Gestão Esportiva na Prática: O ciclo infinito dos protagonistas do futebol
Salvadores da pátria, heróis, vilões e de volta ao começo

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A guilhotina do futebol brasileiro segue afiada e sem a menor demonstração que mudará em 2025. Em oito rodadas da Série A, sete demissões de treinadores: Mano Menezes – Fluminense (1ª rodada); Pedro Caixinha – Santos (3ª rodada); Gustavo Quinteros – Grêmio (4ª rodada); Ramón Díaz – Corinthians (4ª rodada); Fábio Carille – Vasco (6ª rodada); Pepa – Sport (7ª rodada); e Fábio Matias – Juventude (8ª rodada).
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Poucos ecossistemas cobram tanto sangue quanto o nosso futebol. Volatilidade, hostilidade e alta pressão fermentam um caldo que precisa, invariavelmente, de protagonistas. Eles chegam como salvadores, viram heróis na vitória e, na primeira sequência de tropeços, transformam-se em vilões dignos de decapitação pública. Depois de algum tempo, às vezes meses, às vezes semanas, são levados à posição de mártires e o ciclo recomeça, como um rito silencioso que mantém o espetáculo aceso.
Durante décadas, o giro da guilhotina mirava quase sempre na cabeça dos treinadores. Hoje, a lâmina é mais democrática: corta também diretores executivos — que mal assinam o crachá — e jogadores, descartados antes mesmo de terem tempo de virar um campeonato em má fase. A idolatria dura um stories; a crucificação, um trending topic.
Quando as SAFs invadiram o mercado brasileiro (já são mais de uma centena delas, espalhadas pelo país), muitos apostaram que a lógica empresarial traria previsibilidade, blindaria projetos e deixaria a guilhotina emocional esquecida em algum lugar embaixo das arquibancadas. Ledo engano. A cartola trocou o linho pelo dry-fit, mas o velho instinto sobreviveu: ainda se empilha expectativa em cima de um nome e se joga o mesmo nome aos leões na virada seguinte. Mudou o cenário; permaneceu o script.
O futebol precisa desses ciclos
A verdade é que lutar contra essa lógica é uma perda de tempo e de energia estratégica. O futebol, em sua essência cultural brasileira, precisa desses ciclos para se manter vivo, pulsante, relevante. O desafio para nós, gestores, é entender essa dinâmica, preparar-se para ela e não perder o foco no que realmente importa: construir clubes mais fortes, mais organizados, mais resilientes à montanha-russa emocional que é típica do nosso futebol.
Para os gestores esportivos, entender e aproveitar essa dinâmica é uma ferramenta estratégica fundamental. Em um mercado onde a narrativa se cria tanto dentro quanto fora de campo, saber gerir a imagem dos protagonistas do clube é imprescindível para manter a competitividade e fortalecer a marca.
Quem domina essa gangorra prospera. Ajusta contrato, protege imagem, controla vazamentos, antecipa crises. Sabe que um herói bem gerido vende camisa, mas um vilão mal cuidado afunda patrocínio. Navegar entre o aplauso e a vaia, entre a manchete de euforia e a de escárnio, é a arte que separa os profissionais que vivem do futebol daqueles que apenas sobrevivem a ele.
Em resumo: não lute contra o enredo — escreva-o melhor.
1.🏟️ No futebol brasileiro, heróis e vilões mudam de rosto. Entenda como navegar nesse ciclo.
2.⚡ Gestores que sobrevivem no futebol são os que entendem a montanha-russa emocional.
3.🧠 Não tente mudar a cultura do futebol. Aprenda a liderar dentro dela.
4.🔥 O ciclo implacável do futebol: salvadores, heróis, vilões... e de volta ao começo.
5.🏆 Por que mesmo as SAFs não conseguiram quebrar a cultura emocional do futebol?
6.📈 Gestão no futebol: é possível ser racional em um ambiente de paixão?
7.🛡️ O segredo da liderança no futebol: não é resistir à emoção, é saber administrá-la.
8.🎯 Salvador hoje, vilão amanhã: o jogo invisível que todo gestor de futebol precisa entender.

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