Homônimo de traficante, meia boliviano relembra causos de passagem pelo Brasil
Recusa ao Flamengo, barrado em aeroporto e 'drogas no bolso': as histórias de Pablo Escobar, que jogou por cinco anos no Brasil<br>

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Não, a reportagem do LANCE! não encontrou métodos alternativos para entrevistar o famoso traficante colombiano, protagonista da série Narcos. Mas falamos com seu homônimo do mundo da bola.
Atualmente no The Strongest (BOL), Pablo Daniel Escobar Olivetti nasceu no Paraguai em 1978, quando o "verdadeiro" Pablo Escobar já operava o esquema para tráfico de cocaína, porém ainda não era tão conhecido. Naturalizado boliviano, o meia, apelidado de "Ibrahimovic Narigón" no país que o acolheu, ouviu brincadeiras durante toda carreira - além de passar alguns apuros - por causa de seu nome. Porém, arranhando bem no português, Pablo Escobar garante que não carrega em seu RG uma homenagem ao colombiano.
- Sempre perguntaram se tinha acontecido algo. Não tem nada a ver. Meu pai era Escobar e ele botou Pablo para mim. Pronto. Meu pai nesse momento não tinha visto o tema do nome - jura o meia, em descontraída entrevista ao LANCE!.
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Falavam que eu tinha maconha no bolso, eu respondia: "Está maluco para falar isso?" (risos)
Pablo ficou no Santo André até o final do Brasileirão de 2009. Se as promessas de contrato ficarem engavetadas, ao menos, fez grandes "parceiros", como Pablo chama os amigos, no clube, como Marcelinho Carioca. E, claro, é evidente que os brasileiros não pouparam o boliviano da "resenha".
- Todo mundo dava risada de mim pelo "portunhol". Eu não entendia muita coisa. Quando eu perdi a vergonha para falar, falava muita muita besteira, como dizem aí. Os caras davam risada do gringo. Muitos brincavam comigo por causa do meu nome. Para eles, era muito engraçado. Falavam que eu tinha maconha no bolso, eu respondia: "Está maluco para falar isso?" (risos). Me chamavam de gringo maconheiro, começava a ficar bravo, dizia para parar. Se alguém ouvir, o que vai pensar de mim? - lembra Pablo, que afirma, de pé junto, que nunca fez uso de substâncias ilícitas.
Mas o homônimo do traficante colombiano não deu somente risadas por causa de seu nome, o boliviano também passou apuros por ser chamar Pablo Escobar. Em 2006, quando jogava pelo Cerro Porteño (PAR), foi disputar uma partida pela Copa Libertadores contra o Atlético Nacional, da Colômbia, em Medellín, cidade onde ficava a sede do cartel de drogas do famoso traficante. Na chegada ao país, Pablo Escobar - o jogador - foi barrado na alfândega.
- Quando cheguei na Colômbia, começaram a falar: "Pablo Escobar voltou a Medellín". Quando fui passar pela migração e viram meu passaporte, os caras olharam e falaram: "Fique aqui um pouquinho". Eu não entendi nada. Toda delegação do Cerro passou. A diretoria do Cerro perguntou o que estava acontecendo, a migração disse que precisava fazer perguntas, como onde eu morava, se tinha parentes colombianos. Ele já tinha sido morto, agora ele voltou - relembra, aos risos, o "Patrão do Gol".
BATE-BOLA COM PABLO ESCOBAR
LANCE!: O que você acha de ter o mesmo nome que o Pablo Escobar?
Pablo Escobar: Para mim, eu dou risada. Tem uma série chamada o "Patrón do Mal". Teve muita repercussão. Aqui na Bolívia tem alguns jornalistas que falam o "Patrão do Gol", o "Patrão do The Strongest". Eu só dou risada. Não tenho nada a ver com aquele cara.
Você conhece a história do Pablo Escobar?
Lógico, eu vi toda a série. Acabei de ler o livro do filho do Pablo. Fiquei lendo toda a história dele. Aí me dou conta que eu não tenho nada a ver com aquele cara. Fiquei sabendo que tem a série Narcos, mas eu ainda não vi. O cara tem uma história impressionante. Ele dava bicho para jogador, era torcedor do Nacional. Na série, a gente pode ver que ele tinha relação com jogadores. Ele gostava de futebol, mas foi ficando maluco.
Você não tem nenhuma relação com o tráfico, né?
Eu não tenho e nem vou ter. Eu só gosto de fazer gol (risos).
Como te trouxeram ao Brasil?
Eu enviei um DVD de um jogo para um parceiro meu, o Edu. Ele estava aqui com um parceiro na Bolívia. Dei o DVD, foi parar nas mãos de Luiz Taveira. Ele agora tem um rolo aí no Santos. Ele fez muita coisa por mim. Ele viu meu DVD e gostou. Ligou, perguntou se eu gostaria de jogar no Brasil. Ipatinga estava em posição muito ruim. Fez contato com o Ipatinga, chegou a proposta do time, fui emprestado para lá.
Como foi sua adaptação ao Brasil?
Não foi fácil. Eu não falava português, mas conheci muita gente boa que ajudou a gente. Diretoria do Ipatinga não se comportou muito bem nessa época. Em 2008, não consegui pegar salário. Foi ruim por esse lado econômico. Joguei o Brasileirão na Série A, fiz meu primeiro jogo no Maracanã, fiz uns gols aí também. Botei na Fifa uma demanda no Ipatinga, mas o Ipatinga mudou a sede, o nome, deu um rolo, fiquei complicado. Eu vou ficar sem três salários, três ou quatro, que botei na Fifa, mas aí eles mudaram de nome. Joguei de graça no Ipatinga. Hoje dou risada. Graças a que eu joguei, outros times olharam para mim.
Você gostou de jogar aqui?
Gostei muito. Eu e a minha família, do tempo que a gente morou lá, a gente gostou muito do Brasil. Além do futebol, a gente gostou muito de morar lá. Conheci muita gente boa, fui muito bem recebido. A gente gosta muito do Brasil, teve muita amizade feita. A gente vai voltar para ver os parceiros.
Você teve propostas para voltar ao país?
Tive sim. Duas propostas depois que voltei para a Bolívia. Tinha meu contrato aqui com o The Strongest, não me liberaram, mas sou muito feliz aqui. Nesse tempo, não liberaram, fiquei aqui para jogar a Libertadores. Tive proposta do Santa Cruz, com o treinador Sergio Guedes, que tinha me dirigido no Santo André. O outro time era da Série B, mas eu não lembro, mas era do Nordeste.
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