento no futuro dos atletas, na credibilidade das competições e na confiança do torcedor.

Criar uma cultura sólida de integridade é um processo de longo prazo, mas indispensável para que o crescimento das apostas no Brasil aconteça de forma responsável — e para que o esporte continue sendo motivo de orgulho e paixão.

Integridade no Esporte, com Felippe Marchetti

Felippe Marchetti, Doutor em integridade e medidas anticorrupção no esporte. Atua como Diretor de Integridade da Sportradar na América Latina.

*Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!

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