Futebol Nacional

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

‘Pelé tinha ideias fantásticas em campo’, recorda zagueiro do Uruguai na Copa de 1970

Melhor defensor do Mundial do México e presente em lance histórico do 'Rei' na semifinal, Ancheta detalha ao L! amizade que se estendeu a duelos entre Santos e Grêmio

Ídolo do Grêmio lembra brincadeira do 'Rei': 'Dizia 'me estragaste o gol'' (Reprodução/Instagram Atilio Ancheta)
Escrito por

A maneira como Pelé inspirou gerações é nítida até ao falar com jogadores que tentaram pará-lo. Zagueiro que marcou época no Grêmio e também defendeu o Uruguai na semifinal da Copa do Mundo de 1970, contra a Seleção Brasileira, Ancheta opinou ao LANCE! sobre o que o "Rei do Futebol", morto na quinta-feira (29), aos 82 anos, deixa como lembrança.

+ Títulos, gols, cinema, música e mais: Pelé em vida e obra

- O respeito pelo esporte, mas principalmente o respeito pela torcida, pelo público. Foi um jogador que sempre se empenhou ao máximo em campo. Sempre tivemos muito respeito um pelo outro e ele respeitou o próprio esporte que gostou de fazer - disse.

Ancheta recordou alguns momentos nos quais viu Pelé como adversário atuando pelo Santos.

- Desde o período no qual defendi o Nacional (URU), nos enfrentamos e tivemos um respeito mútuo. Sinceramente, por mais que tenhamos na história um Zico, Maradona, Eusébio e, mais recentemente, em Messi, não haverá um jogador igual a Pelé. Ele era um jogador que conduzia a bola e tinha pensamento rápido ao mesmo tempo. Foi sempre um jogador dificílimo de marcar - constatou.

+ Filha de Pelé revela bastidores do Rei do Futebol na Copa do Mundo

O ex-zagueiro detalhou como se preparou para tentar conter Pelé quando o Uruguai enfrentou o Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 1970.

- Eu recebia muitos conselhos do Emilio Alvarez (zagueiro do Uruguai nas Copa de 1962 e 1966), que havia enfrentado o Pelé em diversas competições. E o Emilio alertava sempre: "Pelé adora jogar futebol, não adianta apelar para a força". Você precisava jogar futebol contra ele porque Pelé era muito técnico, gostava de ser mais rápido que o marcador. Tive oportunidade de jogar também contra Eusébio (Ancheta enfrentou o atacante de Portugal em um torneio na Argentina), mas Pelé foi inegavelmente superior - afirmou o uruguaio, que após pendurar as chuteiras foi técnico e hoje é cantor.  


Ancheta esteve em um dos mais marcantes gols "que Pelé não fez". Após o "Rei do Futebol" receber um lançamento, passou por Mazurkiewicz com um fenomenal drible da vaca e concluiu. O chute, porém, acabou indo para fora.

- O Tostão lançou a bola e o Pelé teve aquela ideia fantástica de dar o drible de corpo no Mazurkiewicz. Só que nesse momento eu tinha corrido para a pequena área, tinha tentar evitar que ele chutasse. Fui o mais rápido que pude. Quando ele viu, quis dar um chute que não desviasse em mim. Na hora que a bola dele veio, quis me atirar. Só a senti passando pertinho do meu calcanhar. Acho que ele não esperava que tivesse alguém no gol. Foi um momento muito importante da nossa história - recordou

A Seleção Brasileira venceu o jogo por 3 a 1 e, pouco depois, conquistou o tricampeonato mundial. Mas esta, que é uma das mais plásticas jogadas feitas por Pelé, ajudou a render momentos de descontração entre o "Rei" e Ancheta.  

- Foi importante para selarmos ainda mais a amizade. Logo depois aceitei a proposta de jogar no Grêmio e nos enfrentamos várias vezes. Quando nos enfrentávamos, ele sempre brincava "me estragaste o gol, me estragaste o gol!". Sempre que nos encontramos ele lembrava de dizer isso, era muito engraçado  - e acrescentou:

- Sempre que dou palestras para atletas no Grêmio, falo sobre isso. Acima de tudo, eles têm de ter respeito pelo adversário, jogar de maneira leal - complementou o uruguaio, que foi eleito um dos melhores defensores do Mundial de 1970.

Ancheta é categórico ao definir o  "Rei do Futebol".

- Pelé era um jogador com ideias fantásticas, que davam um "tchan" ao futebol. Hoje é um jogo com muitos toques, muito combate... É muito difícil ter alguém igual a ele surgindo - garantiu.