CBF vê ‘navio afundando’ e reforça criação do fair play financeiro
Vice da entidade compara situação dos clubes a do Titanic

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A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acredita que o cenário atual do futebol no País cria as condições necessárias para implementar um sistema de fair play financeiro. A avaliação é do vice-presidente da entidade, Ricardo Gluck Paul, que participou do Fórum Sustentabilidade em Campo, nesta segunda-feira (4), em São Paulo, e defendeu que o controle financeiro dos clubes é hoje a pauta mais urgente da estrutura do futebol nacional.
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— Com essa nova CBF, eu queria comentar só essa questão financeira, porque realmente é muito importante. Quando se fala de sustentabilidade, ficar muito ancorado no meio ambiente, esquecer de outros pilares importantes... A gente precisa de uma estratégia nacional para conter a dívida dos clubes brasileiros e a gente criar um ambiente mais sustentável — declarou o dirigente.
Ricardo está à frente do grupo de trabalho que vai conduzir a elaboração de um modelo de fair play financeiro no Brasil. A comissão reúne os 20 clubes da Série A, 13 da Série B e representantes de dez federações estaduais. A primeira reunião está marcada para a próxima segunda-feira (11), no Rio de Janeiro. O plano é que, em até 90 dias, o grupo apresente um relatório com as diretrizes do sistema, que depois será submetido à presidência da CBF para definição sobre a forma e o cronograma de implementação.
— Em 2019 já se falava de fair play financeiro, em 2019 existia já um plano de contenção de gastos, de controle, porque já se enxergava para onde o futebol brasileiro estava indo. A gente tem uma característica aqui diferente. Porque quando os clubes europeus se endividaram, e lá foi necessário fazer o fair play financeiro, você tinha uma dívida com juros de 1%. No Brasil, com juros de 15%, é um problema 15 vezes maior. Então naquela época já tinha um plano, já tinha uma estratégia para implementar o controle de gastos, e isso não foi feito — afirmou.
CBF pretende que fair play financeiro vigore a partir do próximo ano
A expectativa da CBF é implementar o sistema a partir de 2026, mas Ricardo reconhece que será necessário estabelecer uma transição em etapas, com fases iniciais, intermediárias e posteriores, permitindo aos clubes se adaptarem progressivamente ao novo modelo de gestão.
— É como se naquela época a gente estivesse vendo o Titanic indo para o sentido do iceberg, e a gente tivesse como desviar do iceberg. O que muda é que ao não implementarmos esse modelo de 2019, hoje a gente chocou com o iceberg, o navio está afundando — comparou Gluck Paul, para depois seguir na metáfora.
— O filme mostra grupos com dois comportamentos, quem escolheu tocar música e aguardar o navio afundar, e quem tentou jogar uma boia, salvar pessoas. A gente já está nesse meio caótico. Então a CBF escolhe nesse momento enfrentar com coragem, jogar a boia. Digo com certeza que essa é a principal pauta do futebol brasileiro hoje.

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